Dante Narrando A gente tava sentado na mesa da sala, aquele silêncio de pós-operação reinando no ambiente. O som dos tiros ainda ecoava na minha cabeça, mas ali, com ela de frente, cabelo preso num coque torto, camiseta larga e a cara emburrada por causa da comida… p***a, era paz. Quer dizer… quase paz. — Nossa — ela resmungou, largando o garfo no prato com uma cara de nojo. — A comida tá horrível, Dante. Horrível de verdade. Levantei uma sobrancelha, mastigando em silêncio, encarando ela. — É que tu é acostumada com a comida da Tânia, menor… — falei, dando de ombros. — Mas olha isso aqui! — ela cutucou o arroz com a ponta do garfo como se tivesse analisando uma amostra de laboratório. — Não tem tempero. Nenhum! Tu jogou sal e água só, né? É tipo… comida de cadeia, pô! Vai botar mais

