Manuelle
O sol nasceu e eu levantei com pressa. Estava animada, hoje iria até a empresa que o Leon trabalha. Empresa Tech Luminus. Leon Clark. Me arrumei. Coloquei uma blusa de botões brancos e uma calça jeans azul marinho, calcei uma sapatilha azul turquesa e prendi meu cabelo em um r**o de cavalo. Coloquei uma bolsa pequena de lado, com dinheiro e alguns documentos.
Eram 20 minutos de ônibus. Mas hoje parecia que era bem mais longe. Mas acho que era porque eu estava muito animada. Não falei nada para o Lucas, estava com a língua coçando para falar. Mas preferi vê o que ia acontecer antes de falar para ele.
Desci do ônibus e fui andando, e então vi o prédio da empresa. Tech Luminus, uau, mesmo pela segunda vez vendo, eu ainda fico admirada. Respiro fundo e entro no prédio, fiquei sem jeito, e se eu interromper o trabalho dele? Será que era para vim no horário do almoço? Mesmo com muitas dúvidas decidi ir adiante. Fui a recepcionista que tinha me tratado tão bem na minha primeira vez aqui, chegando lá ela me abriu um sorriso.
Recepcionista : _ Olá, no que ajuda-la?
Manuelle : _ Olá. O meu nome é Manuelle, eu gostaria de saber se você conhece um funcionário com o nome de Leon Clark ele trabalha aqui e ...
Recepcionista : _ Leon Clark? Funcionário?
Manuelle : _ Sim, não conhece?
Ela ri um pouco, mas quando percebi que não estou entendendo nada, ela segura o riso e fica séria.
Recepcionista : _ Você não sabe? O Leon Clark é o meu chefe, ele é o CEO da Tech Luminus.
Minha boca abriu em um grande O. Pisquei umas vezes tentando assimilar.
Manuelle : _ Você está brincando !?
Recepcionista : _ Não, não mesmo.
Manuelle : _ Meu Deus!
Coloco a mão na minha boca. Minha linda puxada na memória frases de nossa conversa de ontem.
_ Falam que lá só entra peixinho, você deve ser um ótimo profissional. Falaram que o CEO que comanda a empresa é muito rude e difícil de lidar.
_ Ah é? Eu não acho ele assim não. Ele é um grande profissional e responsável. Apenas isso.
Manuelle : _ Que mico.
Eu resmungo baixinho e fecho os olhos só querendo desaparecer.
Recepcionista: _ Tudo bem, senhorita?
Manuelle: _ Sim.
Recepcionista: _ O senhor Clark trabalha no 10º andar. Ele só atende com hora marcada, mas a senhorita pode tentar.
Manuelle: _ Ah sim, obrigada.
Recepcionista: _ Boa sorte.
Dou lhe um sorriso agradecida, e me dirijo até o elevador. Entro e quando as portas se fecham eu coloco minhas mãos em meu rosto. Eu não acredito que falei m*l dele, na frente dele. Bem não falei m*l, só disse o que as pessoas falam... O que não melhora muito a minha situação, ai Deus!
O elevador se abre no 10º andar, mas parte de mim não queria descer dele. Eu tive que reuni toda as forças para sair. Ando um pouco e avisto uma secretária. Coloco o meu sorriso mais largo e vou até ela.
Manuelle: _ Olá?
Secretária: _ Sim?
Ela pergunta sem nem se quer olhar para mim. Não me deixo a****r e continuou com o meu sorriso no rosto.
Manuelle: _ O Senhor Clark está ocupado?
Secretária: _ O Senhor Clark sempre está ocupado, o que deseja?
Manuelle: _ Ah, é, ele pediu para eu vim falar com ele sobre a vaga de babá. Meu nome é Manuelle Rodriguez.
Quando falo o meu nome ela me olha com curiosidade. Parece me avaliar, tento não demostrar o meu nervosismo, mas acho que falhei nessa missão.
Secretária: _ Ah, você é a Manuelle.
Posso sentir um tanto de decepção estampada em seu rosto logo depois de me avaliar.
