capítulo 57

1349 Palavras

Narrado por Lobo O moleque ainda tava firme, mas o olho denunciava a guerra dentro dele. Respirei fundo, a voz saindo seca, carregada de ferro: — E nesse dia… — falei lento, cada sílaba cortando o silêncio — …vou te dar a honra de sentar na minha cadeira. De carregar o peso que hoje é meu. Mas até lá, Beto, tu tem a chance de escolher se quer mesmo essa vida. Ele me encarou, os dedos apertando a caneta até ranger. — E vou te falar uma coisa que nunca te falei. — completei, chegando mais perto, o olho queimando no dele. — Tu é zoeira pura, eu sei. Vive debochando, rindo, como se nada fosse sério. Mas eu entendi faz tempo: essa tua risada é escudo. Tu ri pra não chorar, tu brinca pra não enlouquecer. Tu faz palhaçada porque sabe que, se olhar de frente pra merda toda, o peso te quebra.

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR