Jantar ou show?

927 Palavras
Era sexta-feira à noite. A cidade respirava a elegância de um fim de semana esperado, e os restaurantes mais requisitados de Boston já estavam reservados desde cedo. Patrick havia escolhido um dos melhores: Mistral, um dos bistrôs mais sofisticados da cidade, com iluminação suave, piano ao fundo e uma carta de vinhos premiada. Um cenário digno da mulher que agora ele fazia questão de apresentar não só como assistente, mas como sua noiva. Lana desceu do carro com o auxílio do motorista particular de Patrick. Vestia um longo azul-marinho de seda que se ajustava ao corpo como se tivesse sido feito sob medida para ela. Cabelos presos em um coque elegante e maquiagem suave. Quando Patrick a viu, seu olhar percorreu cada detalhe com respeito, desejo e orgulho. — Você está absolutamente deslumbrante — disse ele, abrindo um sorriso que a fez esquecer por um momento do mundo ao redor. — E você está… perigoso demais de terno — respondeu ela, de forma provocativa e tímida. Riram juntos enquanto entravam no restaurante. A mesa já estava reservada no terraço superior, com uma vista encantadora da cidade iluminada. Um jantar digno de filme. Risotos trufados, salmão ao molho cítrico, vinho branco gelado… E olhos nos olhos o tempo todo. Mas do lado de fora… Brittany. Encapuzada, dentro de um carro alugado, observava com as mãos tremendo em cima do volante. — Isso não vai ficar assim… — murmurava, com os olhos vidrados em cada passo dos dois. --- Enquanto isso, no terraço... — Patrick, você está me mimando demais — disse Lana, entre um gole de vinho e outro. — Não, eu estou apenas tratando você como merece. E ainda não começamos, Lana. Eu quero que este jantar seja apenas o primeiro de muitos. Quero você comigo em tudo. Casa, empresa, vida. — Ele segurou sua mão com firmeza. — Eu não brinco com sentimentos, e sei o que quero. Não quero apenas ser seu namorado. Eu quero você na minha vida… para sempre. Ela mordeu o lábio, tentando conter a emoção que subia feito maré. Estava apaixonada. E ele estava sendo tudo o que jamais esperou de um homem. — Você está me assustando com tanta intensidade, Patrick. — E você está me dando paz. Então, estamos quites. Eles sorriram. E nesse momento, Patrick pegou uma pequena caixinha do bolso interno do paletó. Não era um anel novo. Era o mesmo anel de noivado que ela já usava — agora simbolizando algo mais profundo. — Esse anel aqui... Eu te dei quando pedi você em noivado. Mas agora quero que ele represente mais. Não só o compromisso. Mas o respeito. A proteção. E tudo que eu serei pra você. Esse anel agora não é um presente. É um pacto. Lana engoliu em seco. Tocou o anel com carinho e sussurrou: — Eu aceito, Patrick. O beijo que selou aquele pacto não foi público. Foi íntimo, discreto e cheio de sentimento. Mas não o suficiente para escapar dos olhos doentios de Brittany, que, ao ver os dois, apertou o volante com tanta força que as unhas cravaram na palma da mão. — Essa v***a. Essa pobretona. Ela tirou tudo de mim. — Estava transtornada. Ligou para alguém. — É hoje. Eu vou acabar com essa palhaçada agora. Quando Lana e Patrick saíram do restaurante de mãos dadas, não perceberam que estavam sendo seguidos. Brittany acelerou discretamente, mantendo distância. Ligou os faróis apenas quando viu o carro deles dobrar para o condomínio onde Patrick morava. Mas ela não sabia... Que na portaria, o nome dela já estava bloqueado. Dentro do apartamento, Lana caminhava descalça pelo piso de mármore, enquanto Patrick colocava uma playlist suave para tocar. A luz baixa do lustre refletia sobre ela como se fosse parte da decoração. — Você quer dormir aqui hoje? — ele perguntou, se aproximando devagar, sem forçar, apenas sugerindo. — Eu quero, mas eu tenho que ligar pra minha mãe. Ela vai ficar preocupada. — Então liga. E avisa que está em segurança. Com seu noivo. Lana sorriu, pegou o celular e se afastou até o quarto de hóspedes. Do lado de fora, porém, Brittany saía do carro aos gritos. Tentou passar pela segurança e foi imediatamente barrada. — EU TENHO QUE FALAR COM ELE! EU TENHO DIREITO! EU JÁ FUI NOIVA DELE! O porteiro, já treinado, manteve a postura firme. — Senhora, a senhora está proibida de entrar. Ordem judicial e reforço empresarial. — VOCÊS VÃO SE ARREPENDER! TODOS VÃO PAGAR! Ela chutou o portão com tanta força que caiu sentada na calçada. Alguns moradores filmaram a cena discretamente. Uma viatura de ronda foi chamada, e Brittany foi retirada sob alegação de perturbação da ordem. A cada grito, ela se afundava mais no ridículo. E cada nova humilhação era assinada por sua própria escolha. --- Enquanto isso, no alto do prédio... Lana voltou para a sala, descalça, com o vestido levemente desalinhado da cintura. Patrick a observava com ternura. — Está tudo certo com seus pais? — Sim. Só pedi pra minha mãe dar um beijo na Alena por mim. — Ela se aproximou. — Agora é só você e eu. Ele a envolveu pela cintura, a conduziu até a varanda e disse: — Então deixa eu ser só seu. Pelo menos por hoje. E por todas as noites que você permitir. O beijo foi demorado. A cidade ao fundo testemunhava, mas a verdadeira cena se dava ali: duas almas que tinham encontrado refúgio uma na outra. E mesmo que o mundo ruísse lá fora, dentro daquele apartamento... só havia amor.
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