O núcleo estava lotado naquela tarde, mais do que de costume. As vozes ecoavam pelo corredor, crianças corriam entre as cadeiras que ainda estavam sendo empilhadas, o cheiro de café misturado ao de papel e suor dava o tom do fim de expediente. Eu estava mergulhada na tela do computador, revisando pela terceira vez a campanha do mês, quando a voz da Vera atravessou tudo:
— Júlia, minha filha, vem cá um minutinho.
Levantei de imediato, tentando segurar o sorriso ensaiado. O corpo, porém, gelou assim que percebi com quem ela estava.
Era uma mulher jovem. Tinha provavelmente uns 23 anos, talvez até menos. Cabelos cacheados que caíam em ondas soltas sobre os ombros, maquiagem leve, uma roupa justa que revelava o cuidado com cada detalhe da aparência.
O sorriso era fácil, doce, mas havia al
