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1193 Palavras

JÚLIA NARRANDO Meu rosto ainda ardia. A mão do meu pai parecia ter deixado uma marca que queimava até o fundo da alma. Mas não era só a dor física, não. Era o que veio junto, o que ele falou, o jeito que ele olhou pra mim como se eu fosse lixo. Eu tava encolhida no banco do carro, o Buiu dirigindo devagar, sem soltar minha mão nem por um segundo. As lágrimas ainda escorriam, silenciosas. Não conseguia segurar. Meu peito doía mais que tudo. A vergonha, a tristeza, a raiva… tudo junto. Meu pai sempre implicou com tudo que eu fazia. Sempre. Quando comecei a sair com o Buiu, foi pior ainda. Não que minha mãe gostasse — ela não aprovava, mas também não dizia que eu não podia. Só ficava naquela de: “Presta atenção, Júlia. Ele é bandido. Essas coisas não acabam bem. Homem assim não

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