Tânia Narrando O barulho do helicóptero ainda rondava no fundo da minha cabeça. A operação já tinha acabado fazia horas, mas o coração não tinha voltado pro lugar. E não era só por causa do Dante lá fora com um fuzil no peito, ou da troca de tiro com a polícia. Era por causa dela. Da minha menina. Da Maia. Ela tinha ligado do nada no meio da confusão, nervosa, aflita, me pedindo o número da Jéssica como se o mundo estivesse pegando fogo — e não era só o morro que tava queimando naquela hora, era o coração dela também. Eu conheço. Conheço aquela voz tremida, aquele tom que mistura medo e raiva. Ela tava à beira do surto. Desde então, eu não conseguia sentar sem pensar. Meus pés caminhavam sozinhos de um canto pro outro da cozinha, a colher de p*u esquecida em cima da pia, o feijão ferven

