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2037 Palavras
Prólogo Encarei o espelho enquanto vejo a fúria em meus olhos, estou com um belo vestido de noiva, detalhado, escolhido a dedo realmente. Cai em uma armadilha feita pelo capo da Outfit. Durante anos eu ouvi que tinha uma beleza capaz de me dar muitas coisas, nunca descartei usá-la em algum momento. Mas não sabia que ela iria me jogar nos braços fortes e musculosos dele, falta alguns minutos para sair da mansão de Sebastian para a igreja. Lá eu irei receber seu sobrenome e ele terá o que mais quer. - O que eu faço com seus cabelos? - Ester questionou ganhando minha atenção. Ela quer me deixar impecável, queria entrar como uma gata borralheira, não quero estar bonita. - Sujo e nas alturas. - comentei sorrindo. - Amiga, você deve casar estando linda e pronta para matar, mesmo não querendo isso. - avisou pegando em meus cabelos sugerindo um coque. Revirei os olhos. - Solto, então. Minha vontade é matalo, ele me usou como um peão de seu jogo, esperou tudo acontecer para surgir aqui e rir da minha cara! - neguei sem acreditar. Ela respirou fundo. - Lhe avisei antes de sair com o carro da mansão. Viktor tem controle, ele exige isso de todos, como não iria perceber que não ficaria quieta? - comentou ao levantar uma sobrancelha ruiva. A encarei com cara de poucos amigos. - Pensei que Sebastian manteria a proposta que fez para mim. Viktor está se casando comigo para não ter o risco de ver a Bratva toda atrás de mim. - rosnei entredentes. - Ele acha que sou uma de suas posses, desgraçado, maldito! Passei uma mão pelo rosto. - Acho que esqueceu da parte que casar com ele te dá um lugar invejável. Quando te conheci disse que queria seu império e agora você tem poder e tudo para ter isso de uma vez. - lembrou ganhando minha atenção. Viktor não está me prendendo em uma coleira, nosso casamento significa poder para ambos os lados. - O capo não comprou uma mulher, ele ganhou uma aliada disposta a tudo como o mesmo, não importa o meio. - deixei claro. Ela sorriu. Escolhi um batom líquido vermelho, um dos meus favoritos para passar em meus lábios. Ao me levantar olhei o espelho por uma última vez, depois de Ester deixar meu cabelo impecável para tudo o que irei passar com ele nessa cerimônia. Encontrei Viktor me esperando, Sebastian sorriu e disse algo para ele. Não consegui ouvir, mas os olhos do capo denunciam que é algo em relação ao seu xeque mate. Meus olhos estão o fuzilando para demonstrar minha raiva em estar me sentindo embrulhada nesse vestido para ir direto para seus braços. Olhei para Sebastian. - Irá acompanhar a cerimônia? - perguntei e ele sorriu. - Não estarei presente, mas faço questão de comprar um belo presente para a nova senhora Messina. - o Don respondeu com diversão ao beijar minha mão rapidamente. Messina. - Vamos. - Viktor disse pegando em meu braço. Observei Ester ir em nosso carro, enquanto a noiva está indo ao próprio casamento ao lado do noivo! - Casamentos não são assim. - provoquei encarando os portões da mansão se abrirem. Viktor riu. - Eu faço minhas próprias regras, você mais do que ninguém devia saber disso. Havia Gabriel e Ester como os padrinhos e únicos convidados dessa cerimônia em uma igreja vazia, reservada apenas para nós. Entrar na igreja acompanhada por Viktor tem seu peso, mas sair dela após uma rápida cerimônia que o padre pelo olhar desconfiou de algumas coisas. Mas ele não poderia falar nada. Encarei a grossa aliança em meu dedo. Bebi um gole de whisky com uma forte necessidade de molhar minha garganta, o álcool pode me ajudar com tudo isso. - Sua mãe está ligando. - Ester se aproximou com meu celular em uma mão e na outra uma taça de champanhe. Havia deixado o celular com ela enquanto me vesti. Agora estou com um vestido branco colado ao corpo, mangas longas, os saltos são pretos para diferenciar. Viktor e Gabriel estão no bar do hotel, não voltamos para Chicago imediatamente como esperava. - Alguém deve estar revoltada por ter ficado de fora do casamento. - comentei com um largo sorriso. - Ela não terá notícias minhas. - Você está linda, poderosa. E precisa urgentemente cuidar do seu império, afinal Megan pensava ser a mulher próxima do capo, mas não é. - mencionou ao se aproximar com sua taça. Fizemos um brinde. - Tenho dois grandes problemas: Viktor e o império. Ganhar o sobrenome dele acaba deixando muito mais atenção em cima de mim Ester, a balança não está equilibrada. - analisei passando a língua em meus lábios. - Esqueça da mulher que chegou do México sem conhecer nada. Ela não existe mais, você tem objetivos, impotência e sede por poder. - sorriu divertida. - Agora tem tudo isso e ganhou no pacote o nosso líder para ser um professor. Ri debochada. - Professor? Da arte das trevas quer dizer. Nossa conversa foi interrompida pela chegada de ambos. - Senhora Messina. - Gabriel cumprimentou ganhando meu olhar. - É Katherine, decora porque falar muito não é comigo. Ele riu. Uma música lenta começou a tocar, um casal jovem foi dançar no salão, apaixonados e felizes. - Temos algo para tratar. - a voz rouca de Viktor ganhou minha atenção. Levantei esperando tratar desse casamento em um quarto, mas no meio do caminho ele pegou em meu braço trazendo meu corpo para o seu. Apertei os olhos em sua direção. Aceitei a dança sabendo que não é um diálogo amoroso que sairá de nossas bocas. - Dançar e falar de negócios sujos? Típico do meu marido. - provoquei com veneno na voz. Ele apertou minha cintura como um aviso. - Passei a vida inteira assistindo casamentos na Itália onde uma dança sempre era o ponto inicial de um casamento esposa. Mas o seu tom venenoso me excita, coloque um sorriso em seus lábios como o casal ao lado. - sugeriu me fazendo rir. - f**a-se essas tradições. Temos algo a tratar, não fui vendida a você e muito menos entregue. - pontuei olhando no fundo de seus olhos mel. - Não sou um objeto de decoração para sua casa Viktor, não espere café sendo servido por mim. - A esposa perfeita? - indagou com diversão. - Não consigo imaginar você com um sorriso doce me esperando em casa. Acho que sem roupas na minha cama, com uma arma em sua mão é mais real. Não comprei uma esposa ou espero esse tipo de papel, é uma herdeira da máfia. - Sangue inimigo, não esqueça da história sobre sua mulher. O submundo inteiro me vê como uma jóia valiosa e que todos querem passar uma mão. - Nenhuma mão irá toca-la. - garantiu. Eu sei que ele jamais deixaria isso acontecer. - Nosso casamento possui poder de ambas as partes e ambições. Ele colou ainda mais nossos corpos. - Isso é apenas o começo do que existe nessa união, não esqueça que sexo faz parte do nosso casamento, nossos corpos e ambos queremos isso além de pensar na Outfit e o poder. O que existe em nossa união é uma lista extensa. Mas sobre essa necessidade que temos um do corpo do outro foi o assunto que nesse momento ganhou minha atenção.  Katherine Carter Guanajuato, México As minhas botas fazem pegadas causadas pela poça de lama pelo chão da rua lamacenta da cidade onde moro, a cidade que pertence ao estado mais perigoso do México, Guanajuato. Casas simples e pessoas nada interessantes, a maioria prefere estar na calçada, crianças brincando com a lama ou jogando futebol com uma bola improvisada. Nunca precisei dos meus vizinhos, não tenho costume de distribuir i********e, e para ganhar a minha você tem que se rastejar e me mostrar que vale a pena gastar o meu tempo. Eu sei que eles querem saber de mim e a da minha madrina. Sempre fomos apenas nós duas na segunda casa azul-royal do quarteirão. Mas não sou um livro aberto, aprendi desde pequena a não dar ousadia para não ter a******a