MAIA NARRANDO Eu não conseguia me mexer. Não conseguia pensar. Não conseguia nem respirar direito. As palavras que saíram da boca daquela mulher ainda tavam ecoando na minha cabeça, distorcidas, emboladas, como se tivesse alguém gritando dentro de mim com um megafone quebrado. “Eu sou tua mãe, Maia.” Minha mãe. Minha… Não. Não. Isso não faz sentido. Fiquei ali, encostada na parede do corredor da clínica, com a mão tremendo, a vista turva, o corpo mole da cirurgia ainda recente. Mas nada doía mais do que aquilo. Ela tava ajoelhada na minha frente. Chorando. Implorando. Dizendo que me pariu, que fugiu, que teve medo. E eu só… olhava. Tentando entender que c*****o tava acontecendo. De um lado, a Tânia me puxando pelo braço, com os olhos cheios de desespero, tentando me tirar

