capítulo 01

1176 Palavras
Valentina . . . Bom, nem sei como começar a falar da minha vida. Sou estudante de medicina, perdi minha mãe há um mês e, desde então, sou obrigada a conviver com meu padrasto drogado, apanhando e sendo forçada a fazer as coisas para ele. Enfim... essa é a minha vida resumida. Acordo às 6 horas com a porcaria do despertador tocando, aquele treco do capeta. Levanto no maior ânimo... viram a ironia? Tomo um banho rápido, porque quero sair de casa o quanto antes para não dar de cara com o meu padrasto. Termino o banho, visto uma roupa, pego minha bolsa e o celular. Quando desço as escadas, dou de cara com ele subindo, nervoso. Achei estranho, até porque ele nunca perde a oportunidade de me xingar ou me bater. Mas quem sou eu pra reclamar? Melhor assim. Pego uma maçã e sigo para a faculdade. [...] Trinta minutos depois, já estou na faculdade. Olho para o portão e vejo o meu bebê. Saio correndo e pulo no colo dele. Oliver: Misericórdia, Valen! O que aconteceu? Que alegria é essa? – ele pergunta, já que sempre chego sem ânimo. Eu: Foi estranho... eu estava descendo pra comer quando dei de cara com meu padrasto. – ele me olha assustado, porque sabe o que eu sofro. – Calma, ele não fez nada, por incrível que pareça. Só me olhou como se algo o preocupasse e subiu sem falar nada, nem me tocou. Oliver: Que bom, né? Mas isso é bem estranho. Bom... hoje vou poder ir na sua casa depois da escola pra ver Netflix? Eu: Claro! Agora vamos, que já está na hora. Fomos em direção à nossa sala. A aula até que foi legal, teve prova surpresa e, para minha própria surpresa, consegui gabaritar. Quando acabou, saímos correndo para a saída. Oliver: Finalmente! Tô morrendo de fome. – fala passando a mão na barriga. Eu: Só pensa em comida. – digo rindo da cara dele. Fomos até o Uber que já nos esperava e passamos o caminho todo conversando. Eu: Então... você pegou a Lídia? Oliver: Que nada, o puto do Lucas atrapalhou tudo. – começo a rir e percebo que já chegamos. Pago o motorista e descemos, ainda rindo. Entro em casa e vejo meu padrasto conversando com um menino loiro. Ele parecia preocupado e calmo ao mesmo tempo. Não notaram nossa presença e Oliver logo me puxou. Oliver: O que tá acontecendo? – cochichou no meu ouvido. Eu: Não sei... – respondi, e logo escutamos o loiro falar. Xxx: Eu esperava tudo de você, menos entregar a sua própria filha. Olhei para Oliver e ele ficou tão assustado quanto eu. Rodrigo: Ela não é minha filha. Podem levar, já vai tarde! Eu e Oliver gritamos sem pensar: Nós dois: Como?! O loiro parecia ter pena de mim. Eu: Do que você tá falando? Eu não vou a lugar nenhum! – falei já desesperada. Rodrigo: Eu te vendi a eles. Você é um peso na minha vida e vai pagar minhas dívidas. Eu não acreditava no que ouvia. Oliver tentou avançar nele, mas o loiro o segurou. Xxx: Eu juro que não queria fazer isso, mas só tô cumprindo ordens. E você, rapaz, é melhor se acalmar. Oliver: Me acalmar?! Esse filho da p**a vendeu minha melhor amiga e você quer que eu me acalme?! Eu já chorava, desesperada. Eu não queria essa vida. Eu: Eu não quero ir! Me deixa ficar com meu irmão em Londres, por favor. Não me leva! Eu não tenho culpa das ações dele! Xxx: Me desculpa, mas eu não posso desrespeitar ordens. Não vou te machucar. Meu nome é DT. Acho melhor irmos logo, porque se o Terror aparecer vai ser pior. Eu / Oliver: Terror... o dono do Alemão?! DT: É. Então facilita meu lado, pega suas coisas e vamos. Subi correndo e me tranquei no quarto, chorando. Por que tudo acontece comigo? Aproveitei que eles estavam lá embaixo e liguei para meu irmão. Ligação on Miguel: Oi, maninha. Eu: Não deixa eles me levarem, por favor! Miguel: Valen, você tá chorando? O que aconteceu? Eu: Aquele desgraçado me vendeu... não deixa eles me levarem! Miguel: Filho da p**a! Eu: Eles estão subindo, por favor... Ligação off Desliguei antes que me vissem. Logo Oliver entrou junto com o tal DT. Oliver já chorava e veio me abraçar. Oliver: Eu não quero que você vá. Eu: Muito menos eu... eu vou poder continuar a faculdade? – perguntei ao DT. DT: Olha, sendo sincero, não faço ideia. Só me mandaram aqui. Oliver: Eu vou poder visitar ela, pelo menos? DT: Só com permissão, mas eu posso dar um jeito. Agora vamos? Sem ter solução, peguei minha caixa de recordações, onde guardo as coisas da minha mãe, do meu irmão e da Lu... esquece. Eu: Vamos. – desci com Oliver me abraçando e vi Rodrigo rindo da minha cara. Rodrigo: Saiba que eu não me arrependo do que tô fazendo. Naquela hora, a raiva me consumiu. Tentei avançar nele, mas me seguraram. Eu: Sabe qual é o seu problema? Você não ama nem a si mesmo! Tava com a minha mãe só pelo dinheiro dela. Achei que ninguém superaria meu pai, mas você é tão pior quanto. Enganou minha mãe todo esse tempo, mandou meu irmão estudar longe só pra me ter como escrava. – falei já em lágrimas, com ódio nos olhos. – Eu não sou mercadoria! Eu vou, mas pode ter certeza: na primeira oportunidade, você não sai ileso. Rodrigo: Seu pai fez pouco. Eu teria matado ela... e você. – cuspiu as palavras na minha cara. Senti meu corpo gelar. Oliver percebeu e me abraçou forte. Eu: Ela era só uma bebê! Vocês merecem morrer, não são nem humanos! Vamos logo, qualquer lugar é melhor do que perto desse ser. – falei, saindo correndo, em prantos. Oliver veio atrás de mim. Como as malas já estavam no carro, só levei minha caixa. Oliver: Eu não vou te deixar, viu, minha Magali. – disse, me fazendo rir de leve. Ele sempre me chamava assim porque eu era fominha. Eu: Não desiste de procurar ela, por favor. Eu sei que ele não matou. Eu não sei se consigo, mas, por favor... – falei baixo no ouvido dele, para o DT não ouvir. Oliver: Pode deixar. Eu te amo muito. – me abraçou ainda mais forte, chorando. Entrei no carro vendo ele ficar. Eu ia embora, chorando sem parar, sem acreditar que aquilo estava acontecendo. DT: Me desculpa... eu não queria fazer isso com você. – falou, e percebi sinceridade em suas palavras. Eu: Por que não tá me tratando m*l? Agora vocês mandam em mim, não é? – perguntei olhando para ele. DT: Só porque eu sou traficante, do morro, e mato quem merece... não quer dizer que eu seja um monstro. Não vou deixar nada acontecer com você. Gostei de tu. E você vai adorar a Alice e a Isabela. Assenti em silêncio e fiquei olhando pela janela, pensando em tudo que mudaria daqui pra frente...
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