— Tudo bem, já trarei o pedido de vocês.
E foi com um sorriso ladino dirigido ao ruivo, que assim que a jovem atendente beta terminou de anotar o pedido dos rapazes, se curvou de forma breve e educada antes de girar nos calcanhares e sair da presença de ambos.
Ato que não passou despercebido por nenhum dos dois jovens, especialmente o de fios azuis, que arqueou uma sobrancelha diante da atitude visivelmente intencional da garota, observando toda a cena.
— Wow, você faz mesmo sucesso, uh?
A fala acabou capturando a atenção do ruivo que, tão espontaneamente quanto ele próprio era, acabou sorrindo. Um sorriso com um "quê" de timidez que não lhe era característica.
— Nem tanto como parece. – riu baixo, de nervoso talvez, umedecendo os lábios, enquanto analisava o mais baixo. — Então… Confesso que 'tô surpreso por ter me chamado aqui…
— Não te chamam pra sair com muita frequência? – acabou indagando, com certo humor, abrindo um sorriso discreto e ladino ao ver o ver que havia deixado o mais novo desconcertado.
— E-eu… N-não é isso, é que… – o Jung acabou abrindo e fechando a boca algumas vezes, sem saber o que responder ao certo enquanto o rosto ganhava um certo rubor.
Só podia estar quebrado, não havia outra explicação.
Jung Hoseok definitivamente não era uma pessoa tímida, longe disso na verdade. Era extrovertido, intenso e não tinha medo de falar o que pensava. Mas havia algo no modo como Min Yoongi o olhava, que o deixava totalmente sem jeito e as palavras simplesmente lhe fugiam.
Não era nada relacionado a sua classe, já que como beta sua presença não impunha nenhum efeito muito forte… Ao menos, não deveria. Mas parecia ser mais complexo e sensível que isso. Era como um dom natural. E acontecia desde a primeira vez que havia colocado os olhos no baixinho quando Taehyung os apresentara.
E num passe de mágica, ia do garoto confiante que era naturalmente, para alguém que tropeçava nas próprias palavras e dizia "Oilá".
— Estou brincando com você. – o menor garantiu, aumentando um pouco o sorriso, a ponto de suas gengivas rosadas ficarem à mostra e os olhinhos miúdos sumirem quase que totalmente, coisa que Hoseok achava particularmente fofo. — Na verdade, eu queria pedir a sua ajuda…
— Eh? – a frase o pegou de surpresa, a ponto de até mesmo esquecer a própria vergonha, olhando o mais velho com curiosidade. — Com o quê exatamente? Aconteceu algo?
— Não, não. Calma. – acabou negando, prontamente. — Na verdade, bom… Taehyung e Jeongguk.
— Oh.
Os dois nomes foram o suficiente para que o assunto em questão fosse entendido, mesmo sem especificações.
Era fato que os dois citados não eram um exemplo no quesito "compartilhar sentimentos", mas como melhores amigos, tanto Hoseok quanto Yoongi entendiam o quão confusos e desajeitados com certas coisas eles eram.
Um silêncio tranquilo se instalou no local assim que a mesma garçonete de minutos atrás se aproximou, agora trazendo as bebidas a porção de batata frita que dividiriam.
O ruivo foi o primeiro a pegar uma delas, levando a boca enquanto os dedos longos da outra mão brincavam com o canudo em seu copo de refrigerante.
— Que bom que falou neles, porque eu realmente gostaria que alguém me explicasse aqueles dois… Quer dizer, no início eu provocava o Tae em relação aquele garoto, só pra tirar ele do sério. Mas então lá estou eu, prestes a finalmente me jogar na cama depois de um dia cansativo, quando então recebo uma mensagem dizendo que estavam presos juntos. Levei um tempo pra processar que não era uma piada. E eu tenho quase certeza de que interrompi algo quando cheguei lá, só pelo clima que ficou. – franziu o cenho, as bochechas cheias enquanto falava, consequentemente fazendo um biquinho não intencional a cada palavra. — Até uns dias atrás estavam pra se m***r, e de repente isso… Seja lá o que "isso" for.
