📓 Narrado por Lobo O serpentário dormia igual fera em toca quieto, mas vivo. A luz vermelha piscava no canto, e o cheiro de terra molhada misturado com ferro enchia o ar. A corrente batendo no meu peito soava como relógio de sentença. Desci os degraus devagar, cigarro preso no canto da boca, o som da bota ecoando no concreto. Dina veio logo atrás, silenciosa, mas eu sentia o peso da presença dela. Mulher que não precisava abrir a boca pra ser notada o tipo que até o veneno respeita. A Sombra se mexeu antes mesmo de eu chegar perto do vidro. O corpo dela deslizou pela areia, pesado, lento, a língua riscando o ar. Era como se me reconhecesse. Como se sentisse o que eu trazia na cabeça. — Ela tá inquieta. — Dina disse, encostando no batente. — Tá sentindo coisa errada. — Tá sent

