📓 Narrado por Roberto Monteiro Albuquerque
O cigarro queimava entre meus dedos, mas eu nem sentia o calor.
Fiquei olhando pra tela apagada do celular, o reflexo do meu rosto partido pela luz fraca da sala.
Camila.
Casal morto.
Menino órfão.
Lobo.
Tudo dentro da mesma sentença.
Tudo dentro do mesmo inferno.
Levantei da cadeira num pulo, o coração martelando dentro do peito.
— Bastos! — berrei, a voz rasgando o corredor. — Bastos, p***a!
A porta abriu em segundos.
Henrique entrou ofegante, ainda com a pasta debaixo do braço.
— Que foi, Monteiro?
Joguei o celular na mesa.
— Lê isso.
Ele pegou o aparelho, os olhos varrendo as mensagens.
A cada linha, o rosto dele ficava mais tenso.
Quando terminou, ergueu o olhar pra mim.
— Que merda é essa, Monteiro? — perguntou, baixo. — Q
