Capítulo 6

1800 Palavras
— Você tem certeza? — Yun perguntou, pela terceira vez, ainda meio emburrada e insatisfeita. — Não tem problema irmos ao jogo, Eliz vai estar lá animando a torcida, vamos vê-la também — Zara tentou melhorar o humor da amiga, tentando convencê-la de que iriam somente por causa de Eliz. As duas caminhavam apressadas em direção ao grande campo de futebol da escola. A movimentação de alunos era grande, todos correndo apressados para garantirem um bom lugar no primeiro jogo da temporada. A noite estava fria, muito fria. Zara não estava tão acostumada a temperaturas tão baixas, sempre se mantinha em sua lâmpada nas frias noites do deserto da arábia, então, sair naquele horário e com um frio congelante era novidade para ela. Usava um suéter vermelho e uma calça jeans justa, luvas pretas e sua cabeça estava confortavelmente aquecida por uma touca igualmente preta. Seus cabelos estavam presos numa trança, deixando seu rosto um pouco mais visível que o normal. Yun, como a Jinn, estava bem agasalhada, porém, a oriental não sentia tanto frio quanto a amiga ao seu lado, estava habituada ao clima de Corning, que mudava de uma hora para outra. — Pode enganar a ruiva, mas a mim não, mocinha — ralhou a outra, ainda emburrada. — Mas, se quer mesmo fazer isso, não vou te impedir. Afinal, exceto o quarterback, os outros caras do time são legais. Após vencê-la pelo cansaço, as duas meninas procuraram um bom lugar na arquibancada, que já estava lotada. O time da escola jogaria contra um dos times da cidade vizinha, Cortland. Ouvia-se o boato de que era um time bastante desafiador, afinal, haviam sido campeões do estadual dois anos seguidos. Os garotos estavam ansiosos para tirar a taça dos meninos de Cortland, e Zara estava mais que ansiosa para exercitar seu poder e tentar ajudá-los, mesmo que secretamente, nisso. Quando as animadoras entraram, logo avistaram Eliz, que fez vários saltos e executou a coreografia com perfeição, arrancando alguns gritos empolgados de Yun, que só parou quando percebeu que as pessoas estavam olhando demais. Em seguida, as líderes do time adversário também tomaram o campo, trazendo seus jogadores. Apesar de não entender bem a dinâmica do jogo, a Jinn gritava e apoiava os jogadores, que pareciam estar se virando bem apesar do placar apertado. Ela estava num local bastante visível, o que implicou em alguns pontos dedicados a si por pura empolgação dos jogadores, de quem ela havia conquistado a simpatia naquela semana. Apesar de saber que eles venceriam a partida, Zara soube por Yun que precisariam de uma boa vantagem para desclassificar o time de Cortland da temporada de jogos, por isso, quando faltavam menos de quinze minutos para o fim do jogo, ela fechou os olhos e inspirou profundamente, mordendo o lábio inferior. “Desejo que o time de Corning marque dez pontos nos últimos quinze minutos``, mentalmente, colocou em prática o que seu pai havia lhe dito, especificar sempre, ao máximo, o que estava desejando, pois a magia age com situações ao pé da letra. A gênia sentia que ficava cada vez melhor nisso e, como esperava, os pontos começaram a virar e, no fim, os garotos haviam aberto uma vantagem de mais de vinte pontos, vencendo a partida com louvor e dobrando a quantidade de pontos desejados por ela com seu próprio esforço. Yun comemorou como se a vitória fosse sua, abraçou Zara e, depois, correu para baixo, entrando no gramado para encontrar Eliz. Depois disso, a morena não as viu mais e, por isso, seguiu para a saída, planejando ir para casa sozinha. Caminhava preguiçosamente, pretendia aproveitar a multidão de jovens eufóricos para sair de fininho. Contudo, seu plano não funcionou muito bem. Assim que chegou ao fim das arquibancadas, um grupo de garotos a interceptou, rodeando-a numa confusão de gritos e comemorações, erguendo a pequena garota, que estava paralisada de medo e nervosismo. Os membros do time estavam extremamente animados e eufóricos, a vitória os garantia um novo jogo dali a quinze dias, vencendo-o, estariam nas quartas de final. Apesar de desprezada entre os jinns, que em sua maioria tinham personalidades difíceis de lidar e eram muito críticos, Zara começava a acreditar que os humanos tinham uma predisposição a gostar de pessoas que representavam seus opostos. Ao menos essa era sua única teoria para justificar o carinho que havia conquistado, não se sentia tão interessante para atrair a amizade de alguém sem algum motivo, eles não sabiam da sua magia, mas acreditavam que ela era um amuleto da sorte e isso lhe parecia a única explicação plausível para ser tão bem tratada. — Como assim o nosso pé de coelho estava saindo de fininho? — perguntou Lohan, aparecendo entre os garotos assim que eles a colocaram no chão. — Parece que você dá sorte mesmo, novata. — Foi só uma coincidência — ela falou, sorrindo um tanto quanto sem graça. — Coincidência ou não... — Lucas interrompeu, entrando na frente de Zara e sorrindo alegremente. — Você vem comemorar com a gente! — Eu não... — Sem negações! — Lohan reforçou, sorrindo para ela e a pegando pela mão, levando-a consigo para a saída, sendo acompanhado pelo resto do time. — Disse que não ia aceitar recusas, mocinha. Zara não recusou, na verdade, estava gostando bastante de Lohan fazer tanta questão de sua presença assim. Não só ele, como todos os meninos do time, bem, ao menos quase todos. Nathanael parecia m*l-humorado e insatisfeito com a aproximação repentina de Lohan, ele sentia que algo não estava certo e seus sentidos raramente erravam. Apesar disso, não questionou a decisão de levar a esquisita para a comemoração, mas acreditava que não seria uma ideia tão boa assim. {...