Capitulo 18

2141 Palavras
No dia seguinte, Paula recebeu uma visita totalmente inesperada. — Senhor Antônio, entre por favor e não repare na bagunça, cheguei de viagem recentemente e ainda não tive como colocar ordem tudo isso. — Você deve saber o motivo que me traz até aqui. Infelizmente seu pai já não paga o aluguel há dois meses, a situação está complicada para todo mundo e eu já não tenho mais como esperar. — disso o homem, claramente relutante. — O senhor não sabe como me envergonha saber disso, achei que o atraso era apenas referente a esse último mês. — Não, seu pai todo o tempo, pagou da forma que quis. Sempre deixava acumular, inventava várias desculpas, peço perdão pelo que eu vou dizer, mas preciso que vocês deixem a casa em uma semana! Paula ficou muito surpresa por mais que soubesse que o pai havia cometido um grave erro ao negligenciar o pagamento do aluguel, não pensou que a situação se arrastava há tanto tempo. — Por favor, senhor Antônio, como eu disse ao senhor, acabei de chegar de uma viagem e ainda não tive tempo de reorganizar a minha vida e procurar um trabalho. Uma semana é pouco demais para conseguir colocar as coisas de volta em seu lugar. As lágrimas dela o comoveram, ele sabia que aquela moça estava enfrentando uma situação complicada vou ter que lidar com um pai alcoólatra. — Está bem Paula, apenas por você eu darei o prazo de um mês e nada mais do que isso. — Eu agradeço. Paula sentia muita preocupação diante da urgência de deixar a casa e conseguir um trabalho. "Sinceramente, não sei o que vou fazer para conseguir esse dinheiro em um tempo tão recorde," pensava consigo mesma. A pressão para quitar aquela dívida era enorme, ainda mais agora que precisavam achar outro lugar para morar. Sabia que seria extremamente difícil encontrar uma casa com valor tão baixo de aluguel. Ela o acompanhou até a porta e, depois, foi ao quarto do pai. Ao vê-lo dormindo tranquilamente, parecia alheio a todos os problemas e preocupações. Era como se ele não percebesse a gravidade da situação ou simplesmente decidisse ignorá-la, vivendo em uma bolha de tranquilidade que a deixava furiosa. — Papai acorde, precisamos conversar e dar um jeito nessa situação e com urgência. — Me deixa em paz, estou dormindo! Longe dali... Sheila havia levado o pai para viver em sua casa para que assim pudesse cuidar melhor dele, não queria ter que se ausentar muito menos agora que Robson havia chegado e ela precisava conseguir de volta a atenção dele. Era uma terça-feira, ela já tinha mandado Jonas para escola na van escolar. Robson ainda estava se reorganizando para voltar às aulas, sua primeira aula seria apenas amanhã no terceiro horário matutino. Ela havia preparado o café da manhã para levar até o quarto do pai, mas ao perceber que ela estava cansada daquela rotina, Robson se ofereceu para ajudá-la. — Dê-me isso, vou levar para ele, ontem cheguei tarde e não quis acordá-lo. Sheila forçou um sorriso de gratidão, Robson foi até o quarto. Delicadamente abriu o trinco da porta e deu alguns passos até a cama onde seu sogro estava, ele dormia muito calmamente de barriga para cima. — Bom dia, eu trouxe o seu café da manhã! Robson chamou por ele, percebeu que nada havia acontecido e ele permanecia totalmente imóvel de olhos fechados. Ao tentar sentir a respiração dele, percebeu que seu sogro havia falecido na noite anterior e já estava rígido e frio. Sabia o quanto Sheila e Jonas sofreriam aquela perda, deixou a bandeja no quarto e foi até a cozinha para tentar dar a notícia a ela usando a forma menos traumática que conseguisse. Robson não sabia quais palavras usar, então ele deixei que sua linguagem corporal explicasse o que havia acontecido a ela enquanto a abraçava. — Acho que sei o que quer dizer com isso, Robson, não lamente o que posso ter feito e apenas deixe tudo isso no passado. — disse ele, confundindo as situações. Gentilmente, ele ergueu o rosto dela para olhar em seus olhos. — Ele se foi e você precisa ser forte pelo nosso filho! Só então