Capítulo 58. Reencontro

993 Palavras
A madrugada em Londres estava coberta por uma névoa densa, mas Mattheo não sentia frio o feitiço que queimava dentro dele, o Sanguis Vinculum, pulsava como fogo correndo nas veias. Cada batida do seu coração trazia uma pontada de dor e, ao mesmo tempo, uma direção. O vínculo entre ele e Anélisse não havia sido quebrado Ele fechou os olhos e deixou a magia fluir. Um sopro de magia verde brilhou sobre o chão, formando uma linha tênue, viva uma trilha pulsante de sangue e memória. Mattheo ergueu a varinha, murmurando: — Revelio Vinculum Sanguinis. O ar vibrou, e o símbolo da runa que haviam desenhado juntos na noite do feitiço apareceu, flutuando diante dele o contorno delicado do laço que unia os dois corações. A luz oscilou, depois começou a se mover em direção ao norte. — Então é pra lá... — murmurou, aparatando sem hesitar. A sensação da aparatação o fez cambalear quando reapareceu não estava mais em Londres. O ar era diferente, mais seco, e o vento carregava o cheiro de maresia distante. Mattheo se viu diante de uma casa branca, ampla, com colunas e jardins bem cuidados. O feitiço pulsou mais forte. Mattheo apertou o punho. — Achei você... Usando um feitiço de invisibilidade leve, ele atravessou o portão. As janelas estavam fechadas, mas ele sabia onde procurar. O vínculo o conduzia com precisão, como se cada passo fosse guiado por algo que vinha de dentro. Chegou até uma janela no segundo andar. O quarto era delicado, decorado em tons claros, com livros e flores em um vaso. E ali, adormecida, estava ela. Anélisse. Seu rosto estava sereno, mas havia algo estranho a expressão era vazia, os olhos se moviam sob as pálpebras como se ela sonhasse com algo distante. Mattheo sentiu o coração apertar. Ela parecia… diferente. Mais pálida, mais calma, calma demais. Ele pousou a mão no vidro e sussurrou: — Anélisse... O feitiço reagiu imediatamente. Um lampejo verde brilhou na pele dela o mesmo símbolo do vínculo, desenhado sobre o pulso. Ela se mexeu, inquieta, e abriu os olhos. Mattheo recuou, surpreso, quando ela se levantou e foi até a janela, sonolenta. Ela olhou para fora, diretamente onde ele estava mas parecia não vê-lo. — Quem está aí...? — perguntou, a voz suave, meio perdida. Mattheo hesitou. O encantamento de esquecimento poderia reagir de forma imprevisível se fosse f*****o demais. Mas ouvir a voz dela, sem o reconhecimento, foi como uma lâmina atravessando o peito. Mesmo assim, ele murmurou baixo, como uma prece: — Sou eu, Lisse.. Ela piscou, confusa, como se algo ecoasse dentro da mente. De repente, ela levou a mão ao pulso, onde o símbolo brilhou mais forte e um flash de lembrança atravessou sua mente: rosas, lua cheia, e um beijo quente em meio à chuva. Assustada, ela cambaleou, levando a mão à cabeça. — Mattheo... espera Mattheo se aproximou um pouco mais da janela, os olhos marejados. Anélisse pegou sua varinha e com um feitiço simples desfez o encantamento que estava sobre a janela. Mattheo se jogou para dentro do quarto, Anélisse logo o abraçou, apertado. — O que tá fazendo aqui, você é louco! — Eu... eu sei, só queria te ver, saber se está bem. Sua irmã comentou sobre seu pai ter conversado com alguém sobre usar um feitiço em você— Mattheo falava meio ofegante, emocionado em ver ela— Eu sei lá Lisse, só queria te ver- Diz Mattheo apertando Anélisse com força. Anélisse solta um suspiro triste nos braços de Mattheo — Me perdoa Theo... Eu sinto tanto sua falta.. e..— Antes que Anélisse pudesse continuar ela ouve os passos pesados de seu tio, Edward Tomeras, que abre a porta de uma vez. — O que ele faz aqui ? — O tom de Edward é rígido, ele pergunta apontando a varinha para Mattheo em forma de ameaça. Anélisse se coloca na frente de Mattheo. — Tio por favor, não faz nada com ele... Ele só queria me ver.— Anélisse súplica, com medo de que seu tio machuque Mattheo. Porém, seu tio Edward é tão rígido quanto seu pai. — Saia da frente dele agora, Anélisse, eu estou mandando— Edward grita. Anélisse sem pensar muito nas consequências, pega sua varinha e aponta para seu tio Edward. — Você enlouqueceu menina ? Ousa protegê-lo? — Edward diz indignado — Ousaria me atacar por... por ele ? — De.. desculpa tio. Antes que Anélisse fale mais algo, ou até mesmo Edward reaja. Mattheo se lembra do feitiço que aprendeu a poucos dias com seu pai. Mattheo sem hesitar, levanta a varinha e conjura. — Exsilivane Edward some diante dos olhos de Mattheo e Anélisse. — Para onde ele foi ?— Anélisse pergunta com os olhos arregalados, assutada. — Calma, Lisse. Ele vai ficar bem e vai voltar. — Mattheo responde calmo — Theo, você precisa ir... Eu vim embora para te proteger e eu vou fazer isso.— Anélisse se aproxima dele, beijando rapidamente sua boca e acariciando seu rosto. — Eu..— Mattheo suspira— Eu vou... Mas eu vou voltar para te buscar. Deixa só eu me preparar melhor. Eu prometo, Lisse. — Eu sei... Agora vai.— Anélisse diz relutante. Com um rápido movimento da varinha Mattheo faz com que Edward volte. Ele volta atordoado, irritado, mesmo caído no chão ele tenta acertar Mattheo com um feitiço. Mas Anélisse é mais rápida. — Protego Domus! — gritou ela, e um escudo de magia se ergueu entre Mattheo. Mattheo foi lançado alguns metros para trás, caindo no jardim. Mesmo assim, ele se levantou, a respiração pesada, olhando uma última vez para a janela. Lá dentro, Anélisse ainda o observava, o símbolo no pulso brilhando como uma lembrança viva. — Eu vou te trazer de volta — sussurrou ele. — Nem o tempo, nem a magia, nem seu pai vão mudar isso. E então, com um estalo seco, Mattheo aparatou, desaparecendo na noite.
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