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1249 Palavras
Talibã Chapadão, 28 de março. Menorzinho favelado, cresci vendo toda a maldade do mundo, nas favelas, becos e vielas. Vida nada fácil. Mataram minha mãe na minha frente, dizendo que ela era mulher de bandido. Já fui aviãozinho, fumava desde os 10 anos. Também já vi vários traficantes levarem pessoas que se envolveram nesse mundo pra morte, procede? Aí, bagulho feio! Já matei e já roubei. Me orgulho? Não, mané. Mas foi o que o futuro reservou pa mim. Eu ligo? Também não. Vou viver, que o futuro é a morte. De tanto presenciar.. Me tornei um. Satisfação, Felipe! Conhecido como Talibã. Sem muito papo, curto não! Abro meus olhos, vejo o céu azul do Chapadão e solto uma risada de canto. Passo a mão pelo rosto, ainda tentando acordar e fugir dos pensamentos. Vou pra laje coloco a a**a na cadeira. Fico olhando pra favela e vejo uma mulher passando grávida. Eu sempre lembro da mina que eu tava de fiel. Os mané de facção rival, pegaram ela e mataram. Cortaram a cabeça e mandaram pra minha casa, cria! Depois eu recebi o vídeo. Eu não podia mais fazer nada. Já tinha feito bagulho ruim com os faixas dele. Peguei cinco deles e matei a sangue frio. Joguei o corpo no asfalto e vazei. Entre os cincos, o pai de um dos traficantes. O preço que se paga. Cobra : Qual é? Ta achando que só porque tu é patrão, não faz nada? Atividade, mané! - Chegou e eu sai dos meu pensamentos olhando pra ele de canto. - Bora, Talibã! p***a! Talibã: c*****o, tu ta apressado em, menor! - Ri na calmaria me virando pra ele e pegando a a**a passando pelo pescoço. Black: Dormindo em serviço, Talibã? Coisa f**a, cria! - Eu ri fraco. Talibã: O patrão é eu. Menos! - Sentei na cadeira. - Ta faltando lugar no cemitério. Carine foi presa e a gente precisa de outra pa fazer essas paradas. Índio : f**a mermo, é que não tem outra melhor que a Carine. - Assenti. - De confiança mermo, procede? Talibã: Relaxa, eu procuro uma. - Eles concordaram. Cobra : Aí, último caso ta dando o que falar. Cuidado vocês na hora de sair. Assim, vocês vão se f***r e vai f***r a gente junto. Talibã : Papo pa vocês.. Se eu descer por culpa de alguma filha da p**a, quando eu voltar eu faço questão de m***r na mão mermo. Avisa os lek, tô pa brincadeira não. - Falei sério. Ele riu e a gente saiu. Encosto na boca e veio os crias reunidos Aqui não tem essa. Deveu e não pagou no prazo? Morreu! Ta de x9? Morreu! Não fez O que eu mandei? Morreu! Tem um matagal aqui atrás da favela escondido e eu uso ele pra enterrar os corpos. Geral que tá lá, tava devendo, era X9 filha da p**a ou mulher de rival. A gente tinha quem fizesse as coOvas pra nós. Mas ela desceu. Eu conhecia uma, sempre fechava maneirinho. Arrastei pela favela coma camisa no ombro ea peça na cintura. Eo crime não vai parar! Se sair nós, vai entrar outros e a bala vai comer do mermo jeito! Cheguei na casa da dona e fiquei batendo até ela sair de toalha. Entrei sem nem olhar na cara dela. Elen: p***a, Felipe! Bate mané! - Sentei e olhei pra ela. Talibā : Pa tu é Talibā. Sem i********e, piranha! - Pisquei pra ela. - Tô precisando de tu, na moral. - Ela riu. Elen: Entendi.. Vem atrás da boba aqui, né? Pode vazar! - Olhei pra ela firme. Talibā : Vai negar? Poxa! - Puxei a peça da cinturae