CAPITULO 2

928 Palavras
Acordei sentindo minha cabeça ainda doer, olhei em volta procurando por algo ou alguém. Tava enjoado, visão embaçadona ainda. Tentei levantar e o corpo pesou. Fernanda apareceu com a maior carranca na minha frente e já me deu vontade de rir. Fernanda: Tu é f**a ein, vive empatando f**a dos outros. Por causa de vocês vou ter que largar enfermagem e mudar pra medicina, todo dia uma novidade. Um enredo! Lico: Ih oh, para de graça tu, mina. Sinal que tamo ajudando você na sua formação. Da nada. Fernanda: Da nada? Tu teve um concussão. Da onde tu tirou a ideia de jogar um carro, Lico? Queria morrer e levar geral junto. Tua sorte é que cês pagam bem! - falou enquanto andava de um lado para o outro, parecendo está aflita - Porque da próxima vez que me tirarem de casa dizendo que tu ta morrendo e eu souber que você jogou um carro de uma "ponte" mesmo que ela não tenha nem dois metrôs de altura, eu me recuso a vir aqui. Conheci a Fernanda numa missão aqui pelo morro. Invasão dos alemão, três dias de confronto, vários amigos baleado. Chefão tinha tomado um tiro de fuzil e nós tava abalado sem saber o que fazer. Brotamos na hora lá no UPA, vários médico peidaram disseram que não tinha como ajudar. Cagaram legal na latinha, dai me veio essa criatura com meio metro de altura, cheia de marra falando que ajudava mas que tinha que ser pelo menos 2K limpo na mão dela. Mercenária mermo, mas não tá errada não. Dai ta ai, ja vem de maior tempão só vem ganhando a confiança de geral. Nunca abandonou mas sempre vem cheia dos sermões dizendo que na próxima não vai ajudar, mas ta sempre aqui. Robinho: Ih, Fernanda ta mandada, falando pra c*****o já. - Falou se jogando no sofá velho ao meu lado - Cês deram muita confiança pra essa ai. Lico: Dá nada, cria. Deixa a mina, fica logo nervosa. Mas diz que não se importa com nós - debochei. Fernanda: Tô mandada merrrrmo, Robinho. Deixa acontecer alguma coisa com você, pra tu vê se apareço. Vai ficar uns dois dias sentindo dor pra deixar de ser o****o. Agora deixa eu ir pra um assunto sério aqui. Robinho: tô falando? As confiança. Fica de muita marra que desce logo careca. Lico: Dá teu papo! - Consegui me sentar mas o enjôo permanência. Fernanda: Falando sério, pelo grau do ferimento ai e dos sintomas acho melhor você da uma segurada. Ficar na adrenalina o tempo todo, tem horas que o corpo cobra sabe? - assenti - Tu vai ficar um tempo enjoado, vai continuar sentindo dor de cabeça então o que tu tiver pra resolver que seja depois porque nem sei direito como isso funciona - riu sem graça e suspirou. Lico: Tá tranquilo, vou ver essa meta ai. Fernanda saiu do barraco e o MK apareceu, ja com a roupa trocada e tragando um cigarro. MK: chefão deu o papo que ta orgulhoso do assalto, e desejou melhoras ai. - Demos um toque. Lico: Mec. MK: mas mandar o papo reto, tu caiu igual uma moça, LC. Igual m***a, papo é reto - Ele e Robin começaram a rir e eu fechei a cara dando dedo pros dois. Tava sujão, doido pra tomar uma ducha, cheio de dor e esses menor nessa. Lico: É, mas era eu mermo que tava orando altão dentro do carro quase se cagando né, cuzão? Ficaram maior tempão ali enchendo a p***a do meu saco, esses menor perde a linha leva tudo na s*******m. Nem dei ideia, tracei logo meu destino pra banheiro e liguei o chuveiro. Fiquei na minha pensando no papo da Fernanda, já tem maior tempão que ela vem falando pra eu desacelerar. Que vai ter hora que o corpo vai cobrar, mas não tem como tá ligado? Sempre vai ter missão atrás de missão, e nós tem que colocar a cara a t**a mermo. Tamo ligado que nesse meio só se tem dois caminhos: a morte ou a tranca. E só eu sei o que já passei dentro de presídio, longe de mim voltar pra um manicômio daquele. Ver minha coroa se humilhar pra fazer uma visita. Sou sujeito homem pra c*****o pra dá bons resultados em todo assalto que tô. Boto carão mermo pra qualquer trocação, morre todos nós vamos um dia mermo e no dia que eu tiver que ir, foi com a permissão do lá de cima. Nós fica um, dois dia de cama e na metade do segundo tamo na boca de novo, vendendo tudo que tiver que vender pra depois só colher os frutos. Tô fechado com isso aqui a muito tempo, nasci pra isso. O crime me abraçou igual uma mãe, mas na hora de arrebentar, arrebenta mais que uma. Tenho consciência de que isso aqui não é vida pra ninguém não, mas enche o prato de comida, ta ligado? Faz a gente ter poder de dá uma casa pra mãe, chegar e comprar a blusa, o chinelo, o balcão e se quiser mermo, ate a modelo. Sendo sincerão, fugi muito disso aqui, mas é aquilo, não foi eu quem escolhi o crime, o crime que me escolheu. Passei por muito bagulho pra está onde eu estou, muito artigo ai nas costas. Muita vivência e sempre plantando humildade. Sempre fazendo o melhor pros meus, mas sempre ligado na maldade que é o que mais tem. O dinheiro e o poder faz o homem perder sua essência, pra alguns é inevitável...
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