MAIA NARRANDO Eu não consegui me mexer por alguns segundos. Fiquei ali, parada, dura, com o coração disparado e a visão embaçada, tentando entender o que tinha acabado de ver. As pernas tremiam, o estômago embrulhado, e parecia que o tempo tinha parado no exato momento em que ele virou o rosto e olhou pra mim. Dante. Com a mão ainda suja de sangue, o olhar frio, duro, sem nenhuma expressão de arrependimento. Ele apontou pra mim. Como se quisesse dizer: tá vendo o que acontece com quem mexe com o que é meu? E aquilo me congelou. A rua tava lotada. Os moleques da boca em volta, os vizinhos nos portões, todo mundo assistindo como se fosse normal. Como se fosse só mais um episódio no cotidiano do morro. Só que pra mim… não era. Aquilo ali não era o Dante que me fazia café na cama. Que pe

