Capítulo 5

1989 Palavras
Narração Clara Aquilo era um palácio. mesmo achando um Nicholas um i****a, preciso admitir que i****a sortudo! A cama era super macia e confortável. Achei um pijama de moletom no armário e me serviu bem. Vesti e deitei. Fiquei um tempo deitada e mesmo estando em um quarto perfeito e uma cama maravilhosamente confortável, eu me sentia estranha. Também não é pra menos, estava na casa de Nicholas Fleer, estava indo DORMIR na casa do Nicholas Fleer. Se alguém contasse isso ontem eu gargalharia alto. Mas hoje eu consegui sentir um outro sentimento pelo Nicholas. Senti pena. Sei que ele me mataria se escutasse que sentir isso. Mas hoje pude ver outra face do Nicholas, debaixo daquele garoto a*******e, riquinho e que se acha o dono do mundo. Há um ser humano frágil. Hoje quando olhei pra ele vi um garoto indefeso se apoiando na bebida para tentar fugir dos problemas reais. Os olhos deles senti uma tristeza enorme. Sorrio lembrando da minha reação quando senti mãos na minha cintura. Me virei preparada pra dar uma mãozada na cara do i*****l, mas ao ver o estado do Nicholas, eu não consegui pensar em nada do que tirar ele daquele lugar. Ele parecia estar na pior. Espero que meus amigos não estejam preocupados pelo meu desaparecimento repentino, mas não era a primeira vez que eu fugia de uma festa sem falar com eles. Então acho que eles nem estranharam tanto. Posso imaginar na cara que eles irão fazer quando contar sobre ter que dormir na casa do Nicholas, eles vão pirar. É lógico que vou contar. Não escondo nada dele, não do meus mosqueteiros favoritos. E estava ansiosa para vê suas caras quando eu falasse o que aconteceu. Continuo me revirando na cama, mas não consigo dormir. Me lembro daquelas trufas maravilhosas que havia comido na cozinha. Decido roubar mais um pouco. Me levanto da cama e vou tentando refazer o trajeto até a cozinha. Vamos Clara você consegue! Vou reparando nos detalhes da casa que havia visto, essa casa era uma obra prima. Como futura arquiteta, quero arquitetar uma casa como essa. Penso no que meus pais iriam achar. Eles também eram apaixonados por arquitetura. Quando desço as escadas ouço vozes vou as seguindo e encontro Nicholas sentado no sofá vendo um filme na televisão. Clara: _ Você ainda não dormiu? Ele vira o rosto para mim. Nicholas: _ Estou dormindo nesse exato momento. Não está vendo? Reviro os olhos. Clara: _ Obrigada por me lembrar o quão i****a você é. Nicholas: _ Disponha. E você? Não gostou da cama? Clara: _ Isso seria impossível. Aquela cama parece uma nuvem fofinha. Me sentir no céu. Mas acho que não estou com sono. Nicholas: _ Nem eu. Quer ver algo? Clara: _ Sim, mas como sou muito desavergonhada eu quero mais daquelas deliciosas trufas de chocolate. Ele ri e levanta. Nicholas: _ Vou pegar pra você. Ele se levanta e eu me sento no sofá. Uns minutos depois ele volta com a caixa de trufas na mão e um pote de sorvete na outra. Ele me dá as trufas e fica com o pote de sorvete. Observo ele comendo o sorvete e agora eu quero sorvete! Nicholas: _ O que? Clara: _ Você é um péssimo anfitrião. Nem me ofereceu sorvete. Nicholas: _ Você quer sorvete? Clara: _ Óbvio. Mas depois das trufas. Começo a comer as divinas trufas, acho que vou ficar m*l acostumada. Aquele chocolate era espetacular. Clara: _ A gente vai mesmo vê isso? Nicholas: _ Não gosta de documentários? Clara: _ Eu assisto só quando tem gente chata que quer assistir. Mas você não é essa gente chata não é mesmo, Nicholas? Ele rir e me dá o controle. Nicholas: _ Escolhe alguma coisa. Clara: _ Muito obrigada, é assim que eu gosto o controle na minha mão. Vou procurando algo e vejo que Nicholas dá um suspiro pesado e joga a cabeça para trás. Agora reparando bem ele parece pior do que antes. Deixo