} Quando chegaram à lanchonete, os garotos juntaram duas mesas e, alguns instantes depois, o grupo das cheerlanders chegou, mas Eliz não estava entre elas, isso deixou a Jinn nervosa. Zara notou o olhar furioso que Emmy lançou em sua direção e, por isso, optou por se sentar ao lado de Lucas, que pareceu bastante feliz com a decisão. Apesar o incidente com o composto químico na primeira semana, o rapaz não parecia guardar rancor algum da Jinn, pelo contrário, Zara chegou até a pensar que ele queria realmente estar com ela e lhe dar atenção. Lucas, por sua vez, estava de fato interessado na Jinn, de certo modo, achava engraçada a forma como a garota conseguia ser encantadora e trabalhada ela conquistou sua simpatia sem esforço algum. Todos estavam muito animados, a euforia da vitória corria pelas veias dos presentes e Zara até conseguiu sustentar conversas tranquilas com o grande grupo, se divertindo bastante por boa parte da noite. Sua personalidade gentil e um pouco atrapalhada cativava facilmente as pessoas, mesmo que ela não acreditasse nisso, e ela logo se enturmou. Porém, nem todos estavam gostando da sua presença ali. Emmy estava bastante insatisfeita com a presença da novata, afinal, ela m*l havia chegado e já estava infiltrando-se em seu ciclo de amigos, aproximando-se do seu namorado, se tornando mais querida todos os dias. Isso a irritava, vê-la recebendo tudo nas mãos, sem o menor esforço e sem sequer se importar, deixava-a enfurecida. Não que ela se esforçasse tanto para sustentar a posição que tinha no que chamava de hierarquia do ensino médio, seu pai lhe garantia o topo da cadeia e ela aproveitava isso ao máximo. A maioria das pessoas diria que aquele era um ódio cego, que o colegial não é tudo isso, mas Emmy o levava bem a sério, acreditando piamente que seus relacionamentos ali definiriam seu futuro, por isso, deveria ser o centro. — Não sabia que as novatas eram convidadas especiais agora — ela alfinetou, interrompendo a conversa que fluía com tranquilidade. — Zara é nosso coelho da sorte — falou Daniel, um intercambista que estava no time desde o primeiro ano. — Além de ser uma menina muito “gente fina” — continuou, usando uma expressão típica do seu país, que deixou todos um pouco confusos. — Isso aí, aposto que, se ela não tivesse aparecido, não teríamos ganhado com uma vantagem tão grande! — declarou outro jogador. Todos estavam convencidos de que Zara era um amuleto da sorte andante e, deste modo, ela sabia que não a deixariam em paz, mas não é como se não fosse divertido. Ela nunca esteve se divertindo entre tantas pessoas, estava adorando cada experiência que conseguia ter e tudo o que podia adquirir. Emmy não disse mais nada, ignorando a presença da gênia durante toda a noite e se focando em seu namorado. Quando a comemoração acabou, a noite já ia longe, Lucas ofereceu-se para levar a morena em casa e, para não levantar questionamentos, apesar de não se sentir tão confortável, ela aceitou. Dessa forma, após se despedir de todos com um aceno e um pequeno sorriso, ambos seguiram para fora da pequena lanchonete e cruzaram o estacionamento, Zara entrou no carro, vendo de relance uma bela moto estacionada entre os outros veículos e se perguntando quem seria o dono. — Espero que tenha gostado da festa... Lohan disse que não podíamos comemorar sem você — Lucas tentou iniciar um papo agradável, apesar de saber da timidez da garota ao seu lado. Ela não sabia como sustentar uma conversa ali, não conseguia pensar em nada para falar que não lhe soasse extremamente bobo, principalmente porque ele foi uma das primeiras vítimas do seu desastre costumeiro na primeira semana de aula, aquilo a deixava ainda mais envergonhada. Por isso, se manteve em silêncio, assim como Lucas que não quis pressioná-la a conversar durante o curto trajeto. — Ele foi bastante gentil, eu gostei de ter ido com vocês — ela comentou, um pouco acanhada. — Pode virar à direita. — Sinalizou, desafivelando o cinto. — Se quiser, pode se sentar na nossa mesa, sabe, pode levar suas amigas também — comentou, despretensiosamente, dando um pequeno sorriso. — Você é realmente uma garota legal. Dito isto o carro parou, bem em frente ao prédio onde a gênia havia se instalado. Ela olhou para Lucas e agradeceu, saindo do carro e acenando antes que ele sumisse nas curvas. Quando entrou em casa, Zara deparou-se com Desejo, sua gatinha de pelos brancos, aguardando por ela na porta do apartamento. Colocou ração para o pequeno felino e se deitou no sofá, sorrindo para si mesma ao pensar na noite divertida que passou, nos momentos em que berrava e gritava em comemoração aos pontos dos meninos, no quão engraçado foi quando Daniel acabou engasgando com sua batata, ficando vermelho como um tomate maduro e ofegante. — Espero ter mais momentos como esses, Desejo.... — sussurrou, sentindo os olhos pesados. — Eu estou muito feliz... *** Não esqueçam de deixar seus comentários, corações e de me seguir no i********:: @autora_evy
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