Capítulo 2 - Reconhecimento Perigoso

805 Palavras
O salto de Sophia ecoava no saguão elegante da sede da Blake & Co. Ela ajeitou a saia lápis, inspirou fundo e subiu no elevador de vidro, sentindo a ansiedade crescer. Hoje seria seu primeiro dia como assistente executivo do novo CEO — um nome que todos ainda sussurravam com reverência e certo mistério. Ela não sabia o que esperar. E, sinceramente, ainda tentava afastar da mente a lembrança da noite anterior. Um erro. Um deslize impulsivo que ela não pretendia repetir, por mais que o corpo ainda latejar com as memórias. O elevador parou no último andar. Sophia caminhou até a recepção privativa. — Senhorita Bennett? — a secretária sorriu, levantando-se. — Pode entrar. O senhor Blake está à sua espera. Sophia assentiu, tentando parecer mais confiante do que se sentia. Girou a maçaneta dourada e entrou. E congelou. Ele estava lá. Encostado casualmente na frente da enorme janela de vidro, as mãos nos bolsos da calça de alfaiataria, a gravata solta no pescoço, a camisa impecavelmente branca delineando o peito largo. Os olhos... Ah, os olhos. Aqueles olhos escuros como a meia-noite, que a despiram com um único olhar no salão do hotel. Era ele. O homem da noite passada. O choque foi tanto que Sophia ficou sem ar por um instante, o sangue pulsando ensurdecedor em seus ouvidos. — Bom dia, senhorita Bennett — ele disse, a voz carregada de um timbre baixo que fez seus joelhos fraquejarem. Ela piscou, tentando se recompor. — B-bom dia, senhor Blake — respondeu, engolindo em seco. Ele se moveu lentamente, como um predador que não tinha pressa para capturar sua presa, aproximando-se dela com passos firmes. Sophia manteve o queixo erguido, tentando fingir que seus sentidos não estavam em polvorosa, tentando ignorar o calor que subia pelas suas coxas só de vê-lo tão perto. — Espero que tenha descansado bem ontem à noite — ele murmurou, inclinando levemente a cabeça, como se fosse uma provocação. Ela arregalou os olhos. Teria ele reconhecido? Impossível. Ela não... Ela não podia ter sido tão óbvia. — Sim, senhor. Estou pronta para começar — respondeu, com a voz um pouco mais firme. O sorriso dele foi lento, quase preguiçoso, mas seus olhos... Ah, seus olhos a devoravam como na noite anterior. — Ótimo. Gosto de funcionários... dedicados — ele enfatizou a palavra, fazendo com que uma onda de calor percorresse seu ventre. Sophia apertou a pasta contra o corpo como um escudo improvisado. Alexander indicou uma cadeira em frente à mesa. — Sente-se. Temos muito para discutir — ordenou, com a autoridade natural de quem estava acostumado a ser obedecido. Ela se sentou, cruzando as pernas de maneira automática. Imediatamente, sentiu o olhar dele percorrendo suas coxas expostas pela f***a discreta da saia. Sophia mordeu o lábio inferior, tentando não se contorcer sob aquele exame descarado. Durante os minutos seguintes, Alexander falou sobre as tarefas, os projetos e as expectativas. Sua voz era hipnótica, suas palavras diretas. Sophia tentava prestar atenção, mas era impossível ignorar o calor latente entre eles, como uma corrente invisível que os ligava. De repente, ele se inclinou para frente, apoiando os antebraços na mesa, diminuindo a distância entre eles. — Eu gosto de lealdade absoluta, senhorita Bennett — sua voz era quase um sussurro. — Você pode me dar isso? Sophia sentiu o coração saltar no peito. — Claro, senhor Blake. — Sua resposta saiu num fio de voz. Ele sorriu. Um sorriso cheio de intenções. — Ótimo. Porque eu também costumo ser... extremamente dedicado ao que é meu. A insinuação era clara. Tão clara que Sophia quase perdeu o fôlego. Mas ela não podia... não devia... Ainda assim, sua pele formigava sob o olhar dele. O corpo lembrava da noite passada com dolorosa clareza, mesmo que sua mente insistisse em bloquear. Alexander se levantou, caminhando até ela. Sophia permaneceu imóvel, as mãos apertadas sobre o colo. Ele parou atrás dela, tão próximo que ela podia sentir o calor de seu corpo. Um dedo deslizou suavemente pela sua nuca exposta, fazendo-a arquear levemente as costas. — Você tem perfume de pecado, Sophia — ele sussurrou, tão baixo que mais pareceu uma confissão. Ela fechou os olhos por um instante, sentindo o controle se esvair. Isso era insano. Perigoso. Errado. Mas então, o toque desapareceu. Quando ela se virou, ele já estava de volta à sua cadeira, impassível, como se nada tivesse acontecido. — Está dispensada por enquanto — disse, com a voz firme. — A secretária te entregará o cronograma da semana. Sophia levantou-se com dificuldade, o corpo inteiro tremendo de uma tensão deliciosa e frustrante. Antes de sair, arriscou um último olhar. Alexander a observava, o sorriso discreto brincando nos lábios. Sophia saiu da sala com o coração disparado e uma certeza inabalável: Ela estava em perigo. E uma parte dela... gostava disso.
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