7- Jade

1619 Palavras
Jade narrando: Sabe aquele momento que você tanto espera na sua vida, aquele que você sempre lutou para alcançar? Bem o meu momento chegou, recebi a ligação dos meus pais, dizendo que entraram em contato com eles informando que ganhei a bolsa de estudos nos Estados Unidos. Fiquei perplexa com a notícia, como assim? Será que eles se enganaram? Eu não tinha mandado a minha inscrição ainda, estava procurando a melodia perfeita. Foi aí que meus pais me explicaram que foi a minha avó, ela copia tudo o que fiz e mandou para escola, assim que escutaram se apaixonaram pelas músicas, e pelos sentimentos que ela exercia em casa um deles. Eu chorei por dentro, explodi de felicidades... É minha vez de seguir os meus passos, mas aí veio o choque de realidade. Olhei em volta, e estava no quarto de Dom, ele ainda dormia. Acabei de me apaixonar por esse menino, e agora vou ter que deixar ele! Decidi não deixar isso assim, eu quero que Dom tenha um pedacinho de mim quando for embora, para que ele nunca me esqueça, assim como eu nunca vou esquecer ele. Depois que ele acordou tomamos café, juntos, fizemos almoço, estava aproveitando cada pedacinho desse momento com ele, rindo e nos divertindo. Então Leão chegou, deixei eles com almoço, e fui cumprir a minha missão, meus pais disseram que tenho dois meses para organizar tudo, que depois disso as aulas iriam começar lá fora. É tempo suficiente para eu ensinar Violino ao Dom, não sei como ele vai reagir tendo o próprio instrumento dele, mas quero tentar... Meu dia foi bem corrido, corri em uma agência de viagens para ver quanto iria gastar, o visto e tudo. Comprei um mundo Violino para Dom, ele é especial, achei a cara dele, e ainda mandei gravar as suas iniciais nela "Dom" , para ele sempre saber que isso vai ser um pedacinho dele, assim como o meu violino é o meu coração. Cheguei em casa cansada, exausta, na verdade, minha avó já estava me esperando com a mesa cheia de comida, ela fez um bolo para comemorar a minha vitória. _ O meu amor, que orgulho de você, depois que ouvi suas músicas, eu sabia que ia ganhar, fiz sua inscrição, sabia que você precisa de uma forcinha, então apenas ajudei. _ Ela disse me abraçando. _ Aí vó, a senhora não existe, muito obrigado, na verdade sempre tive o medo do não, parecia que nunca estava perfeito. _ confessei com vergonha. _ Passou meu amor, e isso aí? Pegou outro Violino? _ Ela perguntou vendo eu colocar as coisas no sofá. _ Não vó, esse é um presente para Dom, eu quero ensinar a ele um pouco que seu, com esperança que ele goste, e que seu pai Leão, de continuidade depois que eu for embora. _ ela me olhou estranho. _ Minha fia, cuidado, está muito apegada a esse menino, não esqueça que vai embora, não deixe ele sofrer, se afaste dele, sabemos que os sentimentos dele são mais intensos que os nossos, Jade, cuidado com Dom, ele já sofreu muito com abandono da mãe. _ minha avó estava preocupada, isso me fez pensar mais, não quero machucar Dom, e agora? Aproveitei o momento com minha avó, depois fui tomar um banho, o dia foi cansativo. Acordei no dia seguinte com vozes de pessoas discutindo. Levantei da cama correndo e fui até a sala, vi minha avó brigando com Leão, ele estava com raiva, percebi pelo seu olhar e o tom de voz para minha avó. Corri para frente da minha avó, deixando ela atrás de mim. _ O que significa isso? Porque está gritando com minha avó? _ perguntei com raiva de Leão. _ Por sua culpa, o que pensa que está fazendo? Você entrou no meu morro sem permissão, ficou aqui, sequestrou meu filho, depois fez ele gostar de você, e agora vai embora? Como meu filho vai ficar? _ olhei para o Leão confusa. _ Como sabe disso? _ ele riu, pegou o celular dele e colou vídeo do jornal, para minha surpresa era notícia minha. _ Por essa eu não esperava... _ segurei o celular dele e ouvi a notícia até o final. _ Leão, eu não esperava por isso, não planejei nada disso. Meu sonho sempre foi estudar fora, eu vim para cá para me encontrar, me achar sabe. _ ele me olhou furioso... _ Sim, e agora se encontrou né, e está caindo fora daqui, como todos fazem. Não chegue mais perto do meu filho, você está proibida de encostar em Dom, e pode fazer suas malas, quero você fora do meu morro até a noite. _ ele disse com olhos vermelhos de raiva. _ Você acredita que porque