06: O Retorno da Chefona da Vingança: Treta de Sangue em Palermo

1528 Palavras
Um Jacto Particular sobre o Atlântico. (Poucas horas depois do sequestro) «Íris Narrando » A última coisa que vi em Miami foi a cara de pavor da Alice antes daquele brutamontes me puxar pelo cabelo. A imagem ficou grudada na minha cabeça, e não rolou choro, só um gelo sinistro correndo nas minhas veias. A mãe, a tal Natalie, tinha morrido lá na cozinha. Eu tinha virado a Íris Corleone de novo. Eu estava num jato particular, algemada, presa a um assento de couro branco que parecia novo. Aquele luxo ostensivo não harmonizava em nada com o cheiro de ozônio e sangue fresco que ainda pairava na minha memória. Sebastian. Meu corpo estava meio dormente, mas minha mente operava com uma precisão impressionante, como um computador de alta performance. Eu não tinha certeza se ele havia sobrevivido à briga que ocorreu na cozinha. Se ele tivesse morrido, meu coração tinha sido arrancado, mas eu ia ter que deixar o luto pra depois. Se ele tivesse vivo, ia vir atrás de mim, e eu precisava dar um jeito de avisar pra ele ficar longe. A morte dele nas mãos da Máfia não era o preço que eu ia pagar. O sequestrador, o chefe dos homens quietos e profissionais, sentou-se na minha frente. Ele não era um Corleone. Era certinho demais, sem emoção. “Não perca seu tempo lutando, Senhora Castello. Seu pai queria você aqui agora. E ter certeza de que você não fugiria,” ele disse, sem mudar o tom de voz. “Meu pai está morto,” eu sussurrei, com a voz rouca e estranha. Senti um calor diferente no peito. Não era tristeza pela morte dele, era raiva por ele ter me manipulado pela última vez. Ele sorriu, o mesmo sorriso vazio de antes. “O corpo do Capo Corleone vai ser velado no Palácio. Mas a vontade dele está super viva, e a Máfia não pode ficar sem líder, com tantas gente de olho esperando.” Olhei para o meu reflexo na janela. O cabelo preso e sem graça da ‘Natalie’ tinha sumido. O cabelo escuro estava solto, meu rosto marcado pelo cansaço e pelo ódio. Não existia mais a esposa do Sebastian. A “Executora” não só estava de volta; a Rainha da Vingança tinha nascido. “Onde está minha Filha?” perguntei, sentindo as palavras queimarem na minha garganta. Minha voz não era de quem implora, era de quem ameaça. “A criança está bem. Num lugar que garante sua colaboração. Não se preocupe. Ela é a chave. E a chave não é destruída. Apenas guardada,” ele respondeu. A resposta dele foi meu único alívio. Alice estava viva. Isso significava que eu tinha um objetivo. E minha vingança podia esperar. O resgate vinha primeiro. Eu estava disposta a fazer o que fosse preciso para tê-la de volta. A aterrissagem em Palermo foi brusca. Fui tirada do jato e jogada num carro blindado, que nos levou pelas colinas escuras da Sicília. Cada quilômetro era uma dor, me arrancando da vida que eu tinha construído. Estava sendo forçada a voltar ao lugar que jurei nunca mais ver. O Palazzo Corleone, Enorme, frio, uma cova de mármore e poder. O ar estava pesado com cheiro de incenso, flores e, o mais perigoso, poder sem dono. Fui levada direto para a sala de estar principal, onde o corpo do meu pai, o Capo Corleone, estava num caixão aberto, cheio de flores. Mas não olhei para ele. Olhei para os homens que estavam lá: os Urubus. Três Chefes de grupos rivais do meu pai, todos esperando para se dar bem com o que restou da família Corleone. Tinha o Lucio Moretti, gordo e pálido, o homem cuja família eu havia humilhado e impedido de m***r em Milão. A presença dele era um teste para minha lealdade. Tinha o Vincenzo Falcone, durão e quieto, o Capo que sempre quis as minhas terras. E, o pior de todos, Gianni Corleone, meu primo, com aquele sorriso falso e olhos pequenos e gananciosos. A inveja dele era tão clara quanto água. Todos me encaravam. Eu, a Executora que fugiu para brincar de dona de casa. A mulher que traiu o Clã por um cara. Li o desprezo nos olhos de cada um. “Olha só, A filha rebelde voltou,” Gianni disse, com a voz cheia de desdém. “Tão linda quanto antes, Íris. Mas onde está seu cachorro de guarda, o professor de História? O Castello.” Respirei