— Pois é… Eu até te explicaria se soubesse, mas sinceramente, aqueles são complicados demais. – suspirou, balançando a cabeça. Com os braços apoiados sobre a mesa, tomou o corpo para frente, capturando o canudinho do seu milkshake entre os lábios, tomando um gole, embora logo também tivesse franzido o cenho. — O Jeongguk não chegou a comentar essa parte de você ter atrapalhado algo…
— O Taehyung também não comentou nada, ele só parecia frustrado e nem falou mais sobre… – ambos trocaram um olhar, antes de suspirarem quase sincronizadamente.
— Tá vendo só? É por isso que eu quero fazer algo.
— Então, o que tem em mente? Você por acaso está querendo bancar o cupido ou…?
— Bom… – Yoongi ficou quieto por um momento, antes de balançar a cabeça de um lado a outro, dando de ombros. — Acho que isso não cabe a gente. Eu só quero dar um empurrãozinho para que eles tenham a chance de se entenderem de uma vez. Tipo, agora ou nunca. Topa me ajudar?
Foi a vez do ruivo ficar em silêncio por um momento, o canudo preso entre os lábios enquanto tomava sua bebida, observando o mais baixo com um olhar indecifrável, ponderando sobre aquilo. Mas nem meio segundo depois estava desocupando a boca, sacudindo a cabeça.
— Me conta o teu plano.
[Delicate]
— Gguk, amor, não esqueça de pegar seu leite de banana, uh?
A voz do mais alto entre seus dois pais despertou o rapaz, que finalmente voltou o olhar ao alfa, piscando algumas vezes algumas vezes como quem acabava de sair de um transe, só então afirmando.
Geralmente não gostava muito de ir às compras quando os pais pediam ajuda, e o fazia apenas por obrigação. Mas sempre acabava sendo agradável ir quando estava na companhia do pai alfa, que diferente do outro sempre fazia todos os gostos do mais novo dos Jeon, o tratando como se ainda tivesse seis anos.
Jeongguk definitivamente era mimado nesse quesito. E não podia negar que adorava.
— Tudo bem, appa.
— Ótimo. – o mais velho sorriu, tenro, na direção do filhote, enquanto acabava de colocar as bandejas com alguns frutos do mar no carrinho. — Fica de olho no carrinho também. Eu vou pegar os morangos do seu pai, antes que esqueça, 'kay? Se não, sabe como ele fica.
O mais novo somente afirmou, com um bico discreto nos lábios, fechando por um momento os olhos quando o mais velho bagunçou seus cabelos, em seguida o observando se afastar.
E logo em seguida estava a suspirar, largando o tronco sobre o carinho, ficando quietinho por um instante antes de enfim criar coragem para conduzir o objeto grande e metálico, já com algumas coisas dentro, na outra direção do supermercado, para a seção onde sabia estar o que queria.
Ao fundo, a melodia baixa de uma música que gostava começou a tocar em som ambiente, e o moreno não evitou mover os lábios sincronizados a letra assim que ela soou, o olhar distraído sobre as prateleiras à procura da sua bebida favorita, que por sinal não demorou a encontrar.
Por baixo da máscara o moreno sorriu vitorioso, embora não tivesse durado nem mais meio segundo assim que notou que a pequena grade com as bebidas doces em que tanto era viciado, entrega tantas outras, estava justamente no topo daquela prateleira.
Fez uma careta.
Tinha um sério preconceito com as prateleiras altas.
Particularmente, com seus 'um e sessenta e cinco' de altura, não se considerava alguém baixinho, e em sua defesa, por essa razão, qualquer coisa suspensa a uma uma altura maior que a sua era praticamente impossível de alcançar. E completamente desnecessário também, afinal qual o objetivo?
Era frustrante.
— Qual é. – resmungou baixinho, tendo deixado de lado o carrinho se aproximando mais da prateleira.
E enquanto se apoiava na mesma com uma mão, a outra era esticada o máximo, como ele próprio estava – nas pontas dos pés – para tentar alcançar, em vão, seu famigerado leite de banana.