com ninguém. Tenho um emprego em uma lanchonete simples e bastante movimentada. Conseguir dinheiro nesse buraco é difícil, minha madrina não costuma dar nada, apenas em meu aniversário consigo uma quantia maior. Quero juntar dinheiro e sair desse lugar, nada me impedirá disso. — Katherine, finalmente! — Maite, uma amiga, chama a minha atenção. — Temos algumas entregas para fazer. Adentro ao lugar, pego um avental surrado para colocar em meu corpo, o amarro fazendo um laço perfeito em minhas costas. — Vamos logo, então, achei que Pedro estaria aqui — comento procurando o garoto de tatuagens com quem troco algumas carícias. Maite prende os cabelos cacheados em um coque, sua pele morena fica em destaque com a blusa vermelha que ela está usando. — Sua madrina ainda vai infartar quando souber que fez uma tatuagem e principalmente com seu envolvimento com Pedro Chávez — minha amiga diz em um sinal de preocupação. Ele não é um garoto que pensa em conhecer minha família, deveria ter me afastado quando o vi matar alguém. Pedro mexe com drogas — Ela gosta de me preservar como se fosse uma boneca para ser entregue a alguém sem ter um maldito arranhão. Eu odeio isso, essa proteção, cuidado. — Isso é apenas cuidado — Maite acrescenta. Organizamos as quentinhas para entrega, deixamos a lanchonete com os outros dois funcionários. Os endereços que ela anotou em um pequeno papel facilitarão a entrega. Seguimos para uma última casa quando um homem mais velho se aproxima de nós, fico em alerta quando vejo um pedaço de p*u em sua mão. — Moço... — Maite pede assustada. — As duas poderiam largar a comida e me acompanhar, gosto de sexo a três — o homem nojento convida, malicioso. A raiva me consome por ver o olhar asqueroso do sujeito barbudo e todo sujo ao encarar a nós duas. A rua está movimentada, ele se aproxima de Maite que grita assustada, largo a sacola e corro em direção à casa procurando alguma coisa. Consigo achar um pedaço de p*u largado perto de uma casinha de cachorro. O sujeito pega a Maite pelo pescoço com uma mão e com a outra não larga o maldito pedaço de p*u, enquanto ela chora, ele a ameaça. — Venha! — ordena entredentes. Bato em suas costas, o maldito geme de dor se virando para mim. O ódio em seus olhos escuros poderia me fazer correr, mas não. — Você vai me pagar, v***a! — ele me ameaça. — Vem pegar seu prêmio — provoco rindo. Desvio da sua tentativa inútil de jogar o pedaço de p*u em minha cabeça, mas ele não imaginou que eu teria força para acertar sua nuca. O sujeito cai no chão, parece que desmaiou por conta da pancada. — Katherine e agora? — Maite pergunta, atordoada. — Se ele morreu, fiz um favor ao d***o, vamos. Durante o restante do dia, Maite olha assustada para os cantos achando que o sujeito retornaria. Com certeza, é um maldito drogado, f**a-se se está vivo ou morto. Minha vontade era usar aquele pedaço de p*u para bater em sua cabeça como se ela fosse um brinquedo do parque de diversões. Enquanto limpo alguma das mesas que alguns clientes não têm coragem de jogar o resto do consumo no lixo e deixar o prato no balcão como muitos fazem. Uma presença chama minha atenção, seu perfume não é fácil de esquecer. — Soube que bateu em um drogado. — diz Pedro no pé do meu ouvido. Encaro seu rosto coberto de pura diversão. — Queria fazer pior. Você sabe de tudo o que acontece por aqui, impressionante. — Sorrio irônica. — Quero levá-la para um racha com outros caras. Você vai me dar sorte, confio em seus olhos traiçoeiros, Katherine — suas palavras são tentadoras. — Combinado, mas te encontro aqui para irmos. Por precaução conseguiu o documento falso? — pergunto, ansiosa. — Olá, Luna. Sorri me entregando um documento que será muito bem utilizado por mim. Não gosto de deixar rastros, vou sair logo desse lugar.
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