29. Julia

1080 Palavras

O café da manhã m*l desceu. O cheiro do pão me embrulhou o estômago, o leite parecia ácido, e até o barulho da televisão me irritava. Mas fui assim mesmo. Tomei banho gelado, prendi o cabelo com força, passei corretivo nas olheiras e disse pra mim mesma, em voz baixa, encarando o espelho: — Segura as pontas. E segurei. Cheguei na ONG antes de todo mundo, tentando evitar olhares. Me tranquei na sala de comunicação, deixei as janelas escancaradas como se o vento pudesse carregar o peso que latejava por dentro. Mas nada mudava: o corpo inteiro doía, como se cada veia pulsasse num compasso errado. Às nove e meia, o enjoo veio como soco. Corri até o banheiro do fundo, travei a porta com pressa e segurei o cabelo enquanto o corpo cuspia o nada que eu não tinha comido. O som ecoava alto demai

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