é dono do morro pode me expulsar daqui? Acha que sou suas mulheres? Não, querido, eu sou dona de mim, vou ficar com a minha avó, até quando eu quiser, não fiz nada para você e não violei suas regras, então não tem direito de fazer isso, se não o morro todo vai saber do que está fazendo comigo e minha avó. Estou indo embora daqui dois meses, até lá vai ter que me aturar no morro. E já que está pedindo com tanta educação, não vou chegar perto de Dom, mas para sua informação, eu vou sentir muita falta dele. _ naquele momento pensei em Dom, e meus olhos se encheram de lágrimas. _ Ok, um aviso, se pegar você perto do meu filho vai ganhar um corte de cabelo, e expulsão a sua altura patricinha, do cara.lho. _ Leão disse saindo da casa da minha avó, percebi um homem seguindo ele, o mesmo do hospital e que veio me pegar a noite para ir a casa de Leão. Ele estava de cabeça baixa, como se tivesse vergonha da cena ridícula de Leão. Quando Leão saiu olhei para minha avó, ela estava com lágrimas nos olhos. _ Filha, volta para São Paulo, vai ficar o tempo que tem com seus pais. _ minha avó falou chorando. _ Não vó, vou ficar com a senhora, calma, ele já foi, não vai fazer nada comigo. Infelizmente não posso mais ver Dom, então isso que vai me machucar de verdade. Fiquei triste o resto do dia, fiquei na cama, olhando o violino de Dom, não consegui pela primeira vez na minha vida tocar, estava tão triste que não queria ouvir as notas do violino. A noite me levantei e fui tomar banho, minha avó me chamou, saiu da quarto, ela pediu para ir no mercado buscar uma mistura para o jantar. _ Vó, sério, podemos pedir pizza, não quero sair. _ minha avó sorriu. _Ok, como quiser, o telefone da pizzaria aqui no morro está na geladeira, vou tomar meu banho, eu gosto de frango com cheddar. _ sorri um a exigência da minha avó. Peguei meu celular e chamei a pizzaria no w******p, pedi uma pizza de frango com Cheddar, e a outra portuguesa minha preferida. Pedi um refrigerante grande, e uma caixa de suco para minha avó. Liguei a Tv e coloquei um filme de comédia que minha avó gosta, ficamos rindo com as cenas do filme, até que alguém bateu na porta, corri até lá para pegar as pizzas e bebida, já tinha feito pix para pizzaria. Quando abri a porta vi uma menina com a mochila de motoboy nas costas. _ Jade? _ Ela perguntou! _ Sim. Sou eu. _ Sorri educadamente. _ Vamos lá, posso entrar para colocar as coisas, se não vai cair. _ Olhei estranho, mas deixei. Ela entrou e foi até a mesa, tirou as bebidas e colocou na mesa e depois as pizzas, minha avó chegou na cozinha. _ Oi menina, como está sua mãe? Faz tempo que não vejo você! _ minha vó falou abraçando a menina. _ Tá bem tia, tô na correria, preciso criar meu moleque né. _ moça disse sorrindo, percebi que ela é muito de boa. _ Que bom! Fia, e o pai dele? Não saiu ainda? _ minha avó perguntou, fiquei sem entender. _ Não, tá na tranca ainda, tô trampando no asfalto, e pizzaria a noite, para levantar a grana do advogado, e comprar as coisas dele e de casa. _ ela disse ficando triste. _ Vai dar certo fia, Deus sempre abençoe aqueles que lutam. _ avó disse consolando ela. _ Falei tia, bom, papo tá bom, mas tenho que ir, satisfação Jade, quando quiser um rolê no morro, só me procurar, sua avó tem meu número. _ moça disse sorrindo. _ Ok, como sabe quem sou? _ Ela gargalhou. _ Aqui as notícias correram, todos sabemos quem é, a Paty que passou na tv, virou uma famosa aqui. _ ela se explicou. _ Ok. Obrigado. Qual seu nome? _ perguntei. _ Aqui sou conhecida como Chaminha. _ Ela saiu sumiu na moto e foi embora. Olhei para minha avó, ela só riu da minha cara. _ Aqui as mulheres são assim, de fibra, luta pela família, o namorado dela era vapor, engravidou ela muito nova, ele foi preso esses tempos, e ela que está agora lutando para sustentar a mãe dela que é acamada, e o filho dela de 6 anos. _ minha avó explicou. _ Nossa vó, que triste... _ Não é triste, fia, é apenas as consequências de quem escolhe o caminho do crime. Vem, vamos comer, e para que duas pizzas? _ avó perguntou. _ Tô com fome, e também sobra para meu café da manhã! _ disse rindo e passando a mão na barriga, minha vó caiu na gargalhada. Enquanto comia não pude deixar de pensar em Dom, será que ele comeu hoje, como ele está?
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