Grunhiu baixinho em completa frustração, tanto pelo arrepio sutil que lhe correu quando a barra de seu moletom escuro, assim como a camisa que usava por baixo, levantaram, provocando um choque térmico entre ar frio do ambiente e sua pele quentinha; quanto pela possibilidade de ter de esperar até seu pai – ridiculamente alto, diga-se de passagem – voltar para pegar aquilo para si.
Mas qual não foi a sua surpresa quando, prestes a desistir e aceitar sua derrota – talvez a única que aceitasse – uma presença surgiu atrás, o deixando alerta, antes que um braço surgisse em seu campo de visão, fazendo com que ele piscasse algumas vezes.
Observou a grade de bebidas adocicadas ser pega com uma facilidade invejável, antes que a presença anteriormente atrás de si se colocasse ao seu lado, revelando o rapaz já muito bem conhecido por si, estendendo o que havia pego em sua direção.
Jeongguk levou alguns poucos segundos para processar aquele gesto, enquanto se ajeitava no chão, baixando a barra da roupa e apertando a mesma por um momento.
Hesitou, mas tão logo despertou, o moreno acabou esticando as mãos quase que completamente cobertas pelo moletom, até que alcançasse as bebidas que pegou com certo cuidado, agora mantendo junto do corpo esguio.
— Obrigado…
— De nada. – o Kim respondeu prontamente, umedecendo os lábios, antes de apoiar a mão livre na nuca, desviando o olhar intenso que mantinha sobre o mais baixo. — Coincidência te encontrar… Tudo bem?
Taehyung não sabia explicar como de repente havia virado uma colegial tímida, mas lá estava ele, agindo justamente daquela forma.
— A-ah… Estou sim. Fazendo as compras do mês com meu pai. – respondeu, automaticamente, ao mesmo tempo em que se xingava internamente por sua voz não ter saído tão firme quanto gostaria. Limpou a garganta, desviando o olhar para a cestinha azul que ele carregava na outra mão. — Parece que você também…
— Oh… Pois é, inclusive meu jantar também. – sorriu fraco ao acompanhar o olhar dele, embora um segundo depois estivesse o olhando de novo.
Jeongguk parecia um pouco acanhado, enquanto se aproximava do próprio carrinho até então esquecido, colocando as bebidas ali dentro, não sem antes pegar uma, claro.
— Você sobrevive à base de comida congelada? Isso parece meio deprimente. – disse, com a sinceridade que lhe era natural e sem um resquício de maldade, observando o conteúdo da cestinha e logo o dono da mesma.
Talvez se sentisse nervoso, por alguma razão que até ele próprio desconhecia, a ponto de sentir seu estômago dar voltas estranhas e não saber como falar ou agir, o que fez o moreno ter ímpeto de tomar a bebida ali mesmo, apenas para se manter ocupado.
Estava acostumado a lidar com babacas, ainda estranhava aquela cortesia.
Ainda assim Taehyung achou graça, enquanto assistia o mais baixo perfurar a tampinha do recipiente pequeno com um canudo de tamanho proporcional.
— Bom, essa é a vida do jovem moderno que vive sozinho e não sabe cozinhar nada que seja tido como comestível. – explicou, dando de ombros, afinal já estava habituado.
— Parece pouco saudável também. – murmurou em resposta ao completar, tendo acabado de baixar a máscara antes de levar o canudinho aos lábios, ao que o outro concordou.
Dessa vez, o Kim teve o pensamento rápido de desviar o olhar antes que qualquer pensamento esquisito lhe viesse a mente, como da última vez, embora estivesse muito tentado.
Havia chegado a conclusão, sem muito esforço, de quem Jeon Jeongguk era como um retrato vivo do livre e do selvagem. Bonito demais, magnético e para se apreciar com cuidado, buscando não ultrapassar demais os limites, porque era algo perigoso.
O problema era que ele se sentia tentado a fazê-lo.
— Hm… Taehyung?
