49

746 Palavras

DANTE NARRANDO Desci pro miolo da favela com o fuzil pendurado no ombro e o sangue ainda fervendo da madrugada passada. A p***a da Maya tinha virado minha cabeça de um jeito que eu nunca achei que fosse virar. Mas agora não tinha mais volta. Dei pra ela, tomei pra mim. Meu saco tá vazio de tanto leite que botei pra fora. E agora? Agora eu tinha que lembrar que ainda era patrão dessa merda toda. Que ainda era eu quem mandava. Que o baile rendeu, que o dinheiro girou, e que o morro inteiro ainda dependia da minha mente no lugar. Quando cheguei na laje da contabilidade, o Buiu já tava lá com o radinho no peito, a mão suja de tinta de nota, e os olhos arregalados com os malotes que tavam empilhados na mesa. — Patrão, deu bom demais — ele falou, com aquele sorriso de canto que ele soltava

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR