Oliver caminhou ao lado de Clarice até a saída do hospital, carregando sua mala como se fosse a coisa mais natural do mundo. O sol da tarde iluminava a fachada branca do prédio, e o ar frio de fim de dia fazia Clarice puxar mais o casaco para si. Ele percebeu claro que percebeu e diminuiu o passo, como se pudesse protegê-la até do vento.
Eles seguiram pela calçada até a esquina, onde havia um ponto de táxi. Clarice caminhava devagar, cada passo parecendo pesado, não pelas dores… mas pelo que significava se afastar daquele lugar e dele.
Um táxi livre encostou quando Oliver levantou a mão. Ele colocou a mala no porta-malas e, quando fechou, encontrou Clarice parada na calçada, olhando para ele.
Com aquele olhar que deixava Oliver FrankWood completamente desarmado.
— Bom… — ela começou, tentando manter a voz firme. — Acho que é isso. Obrigada por… por tudo, doutor. Espero não vê-lo tão cedo de novo.
Ele sorriu de um jeito quase imperceptível.
— Foi um prazer cuidar de você, Clarice. E você sabe que pode vir aqui se qualquer coisa acontecer, sem um tiro de preferência.
Clarice assentiu sorrindo, mas parecia lutar com algo por dentro. Um impulso. Uma coragem repentina.
Ela respirou fundo, um pouco trêmula.
— Antes de eu ir… posso… posso te dar um abraço?
Oliver congelou por um segundo. Apenas um.
Então abriu um pequeno sorriso e abriu também os braços.
— Claro que pode.
Clarice deu um passo, depois outro, até que se encontrou envolvida pelo peito dele. O perfume discreto, o calor, a firmeza. Era seguro ali. Mais seguro do que qualquer lugar que já estivera.
Oliver, que raramente tocava alguém fora da necessidade médica, fechou os braços ao redor dela devagar, como se temesse quebrá-la. E Clarice apoiou a testa no ombro dele, sentindo aquele breve momento se tornar algo precioso demais.
Mas antes que ele pudesse dizer algo, ou se afastar, ou talvez abraçar mais forte…
Ela virou o rosto e beijou Oliver.
Rápido. Macio. Quente.
Quando percebeu o que tinha feito, a cor subiu em seu rosto imediatamente.
— Eu… desculpa… eu… — Clarice gaguejou, completamente constrangida, recuando um passo. — Eu não devia… desculpa mesmo!
Oliver parecia ter sido atingido por um raio. Ficou parado, sem reação, os olhos um pouco mais abertos do que o normal, a respiração presa no peito. Não de desconforto, mas de surpresa.
Mas Clarice não esperou ver a reação.
Ela praticamente correu para o táxi, abriu a porta e entrou depressa.
— Vai, por favor — ela pediu ao motorista, com o rosto escondido entre as mãos.
O carro arrancou antes que Oliver pudesse sequer estender a mão ou dizer uma palavra.
Ele ficou parado ali, na esquina, observando o táxi desaparecer na avenida, ainda sentindo o fantasma do beijo queimando na pele.
E, pela primeira vez em muito tempo, Dr. Oliver FrankWood não soube o que fazer