A voz baixa e hesitante do mais novo acabou chamando a atenção do Kim, que até então não lembrava de uma só vez que tenha sido chamado pelo garoto, ao menos não daquela forma, que fez uma sensação estranha se instalar em seu peito. Isso associado a cena pura que encontrou quando enfim ergueu o olhar novamente para o garoto, o vendo afastar o canudo dos lábios enquanto colocava uma mecha de cabelo escuro atrás da orelha, parecendo até um pouco acanhado.
— Hm?
— Pode… Pegar outra? – o menor indagou baixo, indicando a prateleira onde havia as grades com as bebidas, estando sem jeito a ponto de sequer olhá-lo, e sim a direção oposta.
Era esquisito pedir aquele tipo de coisa a qualquer pessoa que não fossem seus pais ou até Yoongi, ainda mais a um alfa, porque num geral o faria se sentir dependente e incapaz, coisa que não era. Mas ali naquele momento só sentia uma falta de de jeito absurda que sequer conseguia explicar, mas o inquietava e até cada partezinha do seu íntimo.
Taehyung por outro lado estava surpreso, mais uma vez, enquanto observava o rapaz de feições jovens e tão tranquilas que sequer parecia o garoto impetuoso e petulante que havia conhecido semanas atrás. Mas não era como se não gostasse.
— Claro que posso. – respondeu por fim, antes que se desse conta, cortando aquela linha de pensamentos.
E logo estava a repetir o processo anterior, com uma facilidade que era observada pelos olhos escuros e curiosos.
Jeongguk porém não focou nisso por tempo demais, já que logo em seguida sua atenção se voltou ao olhar que recebia por parte de uma homem de meia idade, que o olhava de cima a baixo, completamente descarado, e sem o menor vestígio de inocência.
E assim que percebeu que Jeongguk o olhava de volta, ao invés de desviar, o homem apenas abriu um sorriso malicioso que fez o estômago do moreno revirar, e não de uma forma boa.
Automaticamente subiu a máscara, instintivamente cobrindo o rosto, embora não houvesse em momento algum desviado o olhar, rosnando baixo.
— Perdeu alguma coisa aqui?
— Wow, o gatinho é atrevido. – o homem, tendo se surpreendido um pouco com a resposta inesperada, acabou abrindo um pouco mais um sorriso. — O leitinho de banana da gostoso? Se qui-
— Eu acho que você não ouviu. – o Kim prontamente, olhando aquela criatura com o cenho franzido. — Ele perguntou se tinha perdido algo aqui… Acho que não. Então melhor cair fora, antes que arrume um problema, parceiro.
A frase, junto de certa troca intensa de olhares, foi o suficiente para que o homem houvesse se afastado e logo seguindo para longe dos dois, arrancando um suspiro do mais alto, que estava com os punhos cerrados.
Qual o nível da cara de p*u? Estava ali do lado e o cara ainda tinha tido a audácia de chegar com aquela conversa? O que faria então se não tivesse ninguém além de Jeongguk ali? Somente a possibilidade o enjoava.
Respirou fundo, olhando o garoto ao seu lado, que agora com sua habitual expressão enfezada, observava o local onde o b****a antes de estava.
— Hey… como… Você está? – a pergunta veio hesitante.
O Jeon só então pareceu despertar, o olhando, logo o potinho que segurava, que no instante seguinte estava dentro do carrinho, inacabado. Não tinha mais estômago pra acabá-lo também.
— Eu podia cuidar disso. Não precisava que saísse em minha defesa.
— Eu sei… mas ele provavelmente não mereceria nem a surra que você daria nele. – o de fios cinza mordeu o interior da bochecha, antes de suspirar. Não estava mentindo, afinal. — Esse tipo de gente… Não vale a pena o estresse. Ele j-
— Está tudo bem por aqui?
A voz grave acabou assustando não só o Kim, mas também o mais novo dos Jeon, que só lembrou que o pai estava por ali quando ambos encontraram o olhar dele, os analisando com estranheza.
