recai

257 Palavras
Os raios da manhã beijam o meu rosto pálido e embreagado. Acordo sob o azulejo do chão do quarto, me levanto tonto, me sentindo entorpecido da cabeça aos pés. Cairo não estava no recinto, tudo está exatamente como estava ontem a noite, a toalha úmida encima da cama desarrumada por culpa da minha preguiça e dos péssimos hábitos dele. Desço a escada tentando me recordar do que acontecerá, olho para o relógio da sala, onde marca 6 horas da manha, muito cedo, eu poderia estar dormindo, mas minha mente está confusa demais e tem uma necessidade absurda de entender o que aconteceu. A gravata de Cairo ainda está encima do tapete branco e felpudo da sala e a embalagem de biscoito salgado permanece sob a mesa de jantar de forma intacta, assim como as duas latas de refrigerantes, agora quentes. Ao adentrar a cozinha me assusto com a cena inusitada, morangos espalhados e amassados pelo chão, o vermelho do suco de fruta se mistura ao vermelho do meu próprio sangue quando acabo cortando superficialmente meus pés nos cacos de vidro do copo, ontem, quebrado. Talvez por pura inércia ele ainda esteja lá, o pior de tudo é simplesmente não me lembrar de nada após a minha briga com o maior. Me lembro então da pancada em sua cabeça, um golpe covarde, sem chance alguma de defesa, um único golpe cheio de dor e magoa, mas minha mente apagou de forma súbita os acontecimentos posteriores, se deixou completamente isolado, eu não consigo me lembrar do que ocorreu depois.
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