Saindo de casa. ( Joshua)

1368 Palavras
TREZE ANOS ANTES.... " Se depender de mim, seus dias serão apenas de sorrisos, tudo em você me fascina. A minha vida é incompleta sem você. " Por: Joshua. _ Que merda você está me falando seu moleque!- meu pai, gritou jogando o copo de vodca longe. _ É isso mesmo que o senhor ouviu! Não vou me casar com Tábata, porque amo outra! - Vociferei e levei um soco no rosto. Cai no chão com a força do impacto, sinto a minha face doer tanto, mas tanto que acredito na possibilidade de ter fraturado algum osso. O gosto de sangue, se apodera do meu paladar. _ Por Deus! Você não pode bater no seu filho! Ele é um homem !- minha mãe grita ao se ajoelhar do meu lado e me ajuda a erguer-me do chão. Meu pai está transtornado, pela razão de eu declinar na frente de todos em receber Tábata, como minha noiva. Não percebi que estava sendo enredado, caindo numa teia pegajosa que meu próprio pai em conluio com o progenitor da garota, estavam armando para mim. Foi demais, não aguentei e explodi na frente de todos. Recordo de cada detalhe e cada palavra que proferi. _ Eu não vou casar com ela. Amo outra mulher. Vocês não podem decidir a minha vida por mim, eu não concordei com nada disso!- bradei ao erguerme. Olhei com raiva para o homem que parece querer tomar a minha vida para si. Eu quero viver minhas próprias experiências, fazer minhas próprias escolhas e poder ter o domínio total de mim mesmo. O que, no caso, não vem acontecendo, porque meu pai tem me feito de seu boneco, onde ele é o ventríloquo e decide tudo, sem me perguntar nada. _ Sente-se Joshua e não fale asneiras.- disse irritado e com a veia em sua testa pulsando horrores. _ Não vou sentar, coisa nenhuma! Acabou a palhaçada, acabou os seus mandos e desmandos. - Olhei para todos os presentes e com grande satisfação, eu pronunciei de peito aberto - Sou um homem de vinte e dois anos. Não é do conhecimento de todos, mas vai ser, eu namoro há um ano e pretendo me casar com a minha namorada. Ouvi os burburinhos, Tábata se levantou da mesa e saiu correndo aos prantos. Pobre garota, eu não podia fazer nada por ela. Vi quando Márcia, mãe da menina, foi atrás da filha, com o rosto vermelho de raiva. _ O jantar acabou, acho que é melhor todos irem para suas casas. - O senhor Gonçalves, outro manipulado do c*****o, proferiu e eu, prontamente, saí da casa do i****a. Entrei no meu carro, rodei pelas ruas de São Paulo, sem vontade nenhuma de retornar para casa. Procrastinei ao máximo, sabendo que assim que eu colocasse os pés na mansão dos Barretos, o teto e talvez toda São Paulo desmoronariam sobre mim. E isso está acontecendo nesse instante. _ Seu filho é um infeliz que não sabe reconhecer as coisas boas que faço por ele! Rejeitar Tábata, uma moça do nosso nível? Isso é imperdoável, Paulina! - Ele vocifera, colérico, com o dedo em riste apontado para mim, e eu caído ali no chão, cuspindo o sangue que meu pai arrancou de mim. _ Coisas boas para você, não é verdade? Uma sociedade de prestígios para alavancar ainda mais o seu nome. Sua fortuna e fama, não é suficiente? Tem que me vender como parte de um acordo sordido!- grito me erguendo. João Carlos se enfurece e tenta partir com agressões para cima de mim. _ Se me tocar, outra vez, esqueço que é meu pai e lhe parto a cara de porrada!- berro nervoso, fechando meus punhos com toda força. O senhor Barreto me olha em linha fina. _ Quem é rameira que está fazendo a sua cabeça? Anda fala, p***a! Não se acha homem suficiente para me afrontar, então seja homem suficiente para lidar com tudo, inclusive com os ônus! - inquiri e o odio lhe falta às vistas. _ Parem com isso os dois! Não vamos resolver nada com brigas e discussões. Sejamos sensatos, vamos nos acalmar e conversar como seres civilizados que somos.