Max tinha acordado naquele dia de péssimo humor. Ele estava descobrindo que havia algumas coisas em ser um Don que poderiam estressar qualquer um, e, naquele caso, era ele mesmo. Tomando o seu banho e se arrumando, ele desce para tomar o café da manhã. Assim que chega à sala, encontra os seus braços direitos já sentados, aguardando-o.
— Bom dia. — diz ele, ocupando o seu lugar à mesa.
— Não parece que para você é um bom dia. — diz Kenai, com a língua afiada como sempre.
— Problemas, Kenai. Isso pode acabar com o dia de um homem. — responde, passando a mão pelos cabelos em desordem.
— Por isso que não desejo essa responsabilidade. — diz Leonardo, enquanto servia uma xícara de café a Max.
— Você é um homem de sorte, Leo. Ganha bem e nunca levará a culpa pelos desastres. — responde Kenai, cutucando-o. Sabia que o amigo odiava ser menosprezado.
— Fala sério, eu trabalho mais que você. — responde ele, emburrado.
Max assistia aquele embate entre eles com satisfação. Ele gostava daquela discussão pela manhã, lembrava-lhe dos cafés da manhã na casa de Ricardo, que sempre terminavam em bate-boca entre eles. Mas era aquela conversa gostosa que ele sentia falta todos os dias.
— Parem vocês dois, preciso das pessoas de minha confiança unidas. — diz ele.
— Era só brincadeira, chefe. — diz Kenai, rindo.
— Me diga como andam as coisas na boate, Leo. — Max gostava de ter um resumo do que estava sendo feito durante o café da manhã, assim poderia se programar para o seu dia.
— Vai gostar de saber que as meninas estão animadas, Don. Tudo está dentro do programado e, daqui a alguns meses, estará pronto. — responde Leonardo, animado. Ele gostava de ver o que o seu chefe estava fazendo com alguns negócios.
— Isso é bom. Certifique-se de que não falte nada a elas enquanto não podem trabalhar. — Max sabia que elas dependiam daquele lugar e não as deixaria à própria sorte.
Eles terminam de tomar o café da manhã rapidamente. Ainda havia muito a ser feito, e Max desejava terminar com tudo o mais rápido possível. Por sorte, ele estava se adaptando bem ao papel de Don, e as coisas estavam fluindo com mais tranquilidade agora que conhecia a maioria dos negócios da máfia.
Max passa a manhã em uma das empresas no centro. Ele estava ajustando alguns negócios com novas parcerias, o que seria útil para ele e lhe renderia um bom dinheiro no futuro. Ele havia conversado com os seus amigos sobre isso, e as dicas que eles tinham lhe dado estavam surtindo um grande efeito nos seus negócios.
Quando Max chega em casa à tarde, ele só queria uma bebida e descansar, mas tinha conseguido resolver alguns dos seus negócios mais urgentes. Ele vai até a mesa de canto, serve-se de um copo de uísque e se senta em sua cadeira, atrás da mesa do escritório, de forma relaxada.
— Deixei a suas correspondências sobre a mesa, Don. — diz Leonardo, enquanto examinava alguns documentos.
Uma correspondência chama a sua atenção. Era de Vito, algo que ele não esperava. Pegando-a, ele abre rapidamente e trava na mesma hora.
Max apertava o papel entre os dedos com tanta força que, se fosse mais fraco, teria rasgado ao meio. Os seus olhos queimavam ao encarar aquelas palavras, escritas com uma caligrafia impecável e c***l:
"Isabel Romano e Cristiano Vasquez têm a honra de convidá-lo para celebrar o matrimônio..."
O nome dela, o nome do maldito... juntos, lado a lado, como se aquilo fosse natural, como se o mundo não estivesse ruindo dentro dele. Max sentia o sangue pulsar em suas têmporas, a mandíbula travada em um aperto de raiva contida. Isabel... casando-se com outro homem.
Por anos, ele esperou. Estava construindo o seu império com paciência, eliminando os seus inimigos, subindo cada degrau da escada do poder. Tudo por ela. Cada gota de sangue derramada, cada decisão tomada, cada batalha vencida... tudo foi para que, no final, ela fosse dele. E agora, quando finalmente tinha tudo ao seu alcance, alguém ousava tomá-la.
O copo de uísque na sua mesa voou contra a parede, estilhaçando-se em mil pedaços, ecoando pelo salão. Os homens que estavam ali estremeceram. Nenhum deles jamais vira Max tão perto de perder o controle.
— Reúnam todos! — a sua voz era baixa, mortal.
— O que houve, Don? — pergunta Leonardo, preocupado.
— Isso foi o que houve. — diz ele, entregando o convite de casamento.
— Merda! — diz Kenai ao ver o convite.
— Vamos fazer como disse, Don. — diz Leonardo, saindo correndo do escritório com Kenai atrás dele. Eles haviam convivido com Max tempo suficiente para saber que, quando ele estava daquela forma, o melhor a se fazer era obedecer a suas ordens.
Em minutos, o salão estava cheio de homens armados, esperando ordens. Max se levantou, ajeitando o paletó escuro. Os seus olhos eram puro gelo, a sua expressão carregava uma fúria que poucos ousariam desafiar. A paciência do Don tinha terminado, e, já que Vito queria que ele provasse que merecia a sua filha, ele mostraria isso a ele naquela tarde.
— A mulher que eu amo está prestes a cometer o pior erro da sua vida. — Sua voz era fria, mas carregada de emoção. — E eu não vou permitir isso.
Houve silêncio. Todos sabiam o que estava por vir.
— Hoje, Isabel não vai dizer "sim" para ele. — Max puxou o relógio do pulso e o jogou sobre a mesa. — Hoje, eu vou buscar o que sempre foi meu.
O rugido dos motores encheu a noite quando a caravana de carros atravessou a cidade como um exército em marcha. As luzes do salão de festas brilhavam à distância, e Max sabia que o momento estava próximo. O seu coração batia forte, não de medo, mas de adrenalina pura.
Ele sairia dali com Isabel nos braços. E ninguém, nem mesmo o noivo dela, teria força para impedi-lo.