capítulo 47

1386 Palavras

Narrado por Lobo Saímos do restaurante e a noite já tava engolindo o morro. O vento vinha carregando cheiro de pólvora e maconha misturado, aquele perfume que só quem mora em cima da laje reconhece como rotina. Cada viela tinha um eco, cada beco um sussurro, mas eu caminhava firme, corrente batendo no peito, cigarro queimando devagar. — Bora passar na boca. — soltei, sem olhar pro lado. Beto veio atrás, rodando a caneta nos dedos como sempre, rindo sozinho. — Aí sim, primo… quero ver os caras tremendo ainda depois do showzinho do serpentário. — gargalhou, mas eu só balancei a cabeça. Quando viramos a esquina, o som de ferro batendo e grito de incentivo chegou primeiro. A boca fervia: soldados treinando no pátio improvisado, saco de areia pendurado, uns correndo com pneu nas costas, ou

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR