O Jantar da Honra

920 Palavras
O restaurante escolhido por Patrick era discreto por fora, mas ao atravessar as grandes portas de vidro, a beleza do salão surpreendia: luzes quentes pendiam do teto como estrelas ordenadas, o aroma de comida refinada envolvia o ambiente, e a grande mesa de madeira maciça aguardava os convidados com arranjos simples, mas elegantes. Era uma noite para celebrar. Para unir mundos diferentes que agora se encontravam pelo amor, pelo respeito... e pela verdade. Lana chegou acompanhada dos pais, Francisco Ferreira Alves e Tereza Ferreira. Lena e Nice vieram juntas com os pais da Elenice, todos ainda emocionados com a homenagem recebida horas antes. — Aqui está nossa mesa — anunciou Louis, puxando uma cadeira com gentileza para Lana, que sorriu timidamente. Patrick estava impecável como sempre, mas havia um brilho nos olhos que transbordava orgulho. Ele se levantou assim que os pais da Lana se aproximaram e estendeu a mão a Francisco. — Senhor Francisco, dona Tereza... é uma honra tê-los aqui. — A honra é nossa, Patrick. — Francisco apertou sua mão com firmeza, emocionado. — Nunca imaginei ver minha filha onde ela está hoje. Patrick sorriu. — E nós somos os maiores beneficiados por isso. Do outro lado da mesa, a mãe do Patrick, uma mulher elegante, de sorriso sereno e olhos que observavam tudo com cuidado, abraçou Tereza como se já fossem conhecidas de longa data. — Fico feliz em finalmente conhecer os pais dessa jovem que conquistou a nossa empresa — disse ela, com gentileza sincera. A mesa foi se completando. Harry, sempre o mais descontraído, elogiava os pratos do cardápio enquanto encantava os pais da Nice com seu bom humor. Louis trocava olhares com a prima ruiva, e Lena ria discretamente da timidez do irmão ao tentar puxar assunto com ela. Quando todos se acomodaram e os pedidos foram feitos, Patrick levantou-se com uma taça de vinho na mão. A conversa cessou aos poucos. — Me permitam algumas palavras — disse ele, olhando ao redor. O silêncio foi absoluto. Lana desviou o olhar, o rosto levemente corado. — Hoje não é apenas um jantar. É um marco. Para esta empresa. Para nossas famílias. E para a história de quem sabe construir um legado com honestidade. Há quinze dias, começamos uma auditoria. O que parecia apenas uma análise técnica revelou uma teia de fraudes que poderiam ter custado não só dinheiro, mas a reputação de tudo o que construímos. Ele olhou para Lana com ternura. — E no centro disso, estava ela. Uma mulher que começou sua trajetória como assistente. Que poderia ter se calado. Mas que preferiu ser a voz da justiça, mesmo quando isso a colocava em risco. Lana não apenas ajudou a empresa a se manter íntegra... ela elevou o padrão do que significa coragem. Lana estava com os olhos marejados. Tereza segurava sua mão debaixo da mesa, e Francisco tentava disfarçar o orgulho nos olhos úmidos. — Quero agradecer também ao senhor Francisco e à dona Tereza. Porque essa integridade não surgiu do nada. Ela foi plantada dentro de casa. E hoje, todos nós colhemos os frutos disso. A mãe do Patrick, sentada ao lado do marido, bateu palmas com delicadeza, dando início a uma salva de aplausos emocionados. — Também quero agradecer ao senhor e à senhora Silva, pais da Nice, por sempre estarem ao lado da Lana como família estendida. Essa união, essa força feminina que elas carregam, mudou a dinâmica da nossa empresa — completou Patrick, fazendo um brinde em direção aos dois. Louis se levantou, animado. — E que fique registrado: a Lana é oficialmente a única pessoa além do meu irmão que conseguiu calar a sala de reuniões sem levantar a voz. Isso, meus caros... é um superpoder. Risos leves preencheram a mesa. Harry piscou para Lena. — E que venham mais mulheres assim. Que brilhem sem pedir licença. Tereza secou os olhos com um lenço. — Eu só quero dizer que... estou muito orgulhosa. E ver minha filha ser tratada com tanto respeito, ao lado de pessoas tão boas, me faz acreditar que a gente fez alguma coisa certa. — Fez sim, mãe — disse Lana, por fim, com a voz baixa, mas firme. — E eu só sou o que sou por tudo o que vocês fizeram por mim. Os pratos começaram a chegar. Risotos, massas e carnes delicadamente preparadas foram servidos com taças de vinho, sucos e refrigerantes. Mas ninguém parecia muito preocupado com a comida. Aquela noite era sobre união. Sobre respeito conquistado. Patrick, por várias vezes, desviava o olhar e ficava observando Lana enquanto ela falava com os pais, com Louis, com Harry. E não era só admiração. Era amor em construção. Real. Firme. — Ela é especial, não é? — sussurrou sua mãe, ao notar seu olhar. Patrick assentiu. — Muito mais do que eu imaginava. — Então não deixe escapar — alertou ela, com um sorriso discreto. — Mulheres como ela... a gente não encontra duas vezes. Ele olhou para a mãe com ternura. — Não pretendo deixá-la ir. Nunca. Mais tarde, enquanto todos conversavam no estacionamento à saída, Francisco se aproximou de Patrick em silêncio. — Obrigado... por tudo isso. — Eu é que agradeço, senhor Francisco. Francisco o olhou nos olhos. — Cuida dela. A Lana tem um coração grande... mas ela é forte porque sempre teve que ser. Ela merece viver leve agora. Patrick apertou a mão dele com firmeza. — Eu prometo. Naquele instante, algo foi selado. Não em contrato. Não em documento. Mas em verdade.
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