Rebeca Linz
— Tá tudo ok? — Pergunto para a minha acessóra.
— Já está tudo lotado, praticamente todos os convidados já chegaram! — Respiro fundo sentindo as minhas mãos úmidas de suor, tô tão nervosa.
Olho para frente e vejo a minha amiga linda, maravilhosa com a sua barriga de alguns meses de gravidez com um sorriso no rosto vindo até mim.
— Você tá tão linda amiga! — Luana diz já fungando, ela grávidinha é uma montanha russa de emoção.
— Amiga, para de chorar, pelo amor de Deus. — Falo e ela sorri secando as lágrimas com batidinhas para não borrar a maquiagem.
— Eu tô tentando, mas ver você construir o seu império é tão lindo, eu sou tão grata por você parte disso. — Olho para a mulher e vejo que ela acabou de arrumar meu cabelo.
Me levanto e fico de frente para a minha amiga, seco suas lágrimas com cuidado para não borrar a maquiagem e acaricio a sua barriga onde ela carrega o meu segundo sobrinho.
— Você faz parte disso como amiga, mãe da minha afilhada, minha irmã e minha sócia majoritária. — Falo e ela sorri. — E vai fazer parte de muitos outros.
— Como assim muitos outros? — Ela pergunta surpresa.
— Eu já fechei contrato com outro local, amanhã começa a construção do meu novo salão e o marido de mamãe já está vendo o negócio das casas. — Ela abre um sorriso lindo.
— Assim como o seu salão tá fazendo muito sucesso lá no morro, tenho certeza que aqui e em outros lugares vai fazer. — Ela diz e eu assisto. — Trouxe isso pra você, agora sempre vamos está com você. — Fala e estende uma sacolinha da Prada.
Pego a sacolinha e abro a caixa, dentro da caixa tem um colar lindo com um diamante único azul na frente.
— Cê sabe que eu nunca vou poder andar com isso aqui no Rio, né? — Pergunto e ela sorri dando de ombros.
— Quem seria pouco de roubar a irmã mais nova do VK? — Ela pergunta rindo.
Nesse meio tempo eu criei uma relação linda com o VK, ele literalmente me chama de irmã mais nova, sempre me busca quando eu tô bêbada em algum lugar, sempre me aconselha, ele literalmente virou o meu irmão mais velho.
Abro o colar de coração e vejo uma foto linda, que tiramos no natal, eu abraçada a Luana e o VK, nossa pequena Luz no colo do papai, Lua com a mão na barriga abraçada a mim com um sorriso lindo.
Respiro fundo sentindo o choro preso na minha garganta, olho para a minha amiga e n**o.
— Sua vagabunda, você vai me fazer borra a maquiagem! — Falo e a abraço com força. — Eu te amo tanto, mas tanto… que chega a doer. — Falo e ela n**a.
— Esse amor é mais que recíproco, vamos? — Ela pergunta, eu sorrio vendo a mulher que está organizando tudo olhar para não duas emocionada.
— Tá tudo certo? — Ela assente, me viro para a Lua e sorrio.
— Vamos! — Falo e seguro em sua mão com força.
Nem parece que tô passando por isso pela segunda vez, mas eu acho que abrir o meu salão em um lugar que todos já me conheciam e frequentava é bem diferente de abrir na barra da Tijuca.
E o mais engraçado é que eu abri meu salão justamente na favela do L7, mas tenho certeza que ele vai ser maduro e vai saber diferenciar relacionamento do profissional.
Quando eu e a Lua somos anunciadas entramos de mãos dadas, eu reparo em cada detalhe, tá tudo tão lindo, tudo tão perfeito.
Lágrimas caem dos meus olhos mas é de felicidade, eu consegui mãe, a sua filha conseguiu!
*****
— Isso aqui tá lindo amiga, eu e minhas amigas já marcamos um upgrade completo, nossos maridos que lutem para pagar a fatura do cartão! — Falou e eu dei um sorriso torto.
Daniela é uma mulher legal, bem mais velha que eu, mas infelizmente sem um pingo de juízo.
O marido dela é advogado, ela poderia tentar se formar, pensar em uma carreira mas não, Daniela só sabe gastar a grana do cara.
Ela não trabalha e só vive de shopping e salão, todo mundo sabe que o cara fala aos quatro cantos que está com ela em um relacionamento de faixada.
Na realidade ele gasta horrores com prostitutas, faz viagens e os c*****o a quatro, ela finge que não vê, afinal ele banca as mordomias dela.
Eu já dei milhares de conselhos, ela já chorou horrores falando comigo, mas a mulher não toma jeito.
Quero ver o dia que ele mete o pé na b***a dela, ela vai sair com uma mão na frente e outra atrás.
É sobre isso que eu falo, nós mulheres devemos sim ter o nosso negócio, trabalhar, ter a nossa grana, pra nunca, NUNCA ter que nos humilhamos para homem.
Eu fico vendo essas mulheres dona de casa qua tem que se humilhar pro marido da cinquenta reais pra ela pelo menos fazer uma hidratação no cabelo.
Graças a Deus eu trabalho feito uma louca, 20por24, mas tô conquistando tudo o que eu quero e tudo o que eu almejo.
— Vem mesmo amiga, e vê se toma jeito! — Falo e ela revira os olhos sorrindo.
— O dia que ele me der um pé na b***a eu pego outro amiga, não nasci pra por a mão na massa, só no dinheiro! — Fala como se aquilo fosse maravilhoso. — Beijos gata, amanhã tô aqui!
Me despeço da Daniela e vou falando com os outros convidados, VK e Lucas me elogiam muito, tiram várias fotos comigo e falam o quanto eu tô estourada.
Quando VK fala que tem um orgulho de mim, da Lua e da Lorena eu meus olhos encheram de lágrimas, VK é o irmãos que a vida e a sentada poderosa da Lua me deu.
No meio de tantas pessoas infelizmente eu não consegui ver uma pessoa que eu queria muito aqui comigo, quando eu finalmente consegui fugi eu fui para o terceiro andar do salão, onde tem uma pequena varanda.
A lua e as estrelas iluminam o local lindamente, me debrucei na sacana vendo várias pessoas na frente do meu salão, essa inauguração foi um sucesso, foi uma coisa linda!
De repente eu senti o perfume dele, fechei meus olhos e sorri, até o perfume do maldito não sai da minha cabeça.
— Espero que esse sorriso seja para mim, tlg? — Me viro rapidamente e vejo o L7 bem pertinho de mim, abro a minha boca e fecho sem saber o que falar. — Tu tá linda, tô feliz pra c*****o de te ver conquistando tudo e quero te pedir desculpas pelo que te disse mais cedo!
— Obrigado...— Foi tudo o que eu consegui falar, ele sorriu de lado e me olhou de cima abaixo.
Então ele me estende uma sacola, eu estico meu braço e pego vendo o logo da prada.
— Eu estava lá embaixo te observando e vi o quanto tu tá feliz pra c*****o e…— L7 parou de me olhar e desviou o olhar para um ponto distante. — Me desculpa por mais cedo, tlg? Tu tá mais que certa de correr atrás do teu, de correr atrás dos teus sonhos e de não ligar pras merda que eu falo.
— É o meu futuro L7, eu quero um dia sentar em uma cadeira respirar fundo e gritar bem alto que eu consegui! — Falei, ele sorriu e voltou a olhar nos meus olhos.
— Tu já pode fazer isso, segundo salão que tu abriu pô! — Neguei rindo.
— Eu quero mais! Eu ainda vou conquistar muito mais. — Falo e ele assente.
— Tá certa! Quando nos tem ambição para correr atrás do nosso tudo flui. — Fala e então sorri novamento, como se tivesse lembrado de algo. — Eu tenho que ir, vou resolver uns bagulho. — Fala e eu assisto, L7 sorri de lado e então se aproxima.
Ele dá um beijo na minha testa e se vira, fico observando ele sair e antes dele sumir eu o chamo.
— L7? — Ele se vira e me olha sério, observo o homem gigante vestido de preto da cabeça aos pés. — Obrigado por ter vindo, nossa história pode não ter dado certo, mas eu espero que o respeito e amizade permaneça. — L7 da sorriso de lado.
— “Vida longa, mundo pequeno, a gente ainda vai se encontrar”— Fala e então sai sem olhar para trás.
Me encosto no parapeito e respiro fundo sentindo meus olhos encherem de lágrimas, L7 citou a letra de uma música que costumávamos escutar quando estávamos na cama após uma transa louca.
Ele olhava pra mim e cantava cada palavra com intensidade, é como se ele soubesse que esse ia ser o nosso final.
É como se ele sentisse que no final iríamos seguir lados apostos, mesmo com toda a nossa intensidade e o nosso amor, nosso final não seria juntos.
— AMIGA TÁ NA HORA DAS FOTOS. — Escuto a Lorena gritar, me viro para olhar para baixo a tempo de ver o L7 entrar no seu carro e sair em alta velocidade.
— É L7, como diz a música” E a nossa hora vai ser outra, não adianta bater cabeça”...talvez.— Murmuro.
Respiro fundo, ergo a minha cabeça e abro um sorriso, eu tenho um evento para administrar e sofrer por macho não vai me ajudar nem um pouco.