Secretária: _ O senhor Clark tem uma folga agora, vou ligar para ele avisando que a senhorita está entrando.
Manuelle: _ Ok.
Secretária: _ Senhor Clark, Manuelle Rodriguez candidata a vaga de babá está aqui. Sim. _ Ela desliga. _ Pode entrar. _ Ela aponta para a porta.
Manuelle: _ Obrigada.
Me dirijo até a porta. Respiro fundo, a vergonha do que eu falei no nosso encontro anterior ainda não saiu de mim. Coloco a mão na maçaneta, a giro delicadamente e abro a porta devagar para não fazer barulho. Então por fim entro. Leon estava sentado em sua poltrona, agora em seu ambiente de trabalho posso ver que ele realmente exala um certo poder. Acabo ficando um pouco nervosa.
Leon: _ Bom dia, Manuelle.
Manuelle: _ Bom dia, se-senhor Clark.
Falo nervosa e envergonhada, já que a minha mente está fazendo questão de repassar toda a conversa vergonhosa de ontem na minha cabeça.
Leon: _ Pode se sentar, e não me precisa me chamar de senhor, lembra?
Balanço a cabeça concordando e me sento a sua frente. Estou me sentindo muito m*l ainda pelo ocorrido anteriormente.
Leon
Analiso-a por um momento. Manuelle estava visivelmente tensa, com certeza havia algo de errado. Fiquei um tempo parado tentando decifrar o seu semblante.
Manuelle: _ Desculpa, eu realmente não imaginava que o senhor era o dono daqui. Não deveria ter falado aquilo daquela vez.
Ela começa a falar rapidamente, e depois respira fundo como se tivesse tirado um peso de cima dela. E eu me seguro para não ri. Havia me esquecido que ela não tinha me reconhecido, mas aquilo não me aborreceu, pelo contrário agora até acho graça daquilo.
Leon: _ Não se preocupe, eu sei o que falam de mim, e sei que isso assusta muito os novos empregados da empresa, mas espero que não fique assustada.
Manuelle: _ Não, senhor.
Toda vez que ela me chamava de "senhor" me irritava, somos quase da mesma idade, e essa coisa de chefe e empregado, me dá uma sensação estranha. Mesmo ouvindo isso sempre aqui no trabalho.
Leon: _ Bom, o trabalho como sabe, é para tomar contar da minha irmãzinha, que você já conhece. _ Ela sorri e balança a cabeça. _ Mas o trabalho é bem complexo. _ Ela franze a testa. _ É o seguinte: Luz estuda de 7 horas da manhã até as 12:30. Você tem que arruma-la para ir à escola, leva-la e busca-la. No almoço deve fiscalizar se ela está comendo bem e ficar tomando conta dela até que eu chegue à noite, por volta das 21:00 horas ou 22:00 horas. Mas algumas vezes fico até mais tarde, por essa razão quero contratar uma babá em período integral, tem um quarto ao lado do de Luz, que será o quarto da babá dela. _ Ela arregala os olhos, sim, eu sabia que essa parte seria difícil. _ Exatamente, a babá ficará morando lá, até que Luz cresça um pouco mais, mas como sábado e domingo estou em casa, pode voltar para casa ou sair.
Ela fica pensativa. Sabia que seria difícil para ela.
Leon: _ Vai querer a vaga?
Ela fica pensando por mais uns minutos e então por fim fala:
Manuelle: _ Sim, eu gostaria de ficar com a vaga.
Fico impressionado, eu pensei que ela iria recusar ou pedir mais tempo para pensar. Me ajeito na poltrona e escrevo no papel o valor do salário.
Leon: _ Esse será o seu salário, e terá todos os benefícios, claro.
Ela pega o papel, e parece que fica pálida. Será que achou muito pouco? Mas não posso lhe dar um salário maior, afinal é apenas uma babá, não uma funcionária da empresa.
Manuelle: _ É muito dinheiro.
Ela diz bem baixinho impressionada e eu sorrio. Essa garota é realmente fofa.
Leon: _ Então tudo certo?
Estendo a mão. Ela sai do seu transe e olha minha mão estendida.
