AARON COLLINS
Quanto mais penso em Lucy, mais eu gosto dessa mulher. Como pode uma pessoa te deixar noites sem dormir quando não está com você? É incrível!
Eu estava ansioso porque ontem, horas depois da reunião, eu não pude ir ver Lucy porque ela iria ficar com Dara; talvez a veja hoje.
— Ei, Aaron, quer apostar também? — Saio dos meus devaneios quando vejo Jonathan entrar no meu quarto, seguido por Riven e Carter.
Todos nós achamos melhor morarmos na mesma casa, já que crescemos juntos, nada mais justo do que continuar assim.
— Educação passou longe, né? — falo me referindo ao fato de eles terem entrado sem bater.
— Não seja chato e escute — diz Riven.
— Falem logo.
— O que você acha do Daniel e a babá? — Olhei para Carter sem entender.
— Como assim?
— Você acha que Daniel está de quatro pela babá? — explica Jonathan.
— Acho que ele lamberia o chão que ela passasse. — Todos riem.
— Certo, mas você acha que ele admitiria isto? — pergunta Carter.
— Não.
— Eu sabia... Somos três contra um, Jonathan — murmura Riven.
— Do que vocês estão falando?
— Eles apostaram cem dólares comigo que Daniel jamais admitiria que gosta dela. — Jonathan diz com ar de deboche.
— E você foi contra?
— Claro, é óbvio que ele vai admitir, ainda mais sob pressão.
— Duvido.
— Então aposta também.
— Vocês não têm o que fazer da vida não?
— Não, vai ou não apostar? — indaga Riven sem paciência.
— Está bem, eu vou.
— Nossa, vou ganhar trezentos dólares fácil fácil.
— Não esqueça que se você perder, Jonathan, vai dar cem dólares para cada um de nós — lembra Carter.
— Eu sei, mas tenho certeza que vou ganhar.
— Está bem, agora saiam do meu quarto.
— Nossa, que estressada! Nós já vamos. — Jogo um travesseiro no Jonathan.
Os três se levantam e saem, e ainda bem, porque o meu celular toca; quando vejo o nome da minha Lucy brilhar na tela, um sorriso estupidamente grande se abre na minha boca.
— Oi, baby.
— Oi, eu liguei para avisar que não vamos poder nos ver hoje. — O sorriso que antes havia em meus lábios some.
— Por quê?
— Vou ficar hoje com Dara de novo, faz um tempo que eu e ela não temos esse momento entre amigas. Preciso pôr o papo em dia com ela.
— Mas Lucy, eu estava tão ansioso, fiquei contando cada segundo para te ver, ontem já não nos vimos. — Posso ouvir seu sorriso do outro lado da linha.
— Eu sei, baby, mas por favor, entenda.
— O que eu vou fazer hoje então?
— Saia com seus irmãos ou tenha uma noite de garotos com eles.
— Lucy...
— Aaron...
— Está bem, mas terá que me recompensar.
— Claro, tenha certeza que você será muito bem recompensado.
— Até mais então.
— Ei, não fique assim, prometo que amanhã nos veremos.
— Está bem, mas saiba que vamos t*****r até o outro dia. — Ela ri.
— Certo, Senhor do Sexo, vamos fazer o que você quiser.
— Tchau Lucy.
— Tchau Aaron.
Desligo o celular e fico olhando para ele, esperando que Lucy ligue de novo e diga que desistiu e que irá passar a noite comigo, mas isso não acontece.
Porra!
Desde quando eu fiquei tão dependente de uma mulher? Eu não era assim... Dos meus irmãos eu sempre fui o mais canalha de todos. Como pode eu, Aaron Collins, me apegar tanto a uma mulher desse jeito?
Não esqueça que você se aproximou dela por causa da Lana. — Minha mente me acusa.
Isso é verdade, e foi um grande erro da minha parte, mas ainda assim preciso saber realmente se Lucy tem algum parentesco com a Lana; não é possível que duas pessoas sejam tão idênticas e não ter nenhum parentesco.
Não seria mais fácil você perguntar? — Mais uma vez minha mente me questiona.
Sim, seria muito mais fácil, mas só o pouco que eu conheci de Lucy já percebi que ela, além de misteriosa, é uma pessoa muito desconfiada. Obviamente, se ela conhecer Lana, vai querer fazer um monte de perguntas do tipo “como sabe da Lana? De onde você a conhece?”, e com isso, ela vai juntar tudo.
Que me aproximei pelo fato de ela ser igual à Lana.
Me levanto da cama, vou até meu closet e pego uma calça jeans escura, uma cueca preta e uma blusa polo azul-marinho, vou até o banheiro e tomo um banho rápido. Decido deixar minha barba grande, como sempre, somente bem modelada.
Depois de vestido, ajeito meu cabelo, pego o meu celular e a chave do carro e saio do meu quarto. Ao chegar no hall, vejo minha mãe e Christina, me aproximo delas para cumprimentá-las e me despedir.
— Está muito arrumado, onde vai? — pergunta a minha mãe.
— Vou dar uma volta, ficar enfurnado dentro de casa não é comigo, é sufocante.
— Tio Aaron, amanhã vai brincar comigo? — Minha princesa pergunta. A pego no colo e lhe dou um beijo na bochecha.
— Claro, meu amor, amanhã você pode ir até lá no meu quarto com o Buster me acordar. — Buster é o nosso cachorro.
— Está bem, tio. — Ela leva as suas mãozinhas até o meu rosto e depois me dá um beijo. Fico olhando para ela por alguns segundos, pensando no quão é triste para mim saber que minha sobrinha nasceu cega por culpa da vagabunda, drogada e bêbada mãe dela; que aquela p*****a arda no inferno.
Ligaram para Daniel avisando da morte dela um ano atrás, aquela v***a morreu de tanta droga e bebida que tinha ingerido; primeiro ela ficou em coma, depois entrou em estado vegetativo, não demorou muito e acabou morrendo. Um favor para todos nós e para o meu irmão; sei que ele ficou balançado com a morte dela, por mais v***a que fosse, Susan foi sua noiva e era mãe de Christina, mas ainda assim, aquela mulher, para mim, era um monstro. Quando Daniel nos apresentou, de longe já vi que ela não prestava, estávamos no começo das nossas carreiras. Com pouco mais de três meses de namoro aquela mulher apareceu grávida, todos da família ficaram felizes, Daniel rapidamente noivou com ela, mas Susan achou um absurdo e disse que queria tirar o bebê por ser muito nova e não querer ter uma criança a prendendo; ninguém concordou com ela, óbvio, mas não adiantou. Foi quando ela começou a se drogar e beber, tudo para tirar o bebê; chegamos ao ponto de interná-la, mas ela fugiu da clínica de reabilitação e desapareceu por quase um ano. Quando a encontramos, Christina havia acabado de nascer e teve muitas complicações, quase morreu. O mundo de todos da família Collins desmoronou quando o médico disse que a menina havia nascido cega e que talvez a cegueira fosse irreversível, já que nasceu assim, fora os diversos problemas de saúde que a menina desenvolveu por conta da p*****a da mãe dela.
A última vez que a vimos foi há dois anos; estava morando em um bairro perigoso de Los Angeles, junto com um viciado. Ela estava horrível. Daniel tentou convencê-la a sair daquele lugar e mostrou fotos da bebê, Susan simplesmente torceu o nariz e disse que “aquela coisa cegueta” não era a sua filha. Daniel não se segurou e quase a matou enforcada, meus irmãos e eu quase não conseguimos tirá-lo do pescoço dela; ele estava com ódio e não era para menos.
Por isso tenho medo de Daniel se apaixonar de novo. Por mais durão que ele pareça ser, Daniel tem um coração mole. Eu vi como ele fica ao ver a babá, mas não quero que tudo se repita; amo meu irmão e não quero que ele sofra como sofreu por uma p*****a sem coração.
