Rei narrando A quadra tava lotada. Tão cheia que o som do batidão batia no peito igual tiro de 9mm. As luzes piscavam como se o céu tivesse caindo. Moleque com camisa da Lacoste, corrente de ouro, whisky na mão. As mina tudo produzida, rebolando no ritmo, como se a noite fosse delas. Mas pra mim? Aquilo ali era só fumaça. Ilusão. Eu sabia que a única pessoa que eu queria ver não tava ali embaixo no meio da massa. Rafaela. Ela ia tá no camarote. Sem me esconder, segui direto na direção da escada. O povo ia abrindo caminho, alguns cochichando, outros só me observando como se não soubessem se aplaudiam ou se corriam. Quando cheguei na base da escada, o vapor que fazia segurança ali já me reconheceu. Foi rápido. Botou o fuzil no meu peito sem pestanejar. — Que tu tá fazendo aqui, Rei?

