Narrado por Lara
A porta do carro fechou atrás de mim com um estalo seco. Fiquei parada na calçada por alguns segundos, olhando os faróis se afastarem até sumirem na esquina. Ele nem piscou antes de atender o telefone, já voltando a vestir a farda invisível que nunca larga. E eu fiquei ali, com o coração apertado, tentando prolongar o sabor do dia que parecia escorrer pelos dedos.
Subi até o apartamento, cada passo ecoando no corredor silencioso. As paredes frias, a portaria vazia, tudo parecia mais gelado depois do calor de risada que eu tinha dividido com ele poucas horas antes. Fechei a porta de casa e soltei um suspiro longo, como quem tira um peso das costas e coloca outro no lugar.
Larguei a bolsa no sofá, tirei os sapatos sem cuidado e subi direto pro quarto. O silêncio me recebe
