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1606 Palavras

Eu acordei com um peso no peito que eu nem sabia de onde vinha. Não era físico, era mais fundo, mais fundo que o osso, que a carne, era na alma. E o pior é que não era novidade. Ultimamente, esse sentimento vinha todo dia. Era como se eu estivesse vivendo de empréstimo. Empréstimo de tempo, de espaço, de sentimentos. Eu me vesti naquele robe de seda vermelho que o Vicente adora me ver usando, mas que eu já não suporto mais. Me olhei no espelho e não vi nada de especial. Só vi uma mulher cansada. Fui andando em silêncio até a sala de estar. E lá estava ele. Vicente. Sentado como se fosse o dono do mundo. Um charuto aceso na mão, o copo de uísque matinal já no braço da poltrona. Ele usava aquela camisa branca que parecia ter sido feita sob medida pra passar uma imagem de classe, de poder. M

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