o controle dele lado e me viro pra ele. Clara: _ Nicholas? Ele abre os olhos que havia fechado e levanta o seu corpo aproximando-oum pouco mais de mim. Nicholas: _ O que foi, Clara? Clara: _ O que foi eu que te pergunto. Sei que a gente não é próximo e que hoje é quase um milagre. Mas por favor se abra comigo, por que você está assim? Ele suspira, fecha seus olhos, abre os olhos me encara e suspira de novo. Nicholas: _ É complicado falar sobre isso. Ele abaixa a cabeça e olha para as próprias mãos. Coloco minhas mãos em cima das deles e as seguro. Clara: _ Faz um esforço. Consigo vê palavras presas na sua garganta. Palavras que você deveria falar com alguém, sei que não sou uma das suas amigas e que você não confia assim em mim. Mas acredite se quiser falar comigo algo que não queria que eu conte pra ninguém, eu prometo não falar. Ele me encara aqueles olhos verdes estavam nebulosos. Nicholas: _ Eu... Eu... Ele parece lutar internamente para dizer as palavras e eu seguro um pouco mais firmes as suas mãos. Nicholas: _ Eu... Eu matei ele... Sua voz quase não saiu, mas eu consegui ouvi. Aquilo me assustou um pouco, e não disfarcei a minha cara de choque. Mas não faz m*l por que ele não viu, estava de cabeça baixa. Clara: _ Matou quem Nicholas? Tentei soar calma e compreensiva, mas meus olhos estavam procurando algum objeto que eu poderia usar como autodefesa, COMO ASSIM ELE MATOU ALGUÉM? Nicholas: _ Meu irmão... Dito essas palavras ele começou a chorar. E juro que eu nunca imaginei que estaria diante do Nicholas Fleer vendo ele chorar desse jeito. Como um garoto indefeso. Me aproximei e o abracei. Clara: _ Fica calmo. Ele retribuiu meu abraço e me apertou com força enquanto sua cabeça estava apoiada em meu ombro. Nicholas: _ Eu queria tanto voltar no tempo... Clara eu me arrependo tanto... Eu me arrependo tanto... tanto... Ele continuava chorando. Em um choro desesperado, um choro de pura dor. Aquilo me desequilibrou, o estado dele era de partir o coração. Clara: _ O que aconteceu com ele? Nicholas me apertou mais. Achei que ele não queria falar. Mas então começo a ouvir sua voz baixinha. Nicholas: _ Era para mim tomar contar dele naquele dia, eu não podia sair de casa, eu tinha que cuidar dele. Mas eu o levei para uma competição que eu queria ver, e na volta tivemos um acidente de carro... O Gabe... O abracei entendo o que aconteceu. Clara: _ Nicholas não foi a sua culpa. Ele se desfez do abraço. Nicholas: _ Eu estava responsável por ele naquele dia. Foi EU que o levei pra lá. Eu causei tudo isso. Eu matei o meu irmãozinho Clara. Clara: _ Você levou ele para um competição, não levou ele para a morte. Você não sabia o que ia acontecer. Não tinha como adivinhar. Nicholas: _ Se eu não tivesse saído naquele... Clara: _ PARA NICHOLAS! Pare com isso. Você n******e viver a sua vida se culpando por isso. Você n******e prever o que aconteceria. Nicholas: _ Ele tinha 9 anos, ele tinha tanto pra viver. Uma criança cheia de vida. Eu tirei a vida dele. Eu... Coloco minha mãos no rosto dele e o forço a olhar para mim. Clara: _ Nicholas olha pra mim. Foi um ACIDENTE. Você não o matou, isso foi um ACIDENTE. Por favor não se culpe assim. Os olhos dele estavam repletos de culpa e de dor. Eu queria poder faze-lo parar de sentir aquilo. Mas ele não conseguia tirar a culpa de cima dele. Nicholas: _ Eu não consigo. Eu não consigo não me culpar. Eu o vi morrer na minha frente. O meu irmãozinho... Clara, eu nunca vou me perdoar. Meus olhos se encheram de lágrimas. Dava pra sentir a dor nas palavras que ele falava. Clara: _ Seu irmão não gostaria de te ver assim. Pensa bem, acha mesmo que ele está feliz vendo você remoendo essa dor pra sempre? Nicholas: _ Eu acho que essa dor nunca vai sair. Eu sempre vou sentir isso. Sorrio