Manuelle: _ Tudo certo. _ Ela afirma apertando minha mão. _ Muito obrigada é uma chance incrível para mim.
Leon: _ Se possível, preciso que comece ainda essa semana.
Manuelle: _ Claro, quando o senhor quiser! Se quiser começo amanhã mesmo.
Leon: _ Maravilha, então amanhã você começa, irei anotar meu endereço. E pode levar suas coisas para o seu quarto.
Eu pego um outro papel onde anoto meu endereço e a entrego.
Manuelle: _ Muito obrigada, amanhã cedo estarei lá.
Leon: _ É provável, que eu esteja no trabalho. Saio de casa ás 6.
Manuelle: _ Entendi, então tchau, tenha um bom dia.
Leon: _ Pra você também!
Manuelle sai e eu me solto o ar que nem havia percebido que tinha prendido. Me ajeito na cadeira aliviado, bom pelo menos não precisarei me preocupar com Luz sozinha com Clarisse. Volto a trabalhar, mas me pego sorrindo lembrando do nervoso de Manuelle quando entrou. Pelo menos ela pareceu gostar do salário. Ouço o que parecia pulos do outro lado da porta, e soltei uma leve risada. Manuelle.
Manuelle
Assim que ele me deu o papel estava me controlando para não gritar. Meu Deus é muito bom, pensou em tudo. Estava precisando de emprego e moradia, e eu consegui os dois. E ainda 3 mil reais, esse é o salário pra ficar cuidando de Luz. É MUITO DINHEIRO! Sai da sala dele e quando fechei a porta comecei a pular, me controlando para não gritar.
Quando me viro dou de cara com Clarisse que ri muito da cena, e acabo rindo também.
Clarisse: _ Tá felizona em!
Manuelle: _ CLARISSE!
Clarisse: _ Oi! "Ah pode deixar que vou te ligar para marcamos de sair e vim nos cultos juntas". Sei.
Rio sem graça.
Manuelle: _ Foi m*l, é que meu celular estragou, e estou sem nenhum no momento.
Clarisse: _ Ah entendi. Mas aquele celular era bem velhinho né, nem tinha androide, nem nada do gênero.
Manuelle: _ Sim, é verdade. Só servia para ligação e sms, mas me salvava muito.
Clarisse: _ Entendo, mas então é você a candidata a babá?
Nego com a cabeça.
Clarisse: _ Não?
Manuelle: _ Não, não sou candidata, sou a babá!!!
Clarisse _ Ebaaaaa. Isso sim merece uma celebração, que tal saímos para comer? Lanchonete aqui do lado é baratinha.
Manuelle: _ Curti, vamos sim!
Ela sorri e saímos para comer.
....
A poção de batatas e calabresa chega junto com o refrigerante. E meu sorriso se alargou. Começo a comer enquanto faço perguntas a Clarisse.
Manuelle: _ E ele é legal?
Clarisse: _ Olha, depende da pessoa. Eu sou suspeita a falar já que ele é meu melhor amigo. Então...
Manuelle: _ Entendi. Sei como é.
Clarisse: _ Mas fica tranquila que eu tenho a certeza que vai se sair bem. Um brinde a seu novo emprego.
Ela fala segurando uma batata em minha direção. Pego uma batata também e bato na dela.
Eu: _ Brinde.
Comemos o nosso brinde, e paramos um pouco de falar para nos deliciar do lanche.
Alguém para na nossa frente.
Garoto: _ O que duas garotas lindas estão fazendo sozinhas?
Clarisse: _ Esperando para ver quem seria o i*****l que faria essa pergunta.
Manuelle: _ Para poder responder ao i*****l que não é da sua conta!
Clarisse: _ Exatamente, então vaza.
Manuelle: _ Bye bye.
Garoto: _ Esquentadinhas.
Ele sai irritado, eu e Clarisse nos olhamos orgulhosas.
Clarisse: _ Arrasamos!
Manuelle: _ Mandamos muito bem!