- dona Paulina pede, mais pálida do que a cor do vestido tubinho que usa. _ Não tem conversa! Ou ele faz o que eu quero ou fim de qualquer assunto!- João Carlos, sentencia. Gargalho sem humor do homem que tinha por obrigação me apoiar e ser um pai de verdade, e não apenas interpretar a figura quando lhe é necessário, por exemplo, em jantares com os sócios estrangeiros, na frente da nata política que ele tanto ama e nas fotografias para estampar capas de revistas ou alguma coluna social. _ Eu não fico mais nesse lugar, estou indo embora!- profiro, enojado de tudo. _ Se colocar um pé para fora dessa casa, eu não te aceito de volta, aqui não tem a história do filho pródigo. Está me ouvindo Joshua! Se insitir nessa idéia burra de abandonar o seu lar, te deserdo, vai ter que se virar para comer, para viver! Escuto sua voz, conforme subo a escada. Não irei vender minha liberdade por dinheiro algum, se eu tiver de batalhar para comprar um pão, hei de fazer. O que não posso, é levar uma vida numa prisão dourada onde meu carcereiro é meu próprio pai. Pego uma bolsa e coloco algumas peças de roupas, procuro por minha pasta de documentos e enfio no meio da bagunça que está dentro da pequena mala. Estou fechando o zíper, quando minha mãe entra chorosa dentro do quarto. _ Filho, por favor, não faz isso. Vocês dois estão de cabeça quente e não se resolve nada assim. Pensa direito, meu bem, a vida lá fora é dureza e você não vai aguentar. Olho para a mulher que acaba de me dizer que sou um fraco nas entrelinhas. _ É isso que pensa de mim? Não acredita que posso vencer por meus próprios meios?- murmuro, me controlando para não ser grosseiro com a mulher que deu à luz. _ Meu filho, seu pai e eu só queremos o seu bem. Apenas isso!- rio das suas palavras. Agora olhando para dona Paulina, entendo tudo sua calma fora do comum. O fato de não se manifestar diante da discussão, eis à razão para isso, ela também está envolvida. _ Eu deveria ter imaginado! - profiro olhando-a de soslaio. Pego a mala e rumo para fora do quarto. Estou destroçado por dentro, percebo que para meus pais, eu era, porque apartir de hoje não sou mais, uma mera peça nas mãos dos senhores Barreto. Entro dentro do meu carro e sigo para onde meu coração está, Morro Agudo. Me casarei com Olívia e juntos construiremos nossa vida e nossa família. A definição de lar é muitas, mas acredito mesmo que lar de verdade é onde nós ficamos em paz, onde estamos completos e longe da garota, eu não me sinto inteiro. Espero que ela, aceite a minha mão e segure-a firme nessa longa caminhada que será o nosso futuro. Enxugo algumas lágrimas conforme acelero, morre o Joshua manobrado pelos pais e nasce o Joshua que vai enfrentar a vida com a cara e a coragem. Passo a mão pelo meu cabelo, sentindo pela primeira vez o gosto da liberdade. Faço inúmeros planos para o futuro, principalmente onde irei morar com minha futura esposa. Rio ao perceber que estou sentado numa pilha de dinheiro que anda sobre rodas. É isso, irei vender o carro importado modelo exclusivo e comprar um pedaço de terra para nós dois. Jamais pensei que iria ter de enfrentar meus pais para poder viver com a pessoa que eu gosto. Para ter o total dominio sobre minhas escolhas. Acelero pelas estradas, sabendo que enfrentarei uma jornada de quatro horas de viagem. _ Me espera Olívia, estou chegando para você, minha garota! - falo alto, sendo levado pela saudade que inflama meu peito. Quero ser feliz de verdade e não fingir ser, como em meus dias que vinham sendo construídos em cima de falsas alegrias. Estou saindo do inferno e indo de encontro ao paraíso, sem pespectivas de viver uma ilusão e sim somente a verdade real e crua.
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