A última caixa estava no canto do quarto, meio torta, com a tampa afundada por ter servido de apoio para uma porção de coisas. Sentei no chão com cuidado, puxei-a para perto e respirei fundo. Aurora já tinha dado três chutinhos em sequência, e eu sabia que aquilo era aviso. — Eu sei, minha filha... — murmurei, acariciando a barriga. — Mas a gente vai terminar hoje, nem que seja sentada no chão o dia inteiro. A caixa era uma bagunça em si: sapatinhos soltos, babadores coloridos, um pacote de fraldas meio amassado, potes de cotonete, lenços umedecidos e até uma escova de cabelo com a etiqueta ainda pendurada. Comecei pelos babadores. Dobrei em pares, alisando o tecido entre os dedos, e coloquei em uma das gavetas da cômoda. Depois vieram os sapatinhos. Um de cada modelo, alguns tão pequen