Fizemos um toca a aqui e continuamos conversando e comendo. Conversamos bastante, era como se a conversa fluísse, eu não era muito boa com assuntos que garotas costumavam conversar, já que eu só converso com Lucas e nós nos zoamos, implicamos e falamos tudo abertamente. Mas Clarisse seguia o mesmo raciocínio que eu em conversas. Nada de garotos, unhas e cabelos. Conversávamos sobre tudo. E foi bastante divertido. Depois de um tempo nos despedimos e fomos embora, ainda tenho que arrumar as minhas coisas para levar amanhã. Só o básico, roupas e alguns objetos pessoais.
Mas antes de tudo eu tinha que ir contar a novidade para o Lucas. Desde que sai da sala estava louca para conta-lo. Assim que saio da lanchonete corro para casa dele e ele atende a porta rapidamente.
Lucas: _ E ai feiosa, passei no orfanato e você não estava. Está precisando de um celular novo em.
Manuelle: _ Poxa nem fala. Mas tenho uma super noticia!!!
Falo dando pulinhos e Lucas fica animado.
Lucas: _ Fala!
Manuelle: _ Está pronto? Está pronto mesmo???
Lucas: _ Para de enrolar, Manu!
Manuelle: _ Eu consegui um emprego!!!
Lucas: _ Parabéns! Que bom Ma! Aonde?
Manuelle: _ Como babá da Luz lembra?
Lucas: _ Ah, achou ele?
Manuelle: _ Ele foi lá na igreja ontem e mandou eu ir lá na empresa dele hoje.
Lucas: _ Porque não me contou ontem?
Manuelle: _ Queria fazer uma surpresa. Lucaaas eu vou receber 3 mil de salário e mais benefícios. E vou morar lá para tomar conta de Luz. Tipo aqueles filmes que gente rica contrata uma pessoa para tomar conta da criança e que mora junto. É exatamente esse o meu trabalho.
Lucas: _ Mentira! 3 Mil para tomar conta da fofa da Luz. Ah Manu namoral pergunta para ele se ele não quer um babá.
Rimos e depois nos sentamos na calçada em frente à sua casa.
Manuelle: _ Eu só sei que consegui um emprego e ainda onde morar, em só 1 lugar.
Lucas: _ Sortuda.
Ele me dá um leve empurrão e eu rio.
Manuelle: _ Ai eu estou muito feliz.
Lucas: _ Você merece, formiguinha.
Manuelle: _ Ah, eu ainda tenho que ir para o orfanato arrumar as coisas e falar com a madre.
Lucas: _ Vai lá! Boa sorte. Próxima saída pra comer, você que paga.
Manuelle: _ Obrigada e vou pensar no seu caso.
Sai de lá saltitante, fui para o orfanato bem sorridente, mas não sabia que meu sorriso iria se desmanchar tão rápido.
....
Manuelle: _ Como assim não posso ir? Mas madre eu tenho quase 18 anos, eu ia ser expulsa daqui mesmo.
Madre: _ Eu sei, Manuelle. Tem quase 18 anos, não 18. Faltam 1 mês e alguns dias para você completar seus 18 anos, e até lá você é nossa responsabilidade, não pode ir embora antes disso.
Manuelle: _ Mas madre, eu já concordei com o emprego, é um dinheiro bom, eu estou precisando disso.
Madre: _ Eu sei minha querida, mas regras são regras. A noite você deve estar aqui antes das 21:30 quando apagamos as luzes.
Fico imóvel, isso não está acontecendo, quando finalmente consigo... Meus olhos se enchem de lágrimas. Mas não choraria ali.
Madre: _ Sinto muito.
Manuelle: _ Tudo bem. _ Respiro fundo para não chorar. _ Tchau, madre.
Saio da sala e corro pro quarto. E então choro frustrada. Eu bem que achei que era tudo maravilhoso demais para ser verdade.
Ok, Deus. Tudo vai dar certo, o Senhor está no controle, e sabe o que é melhor para mim... Que seja feita a Sua vontade, não a minha.