— Cadê meu pai? — perguntei para minha mãe com a Christina ainda no meu colo.
— Ah, foi dormir, reclamou de dores nas costas, passou o dia trabalhando.
— Ele sabe que não precisa disso, tem funcionários competentes. — Meu pai, antes de nos mudarmos para Los Angeles, tinha uma pequena oficina de carros, era de lá que ele tirava nosso sustento e eu e meus irmãos o ajudávamos sempre que podíamos. Ele simplesmente ama o que faz e mesmo depois de termos ficado ricos, ele não quis parar de trabalhar. Então meus irmãos e eu, há três anos, decidimos dar de presente de aniversário para ele uma oficina, que hoje é muito conhecida em Los Angeles; é a melhor e o seu negócio só aumenta. Hoje, meu pai é dono de quatro delas, espalhadas por toda a cidade e agora quer expandir seu negócios para outros estados.
— Conhece seu pai, adora trabalhar.
— Sim.
— Não acha melhor levar alguns seguranças com você?
— Sabe que odeio isso, não é?
— Eu sei, meu amor, mas...
— Não se preocupe.
— Vai chegar que horas?
— Vou chegar tarde. — Entrego Christina no seu colo.
— Como sempre, mas tome cuidado. Tente não chamar muita atenção, ultimamente esses paparazzi têm ficado nos rodeando muito. — Uma das coisas chatas de ser famoso.
— Pode deixar, tchau.
Me despeço delas, pego meu SUV preto na garagem e saio em disparada para o clube; faz tempo que não luto e, neste momento, a única coisa que quero sentir é sangue escorrendo pelos meus punhos.
LUCY THOMPSON
Vou até a casa de Dara e, para o meu azar, a infeliz não está, o que é muito estranho, já que todo final de semana ela fica em casa. A mãe dela disse que ela havia ido até a casa dos Collins fazer não sei o quê.
Definitivamente, ela já faz parte daquela família, mesmo sem saber. Ah que droga, deixei de ver Aaron por nada, eu mato a Dara.
Decido ir para a minha casa, cogitei a ideia de ligar para Aaron e dizer que não vou ver mais a Dara e pedir para ele vir me encontrar, mas não posso; tenho medo de achar que estou brincando com ele e obviamente Aaron já deve ter arrumado algo melhor para fazer.
Talvez esteja com alguma mulher. Espero que não!
Opa! De onde veio isso?
Tenho que me lembrar de que ambos, Aaron e eu, não temos nada sério, que o que temos é algo somente carnal, ou não. Merda! Ele havia me dito que gosta de ficar comigo, mas eu não me senti segura de suas palavras.
Escuto o meu celular tocar e com esperança de que seja Aaron, atendo sem ver quem é.
— Aaron.
— Aaron? Quem é Aaron, Lucy? — É a voz da minha mãe.
— Ah... Desculpe, mãe.
— Você ainda não me respondeu. — O que eu digo para ela?
— Ele é... Meu namorado. — Tampo a minha boca na hora. p***a! O que eu fiz?
— Namorado? Filha, por que não me falou? — Oh c****e!
— Eu... Mãe. Desculpa, é que... É meio complicado.
— Você gosta dele?
— Muito. — Respondo com toda a minha sinceridade.
— E ele?
— Ele diz que gosta de ficar comigo, mas não sinto firmeza.
— Por que não traz ele para o nosso aniversário de casamento? Seu pai com certeza vai gostar de saber que finalmente você está namorando.
— Mãe! Você fala como se eu fosse uma solteirona. — Ela ri.
— Desculpe, filha.
— Não é que eu seja uma solteirona, é que eu sou do jeito pega e não se apega... Bem, antes do Aaron era assim.
— Ainda bem que ele apareceu.
— Mãe, não sei se é uma boa ideia levá-lo até a fazenda.
— Por quê?