ela entendeu e se permitiu chorar, Robson começou a cuidar de todos os detalhes para que o velório ocorresse. Como a morte havia sido por causas naturais, não seria necessário realizar uma perícia demorada e logo o corpo seria liberado pelo IML para que pudessem velá-lo. Buscou Jonas na escola, foi com ele até uma pracinha e Robson começou a tentar esclarecer o que estava acontecendo. Nunca é fácil explicar alguém que você nunca mais poderá encontrar determinada pessoa, pois a morte a levou e muito menos a uma criança especial. — Quero que agora você olhe para o céu, pode imaginar todas as coisas lindas que existem lá? — Sim, papai, eu consigo pensar! — respondeu ele. — Entre todas as coisas especiais que existem agora, naquele lugar há uma pessoa que amamos. Seu avô foi morar com Deus! Jonas ficou pensativo e olhando para cima durante alguns minutos. — Podemos ir para lá também? Robson o abraçou, evitou chorar em sua frente e pediria para que Sheila fizesse o mesmo. Como é de direito, Robson recebeu alguns dias de folga para permanecer ao lado da família naquele momento de luto. Paula voltou às aulas e se encontrou com Tamara, as duas conversaram durante muito tempo no refeitório. — Eu não estava errada ao dizer que seu pai estava completamente maluco! — É um pouco pior do que isso, Tamara, já enfrentei outras recaídas dele, mas essa parece estar mais intensa. — respondeu Paula, aflita. — Se eu fosse você me mudaria daquela casa e não viveria mais com ele! — Parece ironia você dizer isso, não só eu, mas ele também. Teremos que deixar aquela casa, não me envergonho de falar a verdade para você, meu pai ao invés de pagar o aluguel bebeu todo o dinheiro e agora além de termos uma dívida enorme temos um prazo pequeno para sair de lá. — Nem sei o que dizer a você! — Lamentou Tamara. — Terei que procurar um emprego nem que seja à noite. — Você não vai conseguir estudar e trabalhar simultaneamente, Paula, seria loucura e você iria se tornar verdadeiro zumbi pela falta de sono. — Não posso deixar a minha vida nas mãos de alguém como meu pai, ele ainda não acordou e eu não tenho tempo para esperar que os anos passem e eu perca toda a minha juventude tentando fazer dele um homem de verdade. — Eu te admiro muito amiga e verei o que posso fazer para te ajudar, Robson telefonou para você ou mandou alguma mensagem? — perguntou Tamara. — Não, e esses dias que estamos sem aula dele me faz pensar que está fugindo de mim. — Você disse que ele pediu um tempo para vocês dois! — Sim, mas esse tempo está ferindo o meu coração e eu descobri que gosto dele de verdade. — Também acho que ele gosta de você, bastava ver a forma que te tratava durante aquela viagem. Vocês dois só precisam ter um pouco de paciência, vou dar um jeito de sondar porque ele tem faltado às aulas nesses últimos dias e está sendo substituído por outro professor. Robson sentiu que permanecer ao lado de sua família nos últimos dias era o lugar onde deveria estar, mas seu coração doía de saudades de Paula. Naquele dia, ele teria sua última aula na turma dela e já se preparava para ir para a faculdade. — Por que está se arrumando? — Sheila perguntou. — Vou para a faculdade! — Mas sua licença não acabou, ainda tem mais dois dias. — Eu sei disso, mas preciso trabalhar. — Não posso acreditar que esteja deixando a mim e ao seu filho para cuidar daquele bando de alunos mimados insuportáveis! — gritou ela. — Já vivemos esse luto, Sheila, permanecermos trancados aqui o tempo inteiro não será bom inclusive para o nosso filho. Ela não ficou nada satisfeita com a decisão dele, mas Robson também não deu tempo para que Sheila alongasse aquela discussão, pegou suas coisas e saiu. Sheila chorou de tanto ódio, claro que ele estava indo m***r a saudade de sua amante e ela não podia suportar ser deixada depois da morte de seu pai. Os dois já não tinham relações desde a volta dele, sua sensação de abandono era tão grande que ela atribuía de maneira equivocada para seu filho. Ela estava decidida a encontrar