Encosto minha cabeça no travesseiro e Penso no trabalho, o salário é ótimo, posso ficar o dia todo com a Luz e tenho os fim de semana livres. Porém por mais que eu tentasse pensar em alguma forma, algum jeito de conseguir manter o emprego e seguir as regras do orfanato, não conseguia. Para trabalhar eu precisava chegar tarde, e para ficar aqui eu preciso chegar cedo... Isso nunca daria certo. Suspiro um pouco decepcionada, afundo meu rosto no travesseiro, e depois de um tempo caio no sono. E só acordo a tarde com o cheiro do lanche do orfanato. Mas mesmo depois de comer meu animo não volta, então fiquei o resto do dia no quarto.
...
O despertador toca.
Levanto cedo e me arrumo. Vou cuidar de Luz hoje como havia me comprometido. Mas vou falar para o Leon que não poderei ficar no emprego. Sinto uma tristeza no meu coração, mas por agora, é isso que tem que ser feito. Pego uma bolsa e vejo o endereço que ele me deu. Desci em um ponto de referência que havia no endereço e sai perguntando o endereço para as pessoas que encontrava na rua. Por fim cheguei na casa deles, havia um enorme muro com dois portões, um enorme e um pequeno, os dois de cores brancas. Apertei a campainha e arrumei meu cabelo. O portão menor se abriu. E uma senhora, com cabelos pretos e olhos castanhos abriu.
_ Pois não?
Manuelle: _ Ah, oi. Sou a Manuelle Rodriguez, sou a babá da Luz.
A mulher abriu um enorme sorriso caloroso.
_ Olá! Meu nome é Márcia, sou a cozinheira da casa. Entre.
Ela abriu espaço e eu entrei e naquela hora fiquei sem ar.
A casa não havia um quintal enorme, mas havia um bom espaço de grama verdinha, uma garagem para dois carros, e lá atrás dava pra ver uma casa de arquitetura moderna, grande, na frente da casa era toda de vidro que a deixava com um aspecto de iluminada. E algumas plantas na decoradas em sua frente a deixava aconchegante.
Manuelle: _ Uau..
Márcia: _ Achou a casa bonita?
Manuelle:_ Casa? Bonita? Isso aqui é uma mansão perfeita, isso sim.
Márcia sorri simpáticamente.
Márcia: _ Eu também acho, nunca me canso dessa vista. Vem vamos entrar, garanto que é ainda mais bonita por dentro.
Ela saiu na frente e eu a seguir. A casa era toda com portas de vidros enormes, tudo era em cores claras e neutras, o que dava uma certa paz. Enquanto ainda estava com a boca em um perfeito O. Ouço passos vindo da escada, me viro e vejo Leon. Ele não estava com seu terno, sua gravata ou seus cabelos perfeitamente alinhados. Ao invés disso ele apareceu com uma blusa normal branca com detalhes pretos, uma bermuda jeans escura, havaianas e os cabelos um pouco bagunçados, o que deixava ele com ar de adolescente lindo e popular, o tipo de cara que quase todas as garotas se apaixonariam na escola.
Leon: _ Olá Manuelle. Chegou adiantada.
Eu estava 10 minutos antes do previsto. Mas estava curiosa por ele está ali.
Manuelle: _ É... Porque não está no trabalho?
Falo e me repreendo na mesma hora, a minha curiosidade falou mais alto que o meu bom senso. Acho que fiquei vermelha pela pergunta nada discreta. Hello ele não deve explicações a você queridinha, você é apenas uma empregada. Ele é o chefe, ele faz o horário dele, e você cala a boca.
Leon: _ Ah, eu estava com um pouco de dor de cabeça e há alguns trabalhos que irei fazer aqui mesmo no meu escritório.
Balanço a cabeça.
Leon: _ Vou chamar a Luz.
Ele fala e se retira, subindo novamente as escadas, e eu aproveito para paquerar mais um pouco aquela casa. Tudo nela parecia caro e contemporâneo. Fiquei com medo de sujar alguma coisa então fiquei longe de tudo.
