Louis assumiu o volante, os olhos apertados de raiva, o maxilar travado.
Ralph se sentou ao lado, em silêncio. O motor rugiu quando Louis acelerou.
— Eu vou dar uma su.rra naquela vaga.bunda — rosnou. — Ela nunca mais vai fugir. Nunca mais.
Ralph não disse nada. Sabia que não adiantava. Louis estava cego, tomado pela fúria, pelo orgulho ferido.
Não precisaram de muito para descobrir onde Georgina estava. O celular dela estava vinculado ao de Louis, com rastreamento automático. Ela não sabia. Nunca soube.
Acreditava que estava livre. Que poderia fugir.
Pobre mulher.
Ela só queria respirar. Só queria escapar daquilo que chamavam de vida.
Louis segurava o volante com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.
— Ela achou que podia sumir? — cuspiu, rindo com desprezo. — Acha que eu sou i****a? Georgina é minha. Ela carrega o nome que me pertence. O sangue dela é parte do meu trono.
Ralph continuava calado.
Por dentro, algo doía.
Ele sabia onde estavam indo. E sabia que, quando encontrassem Georgina, nada ali terminaria bem.
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Georgina
A casa estava vazia.
Poeira nos cantos, cheiro de madeira antiga e lembranças. Georgina caminhava devagar, como quem invade um sonho. Cada parede carregava a infância que ela tanto desejava de volta.
Ali, naquela sala fria, o pai ainda vivia em sua memória. A risada dele, os almoços simples, o cheiro de chá à tarde. Tudo sumira desde que Louis Sallow entrou em sua vida.
Subiu as escadas devagar, empurrando a porta do quarto. O antigo quarto. As cortinas estavam fechadas, a cama coberta por um lençol velho. Mas era dela.
Deitou-se ali, abraçando o próprio corpo. Queria silêncio. Queria paz. Queria… sumir.
Mas a paz durou pouco.
A porta da frente foi arrombada com um chute. Passos pesados. A voz de Louis ecoou pela casa:
— GEORGINA!
Ela se encolheu na cama, sem força pra reagir. Quando ele entrou no quarto, os olhos dela já estavam molhados.
— Vagab.unda! — rosnou.
Louis a puxou com força da cama. Ela gritou, as pernas arrastando pelo chão de madeira. Ele tirou o cinto, os olhos acesos de ódio.
Foi quando Ralph entrou atrás.
— Não faça isso. — Sua voz cortou o quarto.
Louis parou, o braço suspenso.
— A vagab.unda fugiu, Ralph. Fugiu!
— Ela não é v*******a. É virgem. — Ralph deu um passo à frente. — De um desconto. Quem está pedindo sou eu.
O silêncio pesou.
— Eu levo ela pra casa. Cuido disso. Cubro pra você.
Louis fechou a mão em torno do cinto com tanta força que o couro estalou. Seus olhos queimavam, mas encontrou o olhar do irmão.
— Somos irmãos, Louis. Sabe que eu não gosto de violência contra mulher.
Georgina tremia encostada na parede.
Ralph esticou a mão, sem pressa.
— Me dá isso. Agora.
Louis relutou… mas soltou o cinto.
Atrás deles, passos se aproximavam.
— Adonis tá chegando. — Ralph falou baixo. — Eu levo ela.
Louis olhou Georgina com nojo, depois Ralph com algo que ninguém saberia dizer se era raiva, ciúme ou dor.
Mas não disse nada.
Virou as costas e saiu do quarto.
Ralph se agachou.
— Vem. Eu vou te tirar daqui.
Georgina chorava em silêncio, mas aceitou a mão dele.
Ela não sabia por que...
Mas naquele momento, Ralph parecia a única coisa no mundo que ainda não queria machucá-la.
Saiu com ele.
Georgina se sentou no banco de trás do carro de Adonis. Estava encolhida, com o rosto manchado pelas lágrimas, os olhos perdidos. Ralph entrou ao lado, fechando a porta com força. O silêncio entre eles era quase sólido.
Adonis dirigia sem dizer uma palavra, sério, atento.
Ralph virou-se um pouco, olhando para ela.
— Não foge mais.Não tenta de novo. Não dê motivo pra ele, entendeu?
Georgina não respondeu. Apenas assentiu com a cabeça, devagar.
— Eu tô tentando manter você viva. — Ele completou, olhando pela janela. — E isso já tá me custando mais do que deveria.
A estrada foi engolida pela escuridão até chegarem na casa. A propriedade era grande, cercada por seguranças. Mas o que chamou atenção de Georgina foi o sangue.
Dois corpos estirados no chão da entrada.
Os dois soldados que haviam falhado em vigiá-la.
Mortos.
Outros dois homens já ocupavam o lugar deles, em pé, pisando nos corpos como se fossem entulho. Nenhum desvio de olhar. Nenhuma palavra. Só a ordem cumprida.
Ordem de Louis.
Georgina estremeceu. Ralph percebeu e segurou o braço dela.
— Vem comigo.
Eles passaram pelos corredores em silêncio. As paredes pareciam mais estreitas do que antes, a casa mais escura. Ralph andava rápido, com passos decididos, sem olhar pros lados.
Ao chegarem no quarto dela, ele empurrou a porta e entrou junto.
— Não faça novamente.
Georgina parou na porta, ainda tremendo.
— Adonis vai ficar por perto— Ralph disse, já recuando para o corredor. — Mas não foge. Não dessa vez.
Ela apenas assentiu de novo.
Ralph ficou parado por alguns segundos olhando pra ela, depois fechou a porta.
Georgina deslizou até o chão e deixou o choro voltar.
Não sabia em quem confiar.
Mas, pela primeira vez... não estava com tanto medo de Ralph