algo que pudesse provar que ele estava tendo um caso com Paula, se conseguisse fazer isso poderia chantageá-lo para desmoralizar sua carreira e certamente ele não iria querer isto. Foi para o quarto e esvaziou todas as gavetas à procura de algum indício de traição, não encontrou nada comprometedor. Robson já não deixava seu celular em locais onde ela teria fácil acesso, Sheila sabia que havia um lugar onde ela poderia não pensaria em procurar. Durante alguns daqueles dias, Jonas estava dormindo com ela no quarto do casal e Robson ficava no quarto de hóspedes do andar de baixo. Ela desceu as escadas, entrou, fechou a porta e começou a esvaziar todas as gavetas da cômoda, na última delas, encontrou a caixa com o celular. — Então esse é o aparelho que você disse que seria o prêmio de um sorteio, se não está com aquela vadia... Por que está com você? É o que eu vou descobrir agora mesmo. Ela tentou ligar o aparelho, mas estava totalmente descarregado. Procurou dentro da caixa e não encontrou nenhum carregador, seu celular era da mesma marca, porém de uma linha um pouco mais antiga. Levou para o seu quarto e conectou o cabo, alguns segundos depois o celular acendeu. Sheila conseguiu ligar ele facilmente, na p******o de tela havia uma bela foto de Paula. O coração dela ficou apertado, sabia que iria ter a confirmação daquilo que por tanto tempo suspeitou, mas ela não conseguia desbloquear o aparelho que possuía senha. Pensou em Laura e telefonou para ela, obviamente se colocou à disposição para ajudar a descobrir aquela traição e prometeu encontrar e mandar um hacker para a casa de sua mais nova amiga no dia seguinte. Já que Robson havia voltado ao trabalho, Sheila sabia que amanhã ele estaria fora praticamente o dia inteiro. Paula não estava se sentindo bem para assistir a última aula, decidiu voltar para casa um pouco mais cedo. Ainda tinha pouco dinheiro guardado que não havia sido gasto em sua viagem, passou por um supermercado e comprou algumas coisas para levar. Robson achou que haveria naquele dia, ficou o tempo todo olhando para Tamara como se clamasse por notícias dela. Assim que terminou a aula, ele foi conversar com a amiga da jovem. — Por que Paula não veio para a aula hoje? — Ela veio professor, mas ela precisou voltar para casa um pouco mais cedo. Tamara não quis contar a ele que estava acontecendo com a amiga, nem invadir a i********e da outra por falar o que não deveria. — Entendi! — respondeu ele. Robson pensou que ela teria saído mais cedo justamente para não se encontrar com ele, voltou para casa e encontrou Sheila com Jonas na sala de estar. Ela havia deixado tudo em seu devido lugar sem qualquer sinal de que havia encontrado aquele aparelho, agiu da mesma forma com ele. — Conseguiu se distrair com sua aula? — Por favor, não deboche, Sheila. Você sabe o quanto eu estimava o seu pai e que a perda dele doeu em mim também. — Eu sei que sim, perdoe-me se pareceu esse tipo de insinuação. Temos que parar com esse tipo de conflito, nosso filho precisa de paz e de harmonia entre nós... só quero que tudo volte a ser como era antes. Enquanto a esposa colocava o garoto para dormir na cama, ele permaneceu no andar debaixo tomando uma taça de vinho. Mesmo que Paula estivesse disposta a terminar o que viveram, teria que olhar em seus olhos e dizer que não havia mais qualquer sentimento. — A bagagem que eu trouxe de volta daquela viagem vai me acompanhar para o resto da vida! Ele colocou a taça vazia sobre o imóvel, subiu cada degrau daquela escada sem a menor vontade de se deitar ao lado da mulher que já não amava mais. Paula havia feito o jantar, acabou dormindo sentada à mesa enquanto aguardava que o pai voltasse da farra. Despertou, pensou em Robson e no quanto era amada e protegida. — Ele nunca deixaria tudo o que construiu por alguém que não tem absolutamente nada. Amanhã mesmo vou procurar um emprego ainda que seja à noite, não posso esperar os dias passarem e chegar a ho
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