Leon
Subo as escadas e vou até o quarto de Luz, ela dormia abraçada ao seu ursinho de pelúcia, na verdade era um coelho de pelúcia, que ela o chama carinhosamente de dentuço. Ela dormia tranquilamente, até me deu uma pena de acorda-la, mas tinha certeza que ela ficaria feliz.
Leon: _ Luz... Luz...
Luz: _ Hmm...
Ela resmunga e cobre o rosto com a coberta irritada.
Leon: _ Luz acorda!
Dessa vez chacoalho ela e a ouço bufar.
Luz: _ Hmmmm...
Ela por fim se senta despreguiçando-se. E depois boceja.
Leon: _ Como é preguiçosa.
Luz: _ Não sou não!
Ela faz bico e puxa o Dentuço para um abraço mais apertado. Ela me olha novamente e fica pensativa.
Luz: _ Ué? Não foi pro trabalho?
Leon: _ Não, tenho coisas para resolver aqui em casa mesmo.
Luz: _ Vai me levar a escola?
Leon: _ Não, a sua nova babá vai, ela está lá embaixo. Seja boazinha com ela.
Luz revira seus olhinhos, desde daquela vez que Manuelle não havia ido a empresa eu conversei com Luz e lhe disse que ela teria outra babá. Ela não sabe que já resolvi com Manuelle e queria lhe fazer uma surpresa.
Leon: _ Vem vamos.
Luz segura minha mão e deixa Dentuço em sua cama. Descemos as escadas com Luz emburrada. Manuelle se vira ao ouvir nossos passos.
Luz: _ Manuuuuuuuuuuuuuuuu!
Luz solta da minha mão e desce correndo. Manu se abaixa e as duas se abraçam. Sorrio observando a cena. Márcia me observa com um olhar divertido, mas não entendo.
Márcia: _ Que relação fofa que vocês tem.
Luz: _ Ela é minha tia preferida da igreja.
Manuelle: _ E ela é a minha aluna preferida, mas é segredo.
As duas riem e eu acabo sorrindo junto. Se for para Luz ficar feliz assim, tenho certeza que fiz a escolha certa.
Leon: _ Márcia pode preparar o nosso café?
Márcia: _ Claro, eu estou indo.
Márcia sai.
Leon: _ Então Manuelle, você terá que acordar Luz, leva-la para tomar o café da manhã, arruma-la e leva-la a escola. Depois busca-la, leva-la para almoçar, e seguir uma lista de atividades que ela possui para cada dia especifico.
Ela parece meio estranha e então percebo que ela só trouxe uma bolsa pequena.
Leon: _ Porque não trouxe suas coisas?
Manuelle: _ Ah... E-então eu queria falar uma coisa com você.
Leon: _ Em particular?
Manuelle: _ Sim. Por favor.
Leon: _ Ok. Me siga, vamos ao meu escritório.
Entramos em meu escritório e nos sentamos um de frente para o outro. Ela mexia desconfortavelmente em suas mãos sem me encarar, me deixando impaciente. Até que por fim ela respirou fundo e me olhou.
Manuelle: _ Senhor Clark, eu quero te agradecer muito pela oportunidade de trabalho aqui, você realmente foi muito bom comigo. Mas peço desculpas, eu conversei com a responsável pelo orfanato em que vivo, e eu não poderei aceitar o emprego o horário não bate com o horário de funcionamento do orfanato e por enquanto não tenho permissão de dormir fora. Eu agradeço muito a oportunidade, eu fiquei muito feliz, mas infelizmente não poderei aceitar...
Ela diz com tristeza, seus olhos tinham perdido o brilho de ontem. E sua fala me deixou com várias dúvidas no ar. Por essa razão demorei um pouco para responder.
Manuelle
Após dizer aquilo eu já estava esperando uma bela bronca, afinal em um dia eu me comprometo com o trabalho e no outro dia eu desisto. Mas no escritório só havia o silêncio, o que era um tanto constrangedor. Então por fim o Leon voltou a si e começou a me fazer perguntas:
Leon: _ Espera, como assim orfanato?
Manuelle: _ Eu sou órfã e moro no orfanato... Cantinho do Sol.