para ele compreensiva. Clara: _ Eu sei que agora parece isso. Que essa dor nunca vai passar. Mas vai chegar um tempo que você vai lembrar com saudade, mas vai entender, vai sarar... Nicholas: _ Você diz isso por que não sabe como é a dor. De saber que nunca mais vou ver ele. Nunca mais, nunca mais... Clara: _ Eu sei exatamente como é essa dor. Eu tive que conviver com ela sempre. Nicholas eu não tenho mais os meus pais comigo. Minha mãe e meu pai morreram também em um acidente de carro. Eles estavam em um táxi indo para minha apresentação de balé. Pensa só se eu não tivesse obrigado a eles a irem me ver, nada disso tinha acontecido. Se eu seguir a sua lógica então também sou culpada. Se EU não tivesse ido naquela apresentação meus pais estariam vivos. Nicholas: _ Isso é diferente. Clara: _ Sim, eu sei. Mas os dois foram acidentes e podiam ter sido evitados se soubéssemos o que aconteceria. Mas por isso que se chama acidente. Não estamos preparados para que isso aconteça. Eu fui morar com meus avós e depois apenas de 5 meses da morte dos meus pais, meu avô também me deixou. Esse sentimento de saudade é tão r**m. Mas acredita em mim, depois de um tempo essa dor terrível que parece que vai te m***r passa. A saudade não. Mas a dor passa. Mas pra passar Nicholas você tem que entender que não é sua culpa. Larga essa culpa de lado. E entenda que a vida é um grande mistério e não sabemos o que vai acontecer. Não se culpe por algo que não dá mais pra mudar. Vai ser em vão. Nicholas: _ Eu sinto tanto a falta dele. Abraço novamente Nicholas e ficamos assim por um tempo. Nicholas se acalma e seu semblante parece um pouco mais tranquilo. Seu rosto ainda está completamente molhado, mas seus olhos pareciam mais calmos. Nicholas: _ Obrigado por me ouvir. Por suas palavras, acho que eu precisava chorar com alguém. Falar o quanto eu me arrependia. Clara: _ Te entendo, desabafar é muito importante, se não falamos o que sentimos, essas palavras abafadas causam muita dor internamente na gente. Nicholas: _ A sábia Anna Clara. Clara: _ Ao dispor. Ele ri e respira profundamente. Nicholas: _ Estou me sentindo bem melhor. Realmente obrigado. Vem cá, pego uma almofada e coloco na minha perna logo o faço repousar sua cabeça ali. Ele deita e eu mexo em seus cabelos. Nicholas: _ O que está fazendo? Clara: _ Minha vó sempre fazia isso comigo, quando meus pais morreram eu não conseguia dormir. Ela mexia em meus cabelos até eu cair no sono. Nicholas: _ Você ficou muito m*l? Clara: _ Eu fiquei desolada, eu gritava, eu chorava, eu perguntava pra Deus por que ele não me levou também. Eu queria me trancar em um lugar e nunca mais sair e a noite quando eu colocava a cabeça no travesseiro meus pensamentos me perturbavam e eu não parava de chorar. Nicholas: _ É estranho pensar me você assim. Clara: _ Depois disso, eu acho que nada mais me afetou assim. Nunca mais chorei depois desse dia, quer dizer emocionada eu até já fiquei, mas chorar depois que meu avô morreu eu nunca mais chorei. Nicholas: _ Clara a menina que nunca mais chorou. Rio e ele também. Ele fecha os olhos e eu continuo mexendo em seus cabelos. Nicholas parecia uma criança ali. Parecia que estava consolando uma criança do orfanato. Não parecia um homem adulto, irritante, dirigindo o seu carrão top com sua pose de dono do mundo. Só parecia um garoto assustado carregando uma dor grande mais nas suas costas. Hoje aprendi um lição, não devemos julgar um livro pela capa, e uma pessoa por sua aparência. Percebo que ele começa a respirar pronfudamente e inspirar. Acho que ele pegou no sono continuo mexendo em seus cabelos e percebo que a televisão continuava passando um documentário chato. Presto atenção até que acho que cochilo...
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