Anélisse ainda estava deitada quando ouviu batidas suaves na porta.
— Entre— murmurou com a voz sonolenta.
A porta se abriu devagar, revelando Georgina, sua irmã mais nova, com o rosto pálido e os cabelos desalinhados.
Ela fechou a porta rapidamente atrás de si, o olhar inquieto.
— Annie... precisamos conversar.
Anélisse se sentou na cama, o coração já acelerando com o tom sério da irmã.
— O que houve?
Georgina olhou para os lados, certificando-se de que estavam sozinhas. Depois se aproximou, falando em um sussurro quase trêmulo:
— Eu ouvi mamãe e papai discutindo agora pouco..E... não sei como te dizer isso.
— Diga logo— pediu Anélisse, agora completamente desperta.
— Papai quer mandar você embora.
Anélisse congelou.
— O quê?
— Ele disse que vai escrever para o tio Edward, em Boston. Que você vai passar um tempo lá... ou talvez morar de vez. Disse que “é o único jeito de cortar o m*l pela raiz”.
Por um momento, o quarto pareceu ficar menor, o ar mais pesado.
— Ele vai me mandar embora... só por causa de Mattheo..
Georgina mordeu o lábio, hesitante.
— Annie, você precisa ter cuidado. Papai está furioso. Ele acha perigosa a sua aproximação com Mattheo.Disse que prefere te ver longe do país do que sob influência de um Ross.
Anélisse passou as mãos pelos cabelos, se levantando e começando a andar de um lado para o outro.
O coração batia rápido demais.
— Ele n******e fazer isso comigo. Eu não vou.
— Você sabe que ele pode, — respondeu Georgina baixinho. — E se ele resolver te mandar hoje mesmo? Ele parecia decidido, Annie. Disse que “quanto antes, melhor”.
O medo deu lugar à determinação.
Anélisse olhou pela janela ,o jardim onde tantas vezes viu Mattheo à distância.
— Então eu tenho que falar com ele antes que isso aconteça.
Georgina arregalou os olhos.
— Você está louca? Se papai descobrir
— Ele não vai descobrir, — interrompeu firme.
Georgina, mesmo assustada, a observava sem saber se devia impedi-la.
— Você ama o Mattheo? — perguntou num fio de voz, mas, sinceramente curiosa
Anélisse parou por um instante, o olhar perdido no reflexo do espelho.Depois respondeu com serenidade:
— Eu não sei... Só sei que não quero ficar longe dele.
Ela se virou para a irmã e, antes de aparatar, segurou sua mão.
— Se papai perguntar por mim... diga que fui caminhar no jardim.
Com um estalo seco, Anélisse desapareceu do quarto.
Georgina ficou parada, o coração na garganta, murmurando para si mesma:
— Espero que saiba o que está fazendo, Annie.