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1554 Palavras

GADERNAL NARRANDO O ar que entrou pelas brechas do bunker já vinha diferente. Era silêncio demais pra um dia que nasceu depois de um m******e. Eu já tinha aprendido que o pior barulho não é o do fuzil cuspindo tiro... é o do nada. O morro calado é tipo coração que parou de bater. O Playboy tava do meu lado, quieto. A gente se entreolhou só com o canto do olho, como quem diz “é agora”. Ele puxou a porta com força, o ferro arrastando no chão soou mais alto do que devia naquele ambiente abafado. O sol entrou rasgando, e eu fechei os olhos por reflexo. A claridade doía depois de dois dias trancado debaixo da terra com a sombra da morte andando ali por cima da gente. Saí primeiro. Botei o pé na terra vermelha e senti ela quente, seca, como se tivesse sugado o sangue que derramaram por cima.

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