Fico um pouco envergonhada em dizer o nome do orfanato, já que é um tanto infantil para alguém da minha idade sair dizendo.
Leon: _ Órfã? Eu não tinha ideia, você não parece ser.
Eu deveria andar com uma placa escrita: "Não tenho pais"?
Manuelle: _ Sim, eu não fico contando isso para todo mundo. Sou um pouco reservada.
Leon: _ Sim, claro. Mas você mora no orfanato a quanto tempo? Se lembra de seus pais?
Manuelle: _ Lembro quase nada do meu pai, mas me lembro bem de minha mãe. Vai fazer 11 anos que moro no orfanato. Eu era muito pequena quando fui pra lá.
Leon: _ Mas... Você me apresentou aos seus avôs naquele dia.
Manuelle: _ Ah sim, vô Ricardo e vó Sofia, são meus avós de consideração. A verdade é que conhecia eles antes de ir para o orfanato, eles sempre foram muito bons para mim, mas como eles já possuem uma idade avançada nunca puderam me adotar. Mas para mim eles são meus avós, mesmo não sendo de sangue e nada vai mudar isso.
Leon: _ Eles parecem boas pessoas.
Manuelle: _ Sim. Eles são.
A verdade era que estávamos nos desviando tragicamente do assunto principal. E eu estava ansiosa.
Leon: _ E porque o orfanato não a deixa trabalhar?
Isso, voltamos ao assunto.
Manuelle: _ Não é que eles não deixem eu trabalhar. Mas enquanto eu não concluo meus 18 anos, ainda tenho que seguir as regras do orfanato, e nelas estão que não posso dormi fora do orfanato, tenho que está em meu quarto as 21:30.
Leon: _ Entendo, achei que você já possuía 18 anos.
Manuelle: _ Na verdade tenho 17, mas no final do mês que vem completo os meus 18. Mas até lá não posso ir contra as regras do orfanato.
Leon: _ Mas já que você possui quase 18 anos, não pode sair do orfanato e pronto? Mês que vem você vai ser maior de idade mesmo.
Manuelle: _ Isso seria errado, não me sentiria bem em sair do orfanato assim, sem falar com ninguém. Seria completamente errado ao meu ver.
Leon: _ Ah é verdade, você é evangélica.
Manuelle: _ Não é preciso ser evangélica para fazer as coisas certas, isso é ter bom senso e consciência.
Leon: _ Senhorita Rodriguez por acaso está dizendo que não possuo consciência e bom senso?
Manuelle: _ De modo algum, Senhor Clark.
Ele sorri. E tenho que admitir, ele fica muito mais bonito quando sorrir.
Leon: _ Ok. Luz ficou muito feliz, não quero que ela se decepcione, então porque não fazemos assim: Até o mês que vem eu te libero mais cedo e você volta a tempo para o orfanato, e no final do mês que vem você começa a trabalhar no horário normal. O que acha?
Manuelle: _ Acho que você é o melhor chefe do mundo, merece até um Oscar.
Ele dá uma leve risada, bem de leve. E é a primeira vez que ouço sua risada, sinto que o clima entre patrão e empregada fica um pouco mais leve.
Leon: _ Então façamos assim.
Manuelle: _ Obrigada, senhor Leon.
Leon: _ Eu preciso do seu número de contato, para poder me comunicar com você quando precisar.
Manuelle: _ Ah claro...
Ele meu deu um papel e uma caneta. Bom, na verdade eu não tinha um celular, mas o Lucas tinha. Anotei o número do Lucas, afinal meu melhor amigo sempre sabe onde eu estou mesmo. E poderia me passar qualquer recado.
Manuelle: _ Aqui está.
Leon: _ Essa é a lista do que a Luz é alérgica, essa aqui são dos horários e das aulas dela e essa é a lista de castigos que pode dar a ela se ela se comportar m*l, deve escolher um desses castigos e nenhum outro que não estiver na lista.
Manuelle: _ Ok, entendido.
Leon: _ Bom agora que já estamos resolvidos, pode ir preparar ela para a escola, ela deve está ansiosa.
Abro um sorriso, eu também estava.