Mas não era de se julgar a confusão do Jeon mais velho, afinal aquele tipo de cena era no mínimo inusitada.
Jeongguk prontamente ajeitou a postura, lançando um olhar a Taehyung que dizia claramente um "não diga nada, por favor", antes de olhar o pai, suavizando a expressão.
— Está sim, appa, não se preocupe. – garantiu, enquanto sentia ser abraçado de lado por um Eunwoo protetor que no momento o olhava meio duvidoso, antes de focar no Kim.
— E esse, quem é?
A pergunta pareceu despertar o alfa mais novo que piscou algumas vezes, e antes que Jeongguk pudesse falar a coisa, acabou se pronunciando:
— A-ah… Sou Kim Taehyung. Um… Amigo. É um prazer, senhor Jeon. – desajeitado, ainda assim se curvou educadamente ao seu apresentar, em sinal de respeito.
— Ele é primo do Yoongi hyung, appa. – explicou, vendo prontamente o semblante do mais velho mudar.
— Oh, sim, sim. – afirmou calmamente, antes de abrir um sorriso tranquilo. — O prazer é meu Taehyung-ah. É bom ver que o Jeonggukie andou fazendo novas amizades.
O Kim sorriu em resposta ao concordar, embora mais quisesse rir de nervoso, afinal aquele homem certamente não tinha a menor ideia do contexto caótico que envolvia o primeiro encontro dele e de seu filho, nem de todos que se seguiram.
Se perguntava intimamente se ele sabia o que o filho andava fazendo por aí. Aliás, como aparentava ser tão tranquilo tendo Jeon Jeongguk como seu filho. Era no mínimo curioso.
Mas não tanto quanto o jeitinho manso que Jeongguk mostrava estando ao lado do pai. Não como alguém que fingia ser o que não era. Na verdade, parecia uma criança grande e marrenta, o que era algo fofo de se ver. Talvez porque na maior parte das vezes em que esteve com o Jeon, discursos anti-alfas houvessem sido ditos em bom tom, com muita convicção. Porém, ao contrário do que imaginava, o mais baixo parecia ter uma ótima relação com seu pai alfa.
Havia prejulgado certo demais.
E o Kim nem soube ao certo, mas quando deu por si, já estava acompanhando os dois pelo supermercado enquanto eles acabavam de pegar o restante das coisas que faltavam em sua lista, enquanto o patriarca dos Jeon puxava assunto consigo, perguntando algumas banalidades, como onde ele estudava, ou se costumava fazer compras por ali.
Era um homem simpático e não era difícil conversar com ele, tanto que Taehyung se sentiu bastante à vontade com o mesmo, por mais que de certa forma estivesse um tanto nervoso – o porquê nem ele sabia explicar – como se estivesse sendo avaliado a cada resposta que dava.
— Quanto deu? – indagou baixo a mulher que passava suas compras, não demorando a retirar da carteira a quantia necessária, enquanto olhava para o lado, conferindo os outros dois discretamente, ainda flagrando o olhar de Jeongguk em si, que prontamente desviou ao ser descoberto.
Há pouco haviam acabado, e enquanto Kim conferia suas próprias sacolas, que não eram muitas, o moreno e seu pai aguardavam suas compras serem passadas.
Jeongguk ainda não entendia como haviam chegado até ali. Quando um encontro ao acaso no corredor do supermercado havia levado aquela situação, onde agora saiam juntos do mercado, como se fossem algo rotineiro.
Não era algo r**m, ou desconfortável, mas era tão inesperado que fazia o Jeon sentir um gelo no pé da barriga e um sentimento esquisito rondar seu peito.
— Então… Já vou indo, uh? – o de fios cinza disse, mas como quem informava, indicando certa direção, assim que haviam saído do estabelecimento.
— Oh, tudo bem, Taehyung-ah… Tome cuidado no caminho de volta pra casa, uh? – o senhor Jeon sorriu de forma sutil.