— Bom... O Aaron não é qualquer cara, ele é uma figura pública.
— Famoso? O que ele faz da vida?
— Ele faz parte de uma banda de rock, junto com seus quatro irmãos.
— Uau! Que bom, filha. Fico até com medo do que seu pai possa dizer disto.
— Não conta para ele, deixa que essa parte do Aaron fazer parte de uma banda de rock, ele e eu contamos pessoalmente.
— Então vai convidá-lo? — Posso sentir a expectativa na sua voz.
— Sim, mãe, eu vou. — Aposto que ela deve estar pulando feito uma louca.
— Certo, filha, não esqueça de lembrar a Cloé e a Dara sobre a vinda à fazenda.
— Pode deixar.
— Tchau, meu amor, te amo.
— Também te amo, mãe.
Isso vai ser um problema! Eu vou ter de ligar para o Aaron e contar sobre isso, mas não hoje; ele deve estar ocupado e eu não quero incomodá-lo.
AARON COLLINS
Arranco os dentes de mais um adversário; todos gritam por mim.
Thánatos!
Um nome meio brega e sem graça, mas foi o apelido que o dono do clube me deu quando me viu lutar pela primeira vez aqui; ele disse que significa morte, em grego, e acabou pegando.
Saio do ringue e vou até a minha sala; ao passar pelo corredor, lembro da primeira vez que vi Lucy.
Lucy.
Porra! Que saudade dela! Como eu preciso do toque, do sabor dos beijos, do calor da pele dela.
Olho as horas no meu celular e vejo que já passa da meia-noite, de repente ela já deve estar em casa... Quando dou por mim, já estava digitando o seu número.
— Aaron. — O meu nome saindo da sua boca é tão... Gostoso de se ouvir.
— Baby, você está em casa?
— Sim, estou.
— Posso ir aí?
— Não tem nada melhor para fazer, não? Pensei que estava ocupado.
— Estava, acabei de lutar.
— Está no clube?
— Sim, mas já estou saindo e indo direto para a sua casa. Me manda seu endereço.
— Aaron, eu posso...
— Lucy, lembra da nossa conversa? Que tentaríamos aos poucos? Não vejo nada demais eu ir até sua casa agora. Ninguém precisa saber, eu vou fazer o possível para ir escondido, eu prometo.
— Certo, vou te mandar o endereço.
— Até daqui a pouco.
— Até.
Nunca fiquei tão feliz ao saber que vou me encontrar com uma mulher, mas Lucy não é uma mulher, é A MULHER!
****
Uma hora depois e eu já estava em frente ao apartamento de Lucy. Antes de sair do carro, pego um boné, óculos escuros e uma jaqueta de couro, pego o celular no meu bolso e mando uma mensagem para Lucy, pedindo para ela descer e me ajudar a subir, já que com estas vestimentas o porteiro vai achar que sou um bandido prestes a roubar algo.
Alguns minutos depois vejo Lucy aparecer na portaria, saio do carro às pressas e ando a passos largos. Ela e eu fomos em direção ao elevador e assim que as portas se fecharam, eu tiro os meus óculos e a puxo para um beijo.
— Uau! Estava mesmo com saudade. — Ela abre o sorriso mais lindo que já vi.
— De você? Sempre. — Tento beijá-la mais uma vez, mas ela se esquiva.
— Calma, vamos deixar tudo isso para quando chegarmos no meu apartamento. — Assim que ela termina de falar, as portas do elevador se abrem e, por sorte, o corredor estava deserto.
Andamos até o final do corredor e assim que Lucy abre a porta, eu a puxo para o meu colo, lhe beijando novamente.
— Onde fica o seu quarto?
— Primeira porta do corredor. — Novamente ando a passos largos, aos beijos com Lucy, até seu quarto.
Mal entramos e eu já trato de rasgar o pedaço de pano que ela chama de camisola; ela arregala os olhos.
— Hoje você não me escapa. —Jogo-a na cama.
— E eu não quero escapar.