Manuelle: _ É verdade, com licença e obrigada de novo, senhor Clark.
Me retiro de seu escritório e encontro Luz na porta, ela me olha com um sorriso travesso.
Manuelle: _ Por acaso estava ouvindo a nossa conversa?
Luz: _ Não, tia Manu.
Manuelle: _ Ah é? Bom. Por que sabia que quando a gente mente o d***o que é o pai da mentira fica ao nossa lado nos olhando sorrindo.
Luz: _ Aaaaaaahh, não! Me desculpa tia Manu era mentira, mas não quero que ele me pegue.
Me seguro para não ri. Sei que é f**o assustar as crianças, mas não resistir. Me desculpa, Luz.
Manuelle: _ Ele não está mais ai, sabe porquê?
Luz: _ Porque?
Manuelle: _ Porque você se arrependeu pela mentira, certo?
Luz: _ Certo.
Ela balança a cabeça afirmando. Luz era tão fofa, queria dar outro abraço de urso nela, mas me contive.
Manuelle: _ Então vamos tomar café e depois se arrumar para ir à escola. A parti de agora irei te levar e buscar.
Luz: _ Eeeeh. Então vamos! _ Ela pega a minha mão e me puxa para a sala de jantar, onde estava preparado o seu café da manhã.
E que café da manhã, a mesa estava cheia de delicias. Uma obra de arte, eu não resistir e peguei dois pedaços de bolo de chocolate. Depois dela comer subimos para seu quarto. Um quarto lindo, parecia ser de uma princesa, todo de todos os tons de rosa existentes. Dentro do enorme quarto dela tinha outro quartinho de brinquedos e um closet bem grande. Eu estava certa quando disse que essa casa parecia uma mansão. Isso aqui é chique demais para mim.
Ajudei Luz no banho, e a vesti com seu uniforme, penteei seus cabelos e amarrei duas madeixas da frente de seu cabelo atrás de sua cabeça com um belo laço rosa, prendendo, e fiz cachos nas pontas. Ela ficou super fofa e amou o cabelo. Era oficial eu agora faria Luz a garota mais fofa da escola todas as manhãs. Não tinha como outra criança ser mais fofa que ela. Essa seria a missão da minha vida.
Leon
Estava quase na hora de Luz sair, então resolvi subir e ver se elas estavam prontas. Quando cheguei perto da porta de Luz comecei a ouvir as vozes das duas.
Luz: _ Eu adorei o meu cabelo e esse laço rosa que você colocou atrás. Obrigada!
Manuelle: _ Por nada, você está realmente muito bonita, vai ser a mais linda da escola. Não tenho dúvidas!
Luz: _ Siiiiiiiiiiim!
Luz pula e Manuelle rir.
Luz: _ Manu, você gostou do meu quarto?
Manuelle: _ Mas é claro, seu quarto é igual a de uma princesa, majestade.
Ouço a risada da minha irmãzinha e abro um sorriso.
Luz: _ Obrigada, meu irmão que mandou fazer, quando eu vim morar com ele. A casa dele não é linda?
Manuelle: _ Muito, eu achei fantástica parece casa de famosos.
Sorrio ao ouvir isso. Manuelle precisava ver mais televisão.
Luz: _ Mas ele é muito famoso! E ele, o que você achou do meu irmão?
Um silêncio se faz no quarto e acabo chegando um pouco mais perto da porta para escutar.
Manuelle: _ Bom, a verdade é que eu acho...
Márcia: _ Senhor Clark?
Quase dou um enfarte. Márcia me olha com curiosidade atrás de mim, mas a impeço.
Leon : _ Olá Márcia, estava indo chamar as meninas, mas já que está aqui avisa a elas que o carro está esperando e apresenta um Manuelle para o Jorge.
Márcia : _ Sim, senhor.
Saio e volto ao meu escritório. Mas acabo desejando que Márcia estava chegado um pouquinho mais tarde. Não que eu existisse curioso, afinal sou seu chefe e ela apenas uma empregada, o que ela pensa ou deixa de pensar de mim, não me importa. Certo?