fundo, sentindo o gelo endurecer minha expressão. Eu não era mais a garota que hesitava. “O Castello está onde ele deve estar. Longe do meu caminho” respondi, a voz fria, sem sentimento. Menti. Sebastian estava no meu coração, mas eles nunca saberiam Vincenzo Falcone, o mais direto, avançou “O Capo morreu. A regra é clara. A herdeira de sangue tem que assumir o Trono. Mas você é mole, você nos abandonou, Não serve para nós. Queremos dividir os territórios.” Medo? Não senti nada além de raiva fria. Eu sabia que ele estava errado. “Ha ha ha ! Meu pai não teria me trazido de volta se quisesse que vocês roubassem o que é meu” eu disse, levantando o queixo, caminhando para o centro da sala, Pela primeira vez em 7 anos, senti a autoridade correndo no meu corpo. Eu tinha que ser maior que eles, mais fria que eles. Olhei para meu pai no caixão. Não havia paz no rosto dele; havia um sorriso sombrio e vitorioso. Ele tinha morrido para me arrastar de volta. Ele sabia que o único jeito de me fazer voltar era usando meu amor por Alice. " Pai, você me ensinou bem. Agora, vou usar essas lições contra você e contra eles" Olhei de volta para os Urubus. A Executora de gelo sumiu. No lugar dela, tinha algo mais perigoso: a Rainha. “ VOCÊS QUEREM VER MINHA FRAQUEZA? EU DOU A VOCÊS A EXECUTORA” eu disse, e a sala ficou em silêncio com a força da minha voz. “Mas eu serei a Executora de Mim Mesma. Se um de vocês tentar encostar nas terras do meu pai, eu vou caçar e dar de comida para os porcos. O trono é meu. E o primeiro a me desafiar será o primeiro a morrer. Eu juro pelo sangue que vou derramar.” Gianni riu, mas era uma risada nervosa. “Muito bom. Mas onde está quem te apoia? Seus homens sumiram. Você não tem exército.” “Meu exército sou eu, primo. E meu objetivo não é a paz, é acabar de vez com quem ficar no meu caminho. Não preciso de lealdade; preciso de gente que obedeça” Apesar da minha demonstração de força, por dentro eu estava tremendo. Precisava de informação Precisava da Alice. E, de repente, ele estava lá. Alessandro Corleone. Meu primo mais velho, que tinha sido expulso pelo meu pai dez anos atrás por tentar dar um golpe pelo poder. Ele estava no canto, na sombra, usando um terno que parecia ter visto mais violência do que a maioria dos soldados. Alessandro era frio, esperto e meu maior inimigo interno. Mas ele odiava os Urubus mais do que me odiava. Eu tinha que aproveitar essa fraqueza. Ele saiu da sombra e veio até mim, ignorando os outros. Tinha cheiro de fumaça e traição, mas seus olhos cinzentos estavam fixos na minha decisão. “Ela tem coragem, Senhores. Nosso Capo sabia o que estava fazendo ao deixá-la aqui” Alessandro disse, com a voz arrastada, mas forte. Ele se virou para mim, sua expressão mudando para uma frieza calculista. “Você precisa de um exército para dar um jeito nessa bagunça, Íris. E eu preciso do meu lugar de volta. Não gostamos um do outro. Mas eles são o problema em comum” Ele estendeu a mão. “Aceite minha ajuda. Você precisa de mim para aguentar a primeira semana. E eu vou te ajudar a encontrar o lugar secreto onde seu pai costumava esconder o que ele tinha de mais valioso” ele sussurrou, a palavra ‘valioso’ claramente se referindo a Alice. Olhei para Alessandro. Meu inimigo, Meu maior rival. Mas ele tinha a solução. Olhei para os Urubus, que observavam a cena com crescente preocupação. Apertei a mão de Alessandro. Um acordo sujo com o d***o. A Executora estava fazendo seu primeiro negócio arriscado como Rainha. “Temos um acordo, primo. Mas não me chame de ‘rebelde’. Me chame de Rainha,” eu respondi, o aperto tão forte que ele quase gemeu. Minha nova guerra tinha começado, mas desta vez, não era pela Máfia; era pela minha filha. Alice estava em algum lugar, e Sebastian estava em perigo. Eu tinha um plano: me juntar a Alessandro para acabar com os Urubus e, depois, acabar com ele. A Máfia achava que tinha trazido de volta uma Executora. Mas trouxeram de volta uma mãe. E uma mãe sem sua filha é o pior pesadelo da Máfia. Agora eu tinha meu primeiro aliado no inferno: um traidor expulso. Que Deus ajude a todos.
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