09

1316 Palavras

Rodrigo Narrando Quando a operação terminou, eu já tava no osso. Corpo moído, braço doendo de tanto puxar o dedo, mente fervendo com cada rosto que eu vi no chão. Mas o olhar… o olhar tava vazio e frio do jeito que tem que ser. Entrei na viatura com o fuzil ainda na mão. Dei aquela última olhada pro complexo. O Alemão parecia em silêncio, mas o silêncio ali… é mais barulhento que tiro. É o eco da morte batendo nos muros. — Bora. — avisei o motorista. Chegando em casa, fui tirando o colete no corredor do prédio mesmo. As costas suadas, o cheiro de pólvora ainda grudado na pele, a mente querendo descanso. Só que descanso, na minha vida, é luxo raro. Abri a porta. — Amor? Silêncio. Avancei pela sala e ouvi risadinha abafada vindo do sofá. Ela tava ali sentada com a irmã dela, a Lorena.

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR