Capítulo 24

1024 Palavras
Max encarava um Kenai carrancudo à sua frente. O seu braço direito ainda não se conformava com o fato de ele ter liberado Vito sem sofrer nenhuma penalidade por tê-lo ferido. Kenai estava acostumado a cuidar desses assuntos e, agora, o seu Don o havia proibido de fazer qualquer coisa com Vito. Max achava divertido vê-lo xingar na sua língua nativa. _ Sabe que não sei o que está falando. - diz Max, que estava deitado em sua cama. _ Aquele canalha merecia ter, ao menos, perdido alguns dedos das mãos por tamanho insulto. - diz ele, bravo. _ Já disse que não desejo que toque nele, Kenai. - insiste Max, com uma sobrancelha arqueada. _ Não o farei, Don, honro a minha palavra. - diz ele. - Mas me diga, por que não fez nada com ele? Kenai não entendia como o seu Don havia sido ferido sem ao menos se defender e, pior ainda, não desejava que eles lavassem a sua honra com o culpado. _ É simples, eu quero me casar com a filha dele. - diz ele, deixando Kenai com os olhos arregalados. Kenai piscou algumas vezes, tentando processar o que acabara de ouvir. O seu semblante, que antes estava carregado de raiva, agora misturava incredulidade e confusão. _ O quê?! - Ele praticamente rugiu. - O senhor quer se casar com a filha do desgraçado que tentou lhe matar?! Max soltou um suspiro, já esperando essa reação do seu braço direito. Ele conhecia Kenai bem demais para se surpreender. No fundo ele entendia perfeitamente o que ele estava sentindo. _ Não foi uma tentativa de assassinato, Kenai. Foi um momento de fúria. Vito perdeu a cabeça, só isso. _ Perdeu a cabeça? Ele enfiou uma lâmina na sua carne! Isso não é perder a cabeça, Don, isso é declarar guerra! - Kenai andava de um lado para o outro no quarto, os punhos cerrados. - O senhor deveria ter deixado que eu lidasse com ele. Pelo menos um aviso, uma marca para que ele nunca esquecesse quem é que manda aqui! _ Se eu fizesse isso, perderia Isabel. - Max sentou-se na cama, a sua expressão finalmente ficando mais séria. - Eu quero que ela me veja como um homem digno, não como mais um monstro dentro desse mundo, Kenai. Kenai bufou, cruzando os braços sobre o peito largo. Ele havia sido criado para que as pessoas o temessem, na sua cultura não havia o elo da fraqueza todos eram ensinados a serem fortes e lidar com os seus inimigos, então Kenai ainda achava estranho que o seu Don não quisesse mostrar a sua força punindo o responsável. _ E acha que Vito vai permitir que isso aconteça? Depois de tudo, o senhor realmente acredita que ele vai entregar a filha de bom grado? Max deu um sorriso de canto, aquele sorriso típico de quem já havia traçado um plano. Ele acreditava que Vito cederia, teria que ceder, ele não encontraria pessoa melhor que ele para estar com Isabel. _ Ele não terá escolha. No final, todos escolhem o caminho que menos lhes causa dor. E, por mais que Vito me odeie agora, ele sabe que recusar a minha proposta será pior para ele e para Isabel. Kenai estreitou os olhos. Ele ainda tinha dificuldades em acompanhar o raciocínio do seu Don, mas conseguia entender o que ele queria dizer, ou pensava que entendia. _ Está dizendo que vai obrigá-lo? Pensei que quisesse ser visto como um homem digno, Don. Max soltou uma risada baixa. _ Convencê-lo, Kenai. Há uma grande diferença. O que Vito fez foi uma reação impulsiva. Agora, ele terá tempo para pensar, para ver que eu sou a melhor opção para a filha dele. Kenai coçou a barba, ainda visivelmente insatisfeito, mas, ao mesmo tempo, começando a entender os cálculos do Don. _ E se ele continuar resistindo? Max ergueu a sobrancelha, o seu olhar adquirindo um brilho frio. Ele não queria chegar a esse extremo, desejava que ele e Vito pudessem se entender de forma tranquila, mas ele não arriscaria a sua felicidade, ele não abriria mão dela e se precisasse passar por Vito para ter Isabel ele faria. _ Então terei que mostrar a ele que nem sempre é bom apostar contra mim. Kenai soltou uma risada seca, balançando a cabeça. Ele conhecia Max a poucas semanas, mas estava descobrindo que o homem de aparência comum não era assim tão tranquilo quanto eles imaginavam. _ Essa eu quero ver. Mas, Don, se as coisas saírem do controle, só diga a palavra... e eu farei o que for necessário. Max sorriu. Ele não duvidava da capacidade de Kenai, sabei que ele era leal e faria o que fosse preciso para o deixar satisfeito, mas Max torcia para que não chegasse a tanto, ele respeitava Vito e queria ter um bom relacionamento com ele, o que incluía o deixar respirando. _ Eu sei que fará, Kenai. Eu sei. _ Se ele estiver te perturbando Don, eu cuido dele. _ Diz Leonardo entrando no quarto. _ Ele está me fazendo companhia Leonardo, ainda é tolerável. _ Diz Max rindo da cara chateada de Kenai. _ Sou uma excelente companhia, você tem sorte de estar na minha companhia. _ Responde. _ Não vou nem responder a isso. _ Diz Leonardo indo até Max. _ Trouxe os remédios Don. Max olha com pesar para a bandeja com os remédios, ele não queria tomar aquilo, mas precisava se recuperar rápido. Quanto mais rápido ele sarasse mais rápido ele poderia ir até Isabel. Com um sorriso no rosto ele pega os comprimidos e toma rapidamente. _ Como estão as coisas Leonardo? _ Max não queria que a história do seu incidente se espalhasse e havia instruído Leonardo a cuidar disso. _ Tudo dentro do esperado, ninguém sabe de nada Don. _ Ele era eficiente no que fazia e se orgulhava muito daquilo. _ Ótimo, agora podemos falar sobre negócios. _ Diz Max sorrindo. Ele não tinha desejado aquele posto, mas agora que o tinha ele honraria a confiança das pessoas, estava na hora de todos saberem quem era Don Max.
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