Capítulo 29

1003 Palavras
Vito estava sentado em seu escritório quando o som ríspido de batidas na porta o fez erguer os olhos. Antes mesmo de responder, a porta se abriu com força, revelando um Saulo furioso, os olhos chispando de raiva enquanto segurava um contrato amassado em suas mãos. Os olhos de Vito se escurecem, ele não acreditava que poderia haver uma pessoa tão burra quanto Saulo para ousar invadir a sua casa novamente mesmo após ter levado um soco dele por isso. O homem não tinha nenhum amor a vida para o estar desafiando desta forma. — O que diabos significa isso, Vito? — Saulo vociferou, jogando os papéis sobre a mesa exigindo uma explicação. Vito manteve a calma, pegou o documento e alisou as folhas antes de levantar o olhar para o visitante. Ele se segurava para não bater em Saulo novamente, ele testava a sua paciência. — Significa exatamente o que está escrito, Saulo. Isabel não será um peão no seu jogo. Se quiser casar-se com ela, terá que aceitar as condições. — E ali estava a jogada de Vito, ele ainda tinha as suas dúvidas, mas aquela conversa esclareceria tudo. Saulo bufou, passando a mão pelos cabelos grisalhos, sua frustração evidente. Ele havia examinado cada linha do contrato pré-nupcial e a raiva que sentia era justificada. Cada exigência parecia minar a sua autoridade e, mais do que isso, atrapalhar os seus planos. — Você quer me dizer que Isabel viverá em um lugar separado? — Saulo cuspiu as palavras. — E que o meu filho, Cristiano, não poderá sequer vê-la? Vito inclinou-se ligeiramente para frente, mantendo a postura firme. Ele não abriria mão de nenhuma das exigencias de Isabel, sua filha estava certa ao se preservar, e ele garantiria aquilo. — Exatamente. Ela não quer ser tocada por ele, Saulo. E você sabe por quê. Se insiste nesse casamento, deve aceitar isso. — Vito assistia com prazer o ódio nos olhos de Saulo, era como se ele pudesse ouvir Saulo o xingando tamanha era a raiva que brilhava nos olhos do homem. Saulo socou a mesa com força, fazendo os objetos nela tremerem. Seu rosto vermelho ao encarar Vito com odio. — Você está tentando me humilhar! — ele rosnou. — Preciso de um herdeiro legítimo para garantir a sucessão da máfia. Se Cristiano não puder sequer estar perto dela, como você espera que isso aconteça? — Não espero, Saulo. — Vito sorriu de forma calculada. — Esse casamento não será para isso. Você quer manter a sua influência, e eu estou lhe dando essa chance. Mas Isabel não é moeda de troca. Se aceitar o contrato, poderá continuar com a sua imagem pública intacta. Se não aceitar, bem... as coisas podem se tornar mais difíceis para você. Desde o inicio havia ficado claro para todos que aquele casamento seria meramente de interese a aparencias, Isabel não teria nenhum contato com Cristiano, e agora Saulo queria mudar as regras que eles tinham escolhido, mas Vito não permitiria. O silêncio se instalou na sala por alguns instantes, enquanto Saulo respirava pesadamente, contendo a sua fúria. Ele sabia que Vito não era um homem com quem se podia negociar de maneira leviana. O contrato deixava claro que Isabel teria um espaço próprio, sem interferência dos Vásquez, e que não haveria qualquer obrigação conjugal forçada. Isso aniquilava os seus planos de obter um herdeiro através dela. — Você está me forçando contra a parede — Saulo rosnou, apertando os punhos. — Não, Saulo. Estou lhe dando uma escolha. — Vito se levantou, caminhando ao redor da mesa até ficar frente a frente com o magnata. — Se aceitar, manterá a sua posição. Se recusar, perderá mais do que imagina. Saulo rangeu os dentes. Ele sabia que Vito tinha razão. A suas dívidas estavam aumentando, os seus inimigos se multiplicavam, e essa aliança com Isabel era sua última chance de manter o controle. Respirou fundo, tentando conter a sua ira. — Certo — ele disse por fim, a voz tensa. — Eu aceito. Mas espero que você cumpra a sua parte do acordo. Vito sorriu, satisfeito. Agora ele sabia com toda a certeza que Saulo tinha mais problemas do que ele sabia ao aceitar aquele contrato absurdo, e Vito estava empenhado em descobrir o que era. — Sempre cumpro, Saulo. Sempre cumpro. — Vito se aproxima mais de Saulo com olhos mortais. — Agora vamos falar sobre seu desrespeito em minha casa. Os olhos de Saulo se arregalam e ele dá um passo para trás tentando escapar das garras de Vito, naquele momento ele se arrependia do seu pavio curto. Saulo se vira e abre a porta do escritório, mas dá de cara com os soldados de Vito. — Por favor Vito, não fiz por m*l. — Diz Saulo tremendo diante do olhar de Vito. Ele ainda se lembrava do último soco que ele tinha lhe dado. — Sou um homem de palavras Saulo, e disse que se arrependeria se aparecesse na minha frente desta forma. — Com um aceno de Vito os dois soldados pegam Saulo pelos braços o arrastando para fora do escritório. Isabel olhava curiosa para a cena dos soldados arrastando Saulo, um sorriso em seus lábios. — Te extressaram de novo papai? — Pergunta ela com a sobrancelha arqueada. — Eu tento querida, mas tem certas pessoas que não entendem o que eu digo. — Responde ele enquanto caminhava para fora. Isabel apenas ria ao ver aquilo. Os soldados de Vito levam Saulo para o barracão no fundo da mansão e o coloca sentado em uma cadeira. Ele examinava tudo a sua frente com pavor ao ver os itens pendurados na parede. — Bem, você socou a minha mesa com essa mão imunda sua. — Diz Vito com desgosto, ele odiava quando tinha que lidar com pessoas como Saulo. — Quebrem a mão direita dele. Os olhos de Saulo se arregalam quando um soldado pega um bastão e se aproxima dele, em questão de segundos os gritos do homem enchem o lugar.
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