05

2254 Palavras
Christopher Acordei com o barulho do despertador pela manhã, tomei banho e fui arrumar minha mochila para ir à escola. Acabei encontrando um álbum de fotos de quando era criança e comecei a olhar. Em uma das fotos eu estava acompanhado de Danna. Nós devíamos ter uns 10 anos ali.  — Distraído? — ouvi a voz de minha mãe à porta.  — Ah, oi mãe! Achei esse álbum antigo e estava dando uma olhada. — Eu adoro essa foto. — falou sorrindo pegando o álbum nas mãos. — Sabe que eu sempre achei que vocês iriam namorar? — Mas por que? — franzi a testa. — Vocês não se desgrudavam e eu lembro bem que você me dizia que gostava dela.  — Ah, é verdade, eu nem lembrava disso. — falei rindo. — A Danna vai tirar muito sarro da minha cara quando eu contar isso pra ela.  — Bom, eu ainda acho que um dia vocês vão ficar juntos.  — Mãe, não viaja!  — Você ainda vai dizer que eu avisei. Agora vai tomar café da manhã logo pra não se atrasar. — ela beijou minha testa e saiu. Guardei as fotos e desci as escadas. Ana já estava na mesa comendo, eu sentei ao seu lado. — Aproveita bem o teu último dia de vida. — falou.  — O que? — franzi a testa.  — Becky soube que você e Danna andaram olhando o pôr do sol lá no penhasco onde vocês se pegam. — respirei fundo. —E o que tem demais nisso?  — Ela odeia a Danna.  — Ela nunca disse que odeia a Danna.  — Não disse pra você. — deu de ombros. — Enfim, boa sorte. — ela se levantou e eu pude ouvir ela sair de carro com Christian. Terminei meu café da manhã e saí de casa. Danna já estava me esperando. Nos abraçamos, depois entramos em meu carro para ir até o colégio.  — Encontrei algumas fotos nossas de quando éramos crianças.  — Sério? Depois eu quero dar uma olhada.  — Sabe uma coisa louca que eu acabei lembrando? Eu era apaixonado por você. — dei risada e estranhei quando vi que ela ficou boquiaberta. — O que foi?  — Tá zoando com a minha cara?  — Não. — ri. — Tem algum problema nisso? — Por que você não me contou? — Tipo, na época? — ela assentiu. — Porque a gente tinha dez anos. — dei de ombros. Ela ficou realmente muito estranha. — Te contei isso pra você rir, não pra ficar com cara de enterro.  — Não tô com cara nenhuma, só não vejo motivo pra achar graça. — falou como se estivesse ofendida.  — Uou... Relaxa.  — Por acaso é engraçado alguém se apaixonar por mim? — Eu não disse isso.  — Deve ser porque ninguém nunca se apaixona por mim, deve ter algum problema comigo. — bufou.  — Não tem problema nenhum com você. E sinceramente, aposto que tem vários caras que dariam tudo pra sair com você.  — Anrram. — falou com ironia.  — Você tá bem? — ela esfregou os olhos e suspirou.  — Tô, desculpa pelo estresse, deve ser TPM.  — Ah bom, achei que eu tinha feito algo errado.  — Posso fazer uma pergunta?  — Pode.  — Por que deixou de gostar de mim?  — Não sei, talvez o tempo só tenha passado e eu vi que não era pra ser. Bem, eu era criança. — Ok...  Não falamos mais sobre o assunto até chegarmos ao colégio. Danna foi direto pra sala de aula e eu fiquei conversando no corredor com Christian.  — Por que ela tá com essa cara de poucos amigos? — perguntou ele referindo-se a Danna. — Ela disse que era TPM, mas ficou assim depois que falei que já fui apaixonado por ela. — Já foi? — perguntou surpreso.  — Nós éramos crianças. — dei de ombros.  — E ela ficou nervosinha por causa disso?  — Mulher é tudo doida, não é? — ri.  — Sei não... sabe, sempre achei que ela gosta de você.  — Que?  — Eu costumo reparar nessas coisas e tá bem na cara que ela é amarradinha em você.  — Você deve estar confundido as coisas por nós sermos muito amigos.  — Escuta o que eu tô dizendo, eu sei das coisas.  — Você ACHA que sabe. — dei risada. — Pensa só, ela nunca pegou ninguém na vida dela e odeia toda garota com quem você fica.  — É ciúme de irmã. — dei de ombros. — Quanto aos caras, Danna é bem reservada e eu acho até melhor que ela seja seletiva, poucos homens valem a pena.  — Ou ela só tem olhos pra você. — Deixa de ideia errada. — dei um leve tapa em sua cabeça.  — Então, será que ela aceitaria sair comigo?  — Como é que é? — arqueei a sobrancelha.  — Sempre achei a Danna muito bonita, além de que ela é super inteligente também e você vive dizendo o quanto ela é legal e interessante...  — Ou talvez você só queira colocar ela na sua lista. — falei com ironia.  — Qual é, irmãozinho! Juro que com a Danna será diferente, eu não machucaria alguém que é importante pra você. — sorriu.  — Eu vou pensar no seu caso.  — Valeu! — deu um leve tapa em meu ombro. — Vish... — falou olhando atrás de mim. Quando virei para ver o que era, Becky vinha andando na nossa direção. — Boa sorte, irmãozinho! — Christian se retirou.  — Oi, meu amor! — fui para beija-la, mas ela desviou.  — Que tipo de desculpa esfarrapada você vai me dar?? — perguntou com raiva.  — Como assim? — Você saiu do colégio pra ficar com ela no nosso local de encontro!! Como você tem coragem??  — Quem te contou?  — Não interessa! E por que se preocupa? Por acaso não era pra eu saber?  — Eu não estava fazendo nada de errado.  — Se não estava, por que foi sem avisar?? — Porque eu sabia que você ia dar chilique! — Muito bom ver que você faz as coisas pelas minhas costas!  — Meu Deus, Becky...  — Você deveria se envergonhar de levar ela no mesmo local que me leva!  — Me envergonhar, por quê? Por acaso ela é minha amante? Ela é só minha amiga e eu já tinha ido com ela lá várias vezes antes de conhecer você.  — Então deve ser por isso que ela é apaixonada por você!  — O que?? Tá ficando doida?  — Acho que doido é você que é o único cego que não percebeu que essa garota gosta de você!  — Você cismou com ela sem motivo nenhum e tá criando paranoia na sua cabeça.  — Mais cedo ou mais tarde você vai ver que eu tenho razão. — respirei fundo. — Ainda estou esperando você me pedir desculpas.  — Como a Danna disse ontem: eu não vou pedir desculpas porque não sinto que fiz algo de errado. — Você sempre vai ficar do lado dela, não é?  — Engraçado você dizer isso, porque ela acha que eu sempre vou ficar do seu lado. — Cansei de fingir que gosto dela...  — Nunca te obriguei a fingir nada. — dei de ombros. — Enfim, melhor a gente entrar pra não perder aula. — ela entrou na sala de aula e percebi que sentou bem longe de onde costuma sentar, ao meu lado. Sentei ao lado de Christian.  — Já vi que a conversa não foi legal. — disse ele.  — Por que a Becky tem que ser tão possessiva?  — Não sei porque você ainda não terminou com ela.  — Cara, eu gosto dela.  — Mas não ama, ou ama?  — Ah... — eu não sabia o que dizer. — Eu nunca parei pra pensar nisso.  — É, realmente seria melhor terminar.  Não respondi mais nada e fiquei pensando no que ele havia dito. Será que valia a pena continuar com ela mesmo não tendo total certeza do meu amor?  Na hora do intervalo, eu fui até o refeitório e vi Danna sozinha lendo um livro em uma das mesas. Fui até lá e sentei ao seu lado. Ela fechou o livro e sorriu. — Sozinha? — perguntei.  — Zora precisou ir no médico e Afonso estava com preguiça demais pra vir à escola. — riu.  — Então vou te fazer companhia.  — O que aconteceu entre você e Becky?  — Tá tão na cara assim?  — Vocês sentaram longe na sala de aula e bem... acho que seria mais fácil você me chamar pra sentar na mesa de vocês do que vir sentar sozinho comigo.  — Ela não gostou de saber que eu te levei até o penhasco, porque é lá que a gente fica às vezes.  — Ah... — desviou o olhar. — Mas a briga foi séria?  — Sinceramente? Eu não sei se eu consigo mais conviver com ela. Ela não gosta de você, isso me incomoda. E hoje o Christian me perguntou se eu a amava e eu não soube o que dizer.  — Você não a ama? — ela perguntou aquilo quase sorrindo.  — Ficaria feliz se eu dissesse que "não"? — franzi a testa.  — Ah... eu? — coçou a nuca. — Isso não é da minha conta. — ela pareceu incomodada.  — Tudo bem, eu sei que não gosta dela. Talvez eu tenha uma conversa séria com ela. Enfim... mudando de assunto, eu tenho algo pra te falar.  — Pode falar. — ela abriu a garrafa de água e começou a beber.  — O Christian quer sair com você. — ela engasgou com a água e eu dei alguns tapinhas em suas costas pra ajudar. — Você tá bem? — dei risada.  — O que disse?? — Christian quer sair com você.  — Por que? — ela estava sem acreditar. — Porque você é bonita e porque eu falo muito bem de você pra ele.  — Eu não vou sair com ele. — Por que não? — Ele não faz meu tipo.  — Ninguém faz seu tipo, não é? Porque você não sai com ninguém.  — Qual o problema em não sair com ninguém?  — Nenhum... mas é meio estranho. Por acaso você gosta de alguém? — perguntei lembrando das especulações de Christian e Becky.  — Na..não. — gaguejou.  — Ficou nervosa?  — Ai meu Deus, Christopher! É tão importante assim que eu saia com alguém? — Só fiz uma pergunta... — falei desconfiado. — Não vai mesmo sair com o Christian? — insisti.  — É que... eu já tô saindo com alguém... — desviou o olhar.  — Que? Quem?  — Afonso! — E por que não me contou?  — Sabe que eu nunca fiquei com ninguém, não sei como agir...  — Eu sabia que tinha alguma coisa entre vocês! — sorri. — Você gosta dele?  — S..sim. — Que ótimo! Tô realmente feliz com isso. — ela sorriu sem jeito.  Nós ficamos conversando durante todo o intervalo e depois, fomos para os nossos respectivos clubes.  Estava no campo me aquecendo, quando vi Becky de longe ensaiando com as líderes de torcida. Ela parecia chateada.  Na saída do colégio, após o horário do treino, vi Becky mexendo no celular distraída e me aproximei.  — Tudo bem? — perguntei.  — Ainda se importa? — Nossa... eu nunca vou deixar de me importar com você. — ela sorriu de lado.  — Foi a coisa mais linda que me disse hoje. — Eu sei que você esperava isso de mim... então... me desculpa. Eu deveria ter avisado que iria sair com a Danna. Mas não vou pedir desculpas por ter levado ela ao penhasco, porque acho que isso não foi errado.  — Tudo bem... — suspirou. — Eu vou tentar não ficar de birra por causa dela. — Eu ficaria agradecido. — sorri. Segurei seu queixo e lhe dei um beijo carinhoso.  — Acho que ela tá te esperando pra vocês irem pra casa. — falou apontando na direção onde Danna estava.  — Ok, até mais, amor! — dei um último beijo nela e fui em direção a Danna.  — Se acertaram? — perguntou.  — Não quero estar num clima r**m com ela caso precise conversar sobre o nosso relacionamento. Achei melhor esfriar as coisas. — Faz bem. — sorriu de lado. — Vamos?  — Vamos.  Assim que cheguei em casa, tomei um banho e vesti uma roupa confortável. Da minha janela, pude ver Danna conversando no celular com alguém enquanto andava de um lado para o outro. Ela nem percebeu que eu estava a olhando.  Liguei meu x-box e coloquei um jogo qualquer, mas não parava de olhar para Danna em seu quarto a cada instante. Eu gostava de observá-la quando estava sozinha, parecia muito mais em paz do que quando está perto de outras pessoas.  Alguns minutos se passaram e eu pude ver Afonso entrar no quarto dela. Eles se abraçaram, sentaram na cama dela e começaram a conversar.  Em um momento, ela olhou para a minha janela e me viu os observando. Deu um tchauzinho e um sorriso com cara de "desculpe", e em seguida, fechou as cortinas.  Por algum motivo, eu não gostei nada daquilo. Talvez ela quisesse ter mais privacidade, já que estava saindo com ele, mas mesmo assim o fato de ela não querer que eu veja significava que os dois iriam ficar num momento de mais i********e e aquilo me incomodava. Talvez seja ciúmes de irmão, algo consideravelmente normal, certo?
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