Vicente Narrando O hospital tinha cheiro de desinfetante e vergonha. Cada passo que eu dava até a saída era como um lembrete do que me aconteceu. O rosto ainda latejava. As costelas estavam doloridas, e cada movimento era um aviso de que aquele desgraçado tinha ultrapassado todos os limites possíveis. Dante. Aquele marginal precisa aprender que o mundo tem regras. Que existem consequências. Que não se vive feito bicho só porque se criou um império à base de sangue e medo. Saí de lá com os laudos médicos em mãos, com o maxilar apertado, o orgulho ferido e uma certeza absoluta no peito: ele não ia sair impune. Entrei no carro com dificuldade, ajeitei o cinto devagar e pedi pro motorista me levar direto pra 12ª Delegacia. Dei até o endereço exato. Cheguei no balcão principal com a pastinh