Taehyung não evitou sorrir de volta, afirmando o homem. Em seguida olhou o moreno mais baixo, hesitando um pouco, mas acabando por sorrir para ele também, de forma mínima e erguendo a mão livre num aceno sutil, que para sua surpresa foi correspondido
E ainda com a mão erguida Jeongguk permaneceu a observar o alfa se afastar, um tanto pensativo, e ponderando.
Mordeu de leve o lábio antes de se voltar ao progenitor.
— Appa… – a voz saiu baixa a princípio, incerta. — Você… Se incomodaria se eu chamasse ele pra jantar com a gente?
A pergunta junto do olhar carregado com certa expectativa pegou Eunwoo de surpresa.
— A-ah… Claro que não, amor. Seus amigos são muito bem vindos na nossa casa, você sabe.
— E… acha que o JaeMin appa vai se incomodar?
— Acho que ele nem vai acreditar. – o maior riu um pouco, talvez de nervosismo, antes de suavizar a expressão e sacudir a cabeça. — Não se preocupe com esse tipo de coisa, vai lá, vou esperar lá na frente.
Ainda que um pouco incerto sobre estar fazendo algo certo, o menor se sentiu um pouco aliviado com a resposta, acabando por afirmar ao pai prontamente, logo estando a seguir atrás do outro, apressando um pouco o passo a medida que se aproximava dele numa curta corrida.
— Ei, espera!
— Uh? – surpreso, o maior prontamente interrompeu a próxima passada quando ouviu a voz alheia, antes, girando nos calcanhares a tempo de ver o ômega frear subir imanente antes que esbarrasse em si.
Jeongguk ainda deu uns dois passos curtos para trás quando percebeu que havia parado próximo demais, ao mesmo tempo em que tentava não parecer tão afinado quanto estava.
— Eu… Vem jantar com a gente. – a fala saiu mais como um decreto, do como um pedido, ainda que não tenha sido algo intencional.
Taehyung reconheceu isso. Era o jeitinho do Jeon com o qual estava começando a se habituar.
— Eh? – ainda assim, o primeiro sonzinho que soltou foi de pura surpresa, afinal nem em sonho esperava por aquilo. Olhou o menor, em seguida o homem parado há alguns metros de onde estavam e então pareceu se tocar. — Ei… Não precisa me convidar só porque seu pai sugeriu, hm? Eu s-
— Não foi ele. – disse rapidamente, o interrompendo, um tanto incomodado com a possibilidade de passar aquela impressão. Mas logo virou o rosto pro lado, encabulado, enquanto chutava uma pedrinha imaginária no chão. — Sou… Eu quem estou chamando. Pode entender como um agradecimento por ter me ajudado mais cedo, e pela outra vez quando ficamos presos… aí ficamos quites. E também… parece mais saudável do que seus planos.
Talvez no fundo o Jeon dissesse que o único motivo para ter feito aquilo era um sincero agradecimento e porque realmente não queria ficar devendo favor nenhum a ninguém, quem dirá Kim Taehyung. Mas o tom acusatório no final escondia parte do que receio que sentia em relação à resposta do mais alto, a ponto do Kim sequer ter notado, embora também pudesse se levar em conta de que estava tão surpreso que ainda processava as palavras do mais novo enquanto o observava.
Podia considerar aquilo um bom sinal, não era?
Se fosse em outra situação ou com outra pessoa, ele certamente negaria educadamente. Diria que não precisava agradecer por nada, que não estava devendo nada a si, e que estava tudo bem.
Mas era Jeon Jeongguk ali.
— Acho… que eu seria muito rude se negasse né? – umedeceu os lábios, acabou sorrindo ladino. — Assim parece que tá preocupado comigo, sabia?
— Aigoo, fica na sua, alfa de m***a. – resmungou prontamente em meio a uma careta, ainda que por baixo da máscara, que felizmente, para sua sorte, também escondia o pequeno rubor. — Vem.
E prontamente girou nos calcanhares, seguindo a frente, antes mesmo de ter uma resposta. Enquanto isso Taehyung apenas riu baixo, o observando por um momento, antes de enfim acompanhá-lo.
Um sorriso discreto ainda brincava em seu rosto.