Solange sorriu enigmática, realmente gostou de estar com Lucas, mas esse era máximo que chegava com um homem, por mais que gostasse, não queria quebrar a regra de apenas um encontro por homem.
“Não estou noiva, mas o bar fecha às três da manhã, se não pegar o carro agora, só na outra noite”
“O estacionamento não fica aberto?”.
“Não” respondeu Solange calmamente “E você só tem quarenta minutos para pegar o carro” disse olhando o relógio no pulso.
Lucas começou a se trocar às pressas, não podia ficar sem o carro, pela manhã tinha que trabalhar e se locomover pela cidade, observando Solange calmamente no sofá.
"Você não vai me levar?" ele perguntou tentando entender porque estava nua.
''Não" Solange se levantou e foi até a janela "Tem um ponto de táxi ali, peça para deixarem você nesse endereço" ela escreveu um bilhete "Não tenha medo, eles são pessoas legais"
"Mas e você?"
"Eu moro aqui, não preciso voltar com você".
"Não é isso, quero saber como posso te ver de novo?"
Solange pegou o bilhete, anotou um telefone, qualquer, disse que era dela, deu um beijo na boca dele, levou até a porta e se despediu. Voltando à janela e quebrando uma regra, que era não ver sair o homem da noite indo embora, deu-se a desculpa de que o vigiava porque não era da cidade e algo de mau podia acontecer ao atravessar a avenida.
Ela entrou no banheiro e encheu a banheira, relaxando enquanto pensava em Lucas, que certamente tinha sido o cara mais legal e bonito com quem já dormira, imaginando que pensaria nele um pouco mais do que nos outros e que talvez se sentisse m*l por não ter dado seu número de telefone real, rindo com o pensamento insano.
Solange acordou quase dez da manhã, revigorada, leve e bem disposta e feliz com o sexo da noite anterior, fazendo um suco natural de laranja e um lanche natural, depois se arrumando e caminhando sozinha pelo parque, só curtindo a brisa que manhã fria de inverno, voltando para casa e deitado no sofá, imaginando se o que vivia era liberdade ou solidão enquanto colocava um filme para assistir.
Mas sendo interrompido pela campainha insistente, que fazia seu coração bater mais forte de medo de ser Lucas, "será que ele conseguiu memorizar o caminho mesmo sendo noite?", perguntou-se, levantou-se com medo, com um pensamento firme de que não poderia namorar o mesmo cara duas vezes, mesmo que ele fosse o melhor com quem já esteve. Abriu lentamente a janela e viu que era Suzan sua amiga, respirando aliviada por um lado e triste por outro, sem entender muito bem seus sentimentos.
“Como estava o gato?” perguntou Suzan indo até a cozinha e arrumando o frango frito que havia comprado e os chocolates “Esse é sem dúvida o mais lindo que já vi”.
“Acho o mesmo" respondeu Solange lembrando da beleza dele, "me surpreendi em vários aspectos com ele, geralmente os homens bonitos são tão egoístas na cama, acham que o corpo deles é suficiente, mas esse superou as expectativas”.
"É mesmo?" perguntou Suzan vendo os olhos de Solange brilharem "Você deu o número certo para ele?"
"De jeito nenhum, uma hora dessas ele deve estar falando com outra mulher por aí" ela sorriu, "Um cara gostoso não me faz quebrar as regras".
“Mas e um cara especial?”
"Ninguém conhece um cara especial num encontro único."
As duas concordaram e sentaram para assistir o filme que Solange havia colocado, passando a tarde tranquilamente no sofá.
Suzan riu da situação, achou que era hora dela e sua amiga encontrarem seu príncipe encantado e se casarem, o que não estava dando certo para nenhum das duas.
“Agora” disse Suzan, rindo do filme com ela, “Poderia ser você e um cara bonito aqui, mas não quis, um dia você vai ter que superar o passado e parar com esse encontro por homem coisa"
“Graças a esse” Solange respondeu, “vou ficar um tempo sem sair com ninguém, o cara foi tão bom que vai demorar para meu corpo ficar carente”
As duas riram da situação e continuaram a assistir, não era desejo de Solange se envolver com alguém, era feliz solteira, não tinha estresse, satisfação, ciúmes e complicações que a escolha de viver uma vida compartilhada com alguém trazia, ter calma e feliz enquanto pensava que era livre, dando apenas o corpo quando sentia necessidades físicas e nunca o coração.
Enquanto assistiam ao filme, Suzan viu a determinação nos olhos de Solange, sabia que sua amiga estava determinada a aproveitar ao máximo sua vida de solteira, sem se apegar a ninguém. No entanto, Suzan também conhecia o lado vulnerável de Solange, que, por trás de sua fachada forte, guardava algumas cicatrizes do passado.
Suzan, preocupada com o bem-estar da amiga, decidiu abordar o assunto com cautela.
"Solange", disse Suzan, pausando o filme por um momento "sei que você está gostando dessa vida de solteira e tudo, mas às vezes sinto que você está fugindo de alguma coisa. Você realmente não quer se abrir para um relacionamento mais profundo? Não estou dizendo para procurar desesperadamente pelo Príncipe Encantado, mas talvez seja hora de deixar alguém se aproximar um pouco mais."
Solange olhou para Suzan com um misto de gratidão e tristeza nos olhos, apreciando a preocupação da amiga, mas também sabendo que suas palavras continham um grão de verdade.
"Suzan, entendo o que está dizendo," Solange respondeu sinceramente. "Mas depois de tudo o que aconteceu, não posso me entregar completamente a alguém de novo. Escolho manter minha independência e proteger meu coração, em vez de correr o risco de me machucar novamente"
Suzan assentiu, entendendo a posição de Solange, sabia que as experiências passadas de sua amiga haviam deixado marcas profundas, e superá-las não era uma tarefa fácil.
"Entendo Solange" Suzan disse com empatia. "Só quero que saiba que estou aqui para você, não importa quais sejam suas escolhas. Se sentir que está pronto para se abrir novamente, estarei lá para você."
Solange sorriu para Suzan, grata por ter uma amiga tão compreensiva e solidária. Sabia que podia confiar em Suzan, mesmo que suas escolhas fossem diferentes.
"Obrigada, Suzan", disse Solange "Sua amizade significa muito para mim. Vamos continuar nossa tarde de cinema e esquecer essa coisa de relacionamento por um tempo"
As duas amigas retomaram o filme e continuaram rindo e se divertindo juntos. Elas sabiam que, independentemente de suas decisões sobre o amor, a sua amizade era um tesouro valioso que permaneceria com eles por toda a vida.
À medida que o filme se desenrolava, Solange sentiu um leve aperto no coração, mas desta vez não era tristeza. Era a certeza de que, quando estivesse pronta, encontraria alguém que compreendesse e respeitasse sua necessidade de liberdade e autonomia. Até então, se comprometeu a viver plenamente, abraçando cada momento com alegria e sem arrependimentos, conquistando sonhos e realizações profissionais.