ela mudou a expressão. - Tu sabe o que acontece, Elen! Não faz eu fazer isso contigo, mané. - Ri fraco. - Tô precisando de tu, na moral. - Repeti debochando dela. Elen : c*****o, tu é f**a! Qual é o trarmpo? - Expliquei tudo pra ela que bufou. Talibā :Tua vida não é nada. Não vale de nada. Tu vai passar fome se o crime acabar! Sem chororó, tu vai fazer essa porra e acabou. - Ela assentiu. - Já sabe as regras. Se contar qualquer parada que acontecer aqui, se amarelar ou ficar gozando com a minha cara, tu desce. Filha da p**a! - Cheguei perto falando na cara dela. Elen: Até parece que não confia, vai se foder! - Falou baixinho. Talibä :Tu fede a medo. - Sai de lá deixando ela. Puxei um cigarro do bolsoe acendi. Fui o caminho pra casa fumando o meu. Clara Nasci e me criei aqui no morro. Não dentro dele, mas no pé. Fica um pouco distante do "movimento" dos lek. Minha mãe trabalha lá pra dentro. Ela faxina a casa de um cara gigante lá. Eu subia as vezes para algmas festas. Mas nunca me envolvi com nenhum, tá maluco? Eu terminei meus estudos, mas só o ensino médio. O tempo não deixou eu fazer uma faculdade e me formar. Tenho uma irmã de 10 anos e moro Com a mninha mãe. Só nós 3, sempre! Eu trabalhava em uma lanchonete, na praia. O dinheiro que eu ganho, serve pra pagar as Contas, e o da minha mãæ, pra comprar bagulho pra comer. O maluco lá até que paga bem. Meu pai? Nunca vi. Minha mẫe conta que ele não queria ter responsabilidade com nada. Aí ralou peito. Eu ligo? Não! Minha Coroa vale por 10 homens. A Líviaé adotada. Mãe dela era maluca aí do morro e não quis a cria. Minha mãe, tadinha.. pegou! E nunca reclamou. Cria ela com amor e carinho. Parada que nunca falta! Lívia : Tu não tem que trabalhar não, Clarinha? - Apareceu na porta e eu me virei pra ela. Clara: Tenho sim, princesa! Mas não é agora. - Ela assentiu. Eu ficava sentada na porta, olhando o movimento. Olho pro céu e escuto uma moto barulhenta parando na porta da minha Casa. Lílian : Obrigado, Talibã! - Desceu da moto e o maluco riu. Olhei pra ele, que logo bateu o olho pra mim. Me levantei e fui até minha mãe, ajudando ela nas sacolas. XXx: Boa tarde, gatinha! - Riu de canto e eu assenti. - Gato mordeu a língua? - Eu ri fraco. Clara : Boa tarde, garoto. - Ignorei ele trazendo as sacolas. Não dei muita bola, pois já sabia quem de quem se tratava. O famoso "Talibā". O que pega e não se apega; dorme uma noite e vaza. Já ouvi várias paradas dele. Esse maluco aí é brabo. Ta maluco de se envolver? Entrei pra casa e escuto passos da minha mãe atrás de mim. Lílian : Nem pense, Clara. - Olhei pra ela. Clara : Ué, eu tô fazendo algo? - Cruzei os braços rindo. Lílian : Não se envolva com Talibã. Ele ta com a Elen e tu sabe muito bem quem é. Não se envolva! - Repetiu lentamente a ltima parte e eu assenti. A Elen? Conheço como a palma da minha mão. Sabe aqueles clichês típicos dos Estados Unidos? Então... era eu e ela. Ela como sempre, adorando chamar a atenção, se achando a rainha de tudo e eu... não aguento nada calada. Já saímos na p*****a muitas vezes. Isso no tempo da escola, hoje em dia, vejo ela e finjo que não conheço. Ela se envolveu com o tráfico e tá nisso. O famoso "Talibā". O que pega e não se apega; dorme uma noite e vaza.
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