CAPÍTULO 4

1346 Palavras
MARCO POLO Sabe a maior ironia das separações entre casais? O motivo. Faz um bom tempo que estou na vara familiar, direito familiar é algo fácil, porém complexo quando se trata de dinheiro e filhos ou os dois juntos, que são sempre prejudicados pela mágoa, raiva e desejo de vingança. São tantos motivos para uma separação, por começar pela relação de não conseguir se acostumar com a mesma pessoa, se enjoando do próprio parceiro com quem se casou, 37% dos casamentos terminam por isso, porque um se enjoa do outro. Intimidade também é um motivo, com o casamento vem uma i********e que namoro nenhum falou que teria, é difícil entender que vai ter a divisão até mesmo da mesma escova de dente. Logo se chega na traição, infidelidade, 21%, levando junto a questão do motivo, por que trair? Sem vida s****l? Rotina? Sem diálogo entre o casal? Grande ego do marido ou da esposa? Aventura ou não? Outro motivo e a por outra pessoa, na qual leva todos os motivos anteriores, paixão por outra pessoa e o motivador para a queda de um casamento sólido. – É isso doutor, ele fez isso, se apaixonou por outra, abandonou o lar e a mim, trocou tudo por nada – Por nada não, por alguém, então e algo sim. – Eu quero a separação, guarda do meu filho e a casa, mas a pensão do meu menino e parte das ações dele, você fica com 10% de tudo que você conseguir. Eu deixo a caneta na mesa e pego as fotos na mesa, de uma mulher nua e um homem, em um escritório. – Certo, mas agora eu dou as outras cartas para prosseguir, se aceitar feito, se não, não entro no caso – Falo, puxando o pré contrato, terminado de preencher e colocar tudo que ela pediu em documento. – Primeiro, a criança fica fora de qualquer briga judicial, sendo a partir de agora encaminhada para um profissional que o ajude a passar por essa transição, visto que as coisas entre seu marido impossibilite a comunicação coerente entre vocês e a criança, podendo deixar ele confuso e com deficit comportamental, segundo, nada de entrevista depois que o pedido for oficializado, eu odeio a impressa, terceiro, nada de calúnia ou mentira perante a mim ou a um juiz, sem difamação, xingamentos ou brigas, quarto, sem atraso comigo. – Certo, tudo bem, claro – Ela fala e fica olhando para mim, como se não esperasse aquilo de mim, então ela suspira fundo. – É assim que você ganha os processos que você entra? – Não, senhora, assim que eu faço uma separação ser rápida e sem brigas, certo? – Claro – Ela pega o contrato e passa os olhos, puxando a caneta e assinando, sem nem ler direito, como se a raiva a mantivesse. Era assim mesmo em uma separação, a raiva motivava. – Quando começa? – Vai para casa e siga instruções, tome a providência com a criança, se tiver parentes mande-o para lá, mas aconselho que diga aos mesmos para não falar nada com o garoto ou fazer perguntas, certo? Terminamos por hoje – Ela se levanta e eu vou junto, cumprimentando a mulher alta de cabelos escuros, que se vira e sai, bem mais confiante que entrou aqui, sabendo que tinha um pouco de paz, mas sabendo que as coisas poderiam ser melhores. Eu me sento e pego todo o relatório feito por mim, redigido durante uma hora de conversa, então eu suspiro e deixo do lado, trazendo a pasta do último arquivo e então eu lacro a caixa e me levanto, geralmente é assim, terminou caso ele é levado para o arquivo, na parte baixa, onde eu raramente ia, mas quando eu ia eu passava por todos os setores. Eu odiava andar de um lado para o outro, evitando contatos com pessoas ou vendo coisas que minha cabeça poderia usar. Atravessei o último pavilhão e parei no balcão, onde não havia ninguém, tendo que tocar a sineta e espera, olhei para o relógio na parede e fui descente para a sombra e o rosto iluminado no lugar, por duas janelas que ali ficavam do chão ao teto, deixando claro a organização de uma pessoa e como ela estava diferente. Ela havia aceitado, porém uma coisa rápida me despertou a atenção. Do nada reconheci a garota de uma semana atrás, mas isso foi estranho, para quem me deixou plantado e agora estava na minha frente, segurando uma pilha de papéis. Foi aí que ela me reconheceu, parando, ela estava diferente, rosto mais iluminado, um visual diferente, de calça jeans justa e uma camisa xadrez, sapato baixo e com o cabelo castanho amarrado no alto, sem aparentar a mulher daquela noite. Era Alex, Alex estava na minha frente, o que eu quis e o que ela rejeitou. – Oi – A voz dela saiu cautelosa e calma, foi aí que eu sorri, de leve e calmo, deixando as pastas no balcão e puxando a fita, colocando as informações. – Vejo que está melhor, mas eu não sabia que estava com a gente. – Bem, eu não fui no café, me perdi no tempo e – Ela estava segurando o ar, pela forma estática que seus olhos me olhavam e seu peito que não subia e nem descia. – Me desculpa, fiquei depois com vergonha de falar com você, achei que você ficaria bravo. – Fiquei – Fui sincero. – Mas o café daquele lugar me agradou muito. Aí eu a vi soltar o ar. – Que bom! – Ela disse rápido, Alex, bem, não parecia tão diferente, tinha os olhos atentos, olhes castanhos atentos em mim, como se esperasse algo. – Queria agradecer, por isso, aqui é muito diferente, mas um diferente bom. – Você está aqui desde quando? – Eu perguntei. – Quase umas semanas, pensei em procurar você, para agradecer só que aí depois me disseram quem você era e eu não queria ir – Certo, ela sabia que eu era o filho do cara dali, inferno, isso atrapalhava algumas coisas para mim, embora ajudasse em outras. – Não quero problemas. Eu devia entender que ela não queria ficar perto de mim, mas entender não é aceitar. – Você vai jantar comigo, para tirar essa ideia da cabeça que vai ter problemas. – Não, não obrigado. – Eu não tenho amigos, isso deveria ser legal para mim, porque você e a única mulher que me ajudou e conversou comigo por mais de meia hora sem fazer algo por mim ou comigo – Ela piscou surpresa. – Eu quero ir como um colega ou amigo, não é como se você fosse o jantar, Alex, eu não sou assim. Realmente, eu não era assim, eu era muito pior. – Não é certo, agora estou aqui cara – Ela tentou, mas eu sorri. – Você me deve isso, eu não vou fazer nada e você também não, não é porque eu sou lá de cima que não posso ter amigos aqui, não sou assim, você devia saber. Sim, ela devia saber, mas não sabia, mas ela iria, porque saber disso poderia deixar ela perto ou longe de mim. – É só um jantar mesmo? – A pergunta dela me fez vacilar, eu não mentia para as mulheres com quem eu saia, porque elas iam sabendo que encontrariam algo comigo, uma noite de sexo, uma noite de perversão, mas ela me fazendo aquela pergunta deixava as coisas amplas, porque eu queria mais que uma comida. – Sim – Minha cabeça gritou: Não. – Então? – Certo Marco, sabe onde eu moro, me pega no sábado, as nove. – Do que você gosta? – Eu perguntei, soltando o ar devagar. – Comida. – Claro, mas que tipo de comida? – Ela pareceu pensar. – Mexicana – Eu sorri, deixando a pasta satisfeito. – Ótimo, porque é a minha preferida também– E aí eu sorri, dando as costas e indo embora dali, bem mais satisfeito que havia entrado, mas inconformado, de uma maneira estranha. Como se faltasse algo. É realmente, faltava.
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