19

1429 Palavras

Maya Narrando Diretoria cheirava a café requentado e giz. Eu sentei numa cadeira dura, braço cruzado, olhar grudado no piso. Letícia choramingava num canto fingindo vítima, segurando gelo na bochecha vermelha. Dona Regina falou um sermão sobre respeito, convivência pacífica, “escola como espaço de transformação”. Eu não ouvi metade. Só pensava quem a diretora vai ligar? Como se adivinhasse, ela soltou: — Maya, já chamei seu responsável. Ele está a caminho. — Legal — rosnei, coração disparando. Ele vai descobrir mesmo, né? Não deu dez minutos. Passos pesados no corredor. O porteiro abriu a porta com cuidado. Dante entrou. Bermuda jeans, camisa, corrente grossa. A Glock enfiada na cintura — todo mundo fingia não ver, mas via. O ar da sala ficou denso. Letícia ergueu o rosto, os olhos

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR