Capítulo 1

1876 Palavras
Otávio Santore   Sempre gostei muito de t*****r, não sou santo, mas também não me considero um cafajeste, além do mais sou solteiro, e as pessoas com que já sai queriam o mesmo que eu, mas isso não quer dizer que transei com uma mesma pessoa duas vezes em seguida, isso nunca, pra falar a verdade acho que nunca transei em cima de uma cama, desde meus 19 anos quando vim pra cá para os EUA, minha primeira vez foi uma rapidinha num banheiro da boate, e sempre meus encontros pra t*****r são assim, sexo gostoso em lugar escondido numa boate, depois disso é ir pra casa e nem lembrar o rosto da pessoa, rápido e sem complicações. Estou aqui, rodeado com as únicas pessoas que amo nesse mundo, meus pais, meus dois irmãos mais velhos e seus maridos junto com meus sobrinhos, e ainda tem João, meu pequeno irmão, perdi meu posto de irmão mais novo, mas quem se importa? Amo esse moleque do mesmo jeito que amo meus outros irmãos, ele é família agora. Ver minha família assim, feliz e alegre, me faz almejar por isso também. Só lamento ter perdido tanto estando longe. Já faz uma semana que cheguei no Brasil, a a******a da minha joalheria foi um sucesso, veio várias pessoas importantes de todos os lugares. Mas depois daquele esbarrão com aquele moleque no aeroporto eu não consigo pensar mais em nada que não seja ele, nos olhos castanhos claros. Não tenho mais vontade de sair, só queria ver ele de novo. Mas acho que isso é vai ser impossível. Depois daquele dia, foi como se um buraco tivesse se aberto em meu peito, a muito tempo venho tentando lidar com uma tristeza que não sei como, mas se apossou do meu corpo e mente, e vinha descontando isso no sexo, mas os sentimentos que tomaram conta de mim ao ver os olhos daquele menino, me fez enxergar como eu estou doente, preciso de ajuda, e como tudo que vinha fazendo até meses atrás para esquecer só estava me fazendo mais m*l ainda, não sei por onde começar, então apenas deixei o sexo de lado e me enfiei cada vez mais no trabalho, dizendo que ficaria feliz e esqueceria essa besteira, mas não está adiantando, e cada vez mais com o passar dos dias venho tendo pensamentos horríveis, não quero isso, mas a dor e a tristeza estão me pegando em cheio, não quero preocupar a minha família, não quero colocar essa dor nas costas deles, todos estão felizes, eu só vou estragar tudo isso. - Você está bem irmão? Está tão calado. - Escuto a voz de Damien, e ele se senta ao meu lado. Estou um pouco afastado de todos num sofá no canto da sala, tendo a visão dos meus cunhados e sobrinhos brincando no tapete grande da sala de minha mãe. Abro um pequeno sorriso quando Iza tenta dar um passo para frente e acaba se chocando com Kael que fugia das mordidas de Pingo. - Estou bem irmão, não se preocupe. - Falo sem muita convicção, E ele solta um suspiro. - Ei, falo sério, eu ainda continuo sendo o mesmo Otávio, apenas estou me acostumando novamente com o ambiente. - Vou fingir que acredito Tavio, nos conta o que está acontecendo irmão, sabe que pode contar com a gente. Mamãe está preocupada. E queremos te ajudar. - Igor fala apertando meu ombro e se sentando do meu outro lado. - Sério gente, eu vou ficar bem, não precisam se preocupar, apenas cuidem da família de vocês, eu vou sobreviver. Não estou morrendo ou algo do tipo. - Falo com humor, no fundo, querendo chorar. Viver, uma coisa que não está sendo tão mais legal como costumava ser para mim. Gostaria de não está vivo, mas...melhor deixar minhas besteiras de lado. Porque são apenas isso, besteiras, me acostumei a ouvir isso de pessoas que eu achava serem amigas, quando eu estava no EUA, mas eu me afastei dessas pessoas, mas não a tempo o suficiente para que elas não deixassem sua marca, e agora já não vejo, mas o porquê falar das minhas dores, nunca vai ser real, " É apenas coisa do momento, você tem tudo, por que ficar triste?", boa pergunta. Por quê? Sei que com minha família seria diferente, mas não sinto mais necessidade de falar, já fui calado demais, agora não saberia como colocar para fora. E isso está me matando. - Você também é nossa família Otávio, não esqueça isso, não importa quanto vezes nossas vidas mudem, sempre seremos seus irmãos e o amaremos para sempre. - Damien fala sério, e sei que é a mais pura verdade, sei que meus irmãos nunca me abandoariam. - Eu só...- Passo a língua pelos meus lábios ressecados e os mordo em seguida. - Só preciso de tempo. Juro que depois falo com vocês. - Não demore Otávio, vamos esperar, a gente te ama irmão. - Igor fala. - Também amo vocês. - Dou um abraço em meus irmãos e vejo eles se afastarem e se sentarem, indo cada um para o lado do seu marido no sofá da sala, vejo a linda barriguinha já aparente de Alec, ele está uma graça grávido, Igor o mima muito, sempre atendendo seus mais bizarros desejos, Igor abraça seu marido de forma protetora, mantendo sua mão em cima da barriga de Alec, e seus olhos de águia em cima dos meus sobrinhos. Então me levanto e vou distrair minha cabeça brincando um pouco com meus sobrinhos adoráveis e meu pequeno irmão. Umas horas depois, estou entrando em casa, me sinto cansado e sozinho, olho por toda a minha sala, e vejo meu piano, sigo até ele e testo algumas teclas, lembrando de uma música que sempre toco e gosto muito dela, ela descreve alguns pontos da minha vida. Meus dedos se movimentam e as notas bonitas da música soam mais alto, sigo o fluxo e logo posso escutar minha voz junto com as notas, tudo em sincronia. Lembro dos dias sozinhos tanto aqui como lá nos EUA, o quanto eu ansiava está de volta em minha casa, para minha família, o quanto quero ser feliz, mas é como se eu não estivesse aqui, como se eu não pertencesse a lugar nenhum. Tantos sentimentos querendo sair, tanto medo do futuro, a vida parece tão sem graça, o que faço? Posso sentir as lágrimas descendo por meu rosto ao que as palavras saem da minha boca. *-Tento ser feliz, mas, às vezes, é difícil, às vezes é difícil, eu não sinto que sou eu mesmo, E eu não posso evitar ser egoísta, às vezes a pressão trás o melhor de mim, eu...tento ser feliz, mas as vezes a difícil, mas a vida, apenas parece acontecer, ela está passando por mim, porque eu sinto que não estou lá, porque minha cabeça está em outro lugar...... Canto o resto da música, o som me fazendo chorar cada vez mais, estou uma confusão de sentimentos, uma vontade de desistir de tudo, e nem sei o porquê, apenas não quero mais viver, não quero mais sentir. Choro, enquanto meu peito dói, tudo dói, parecendo me enfiar cada vez mais para o fundo, me fazendo ver apenas a escuridão, nenhuma saída, nenhuma luz, apenas dor. - Porque as vezes é difícil. - A última parte da música sai dos meus lábios a última tecla é tocada e caio sentado no chão, encostando minhas costas no banco do piano, enfio minha cabeça entre minhas pernas e fico ali chorando, tentando achar o porquê de tanta dor, eu tenho tudo que alguém poderia querer. Sou rico, apesar de estar começando minha empresa agora, mas ela já é um sucesso, tenho pais que me amam acima de tudo, irmãos que sempre estão lá para mim, cunhados amorosos e sobrinhos lindos, então por que não sou feliz? Por que falta algo? Por que estou chorando? Quando eu devia estar rindo? Não consigo entender. Levanto-me, e sigo até o sofá da sala, pego meu celular e busco pelo nome dos meus irmãos, vou no grupo e escrevo uma mensagem. Eu preciso de ajuda, não sei o que está acontecendo comigo, mas não sinto mais a felicidade que eu sentia em fazer as coisas que faço, não tenho animo para mais nada, eu só queria, que isso acabasse, a dor acabasse, apenas isso. Leio e releio a mensagem, querendo dizer muito mais, só que não consigo pôr em palavras, apenas apago tudo e largo o celular. Subo para meu quarto, tiro minha roupa e vou até minha cama, deito-me ali, e fico bons minutos olhando para o teto. Escuto meu celular tocar bem lá longe, suspiro, deixando que a música pare, não estou com cabeça para nada agora seja lá quem esteja me ligando. Não quero ter que falar com ninguém, fingir um sorriso agora é tudo o que não preciso, vou deixar me afundar um pouco mais hoje, amanhã eu volto ser o Otávio feliz e sem problemas, o Otávio apaixonado pela vida como eu costumava ser. Rolo na cama, agarrando meu travesseiro, sentindo meus olhos cansados, mas sem nem um pouquinho de sono, ligo meu som bem baixinho que está na cômoda ao lado da minha cama, e o piano soa, o único jeito para que eu consiga dormir, por isso já deixo a caixinha aqui com as músicas no piano que mais gosto, escuto os sons das teclas, tudo calmo, e sinto minha respiração se acalmar, meu coração em seu único momento de paz. Vejo o exato momento em que Val minha melhor amiga sai de sua sala, indo até os fundos da escola, estranho sua atitude, pois marcamos de nos ver para o almoço, temos a mesma idade, estamos no último ano da escola e m*l vejo a hora de sair daqui e ir para fora do país fazer minha faculdade, quero ter a melhor joalheria do país futuramente, e prometi a Val que faria sua aliança de casamento quando ela encontrasse a pessoa certa, sigo ela mas a perco em alguns minutos, não sabendo onde ela está, olho para todos os lados, procuro em alguns andares e na cantina, mas nada, não a vejo em lugar nenhum, mas lembro de um lugar em que ela sempre vinha para ficar sozinha, horas depois de procura sigo até lá e quanto a vejo sinto meu coração perder a batida, corro até ela, e vejo um vulto preto passando ao longe, mas não tem rosto, então a sombra some e me concentro em chegar até minha amiga, mas vejo sangue, muito sangue. Chamo seu nome mais seu corpo não mexe. - VAL? - Grito, mais nada, sinto meus olhos cheios de lágrimas e tudo fica preto, não vejo mais nada, só um monte de pessoas ao nosso redor. Não cheguem perto dela, não cheguem, não cheguem, era tudo o que eu pensava. Depois muito barulho, barulho demais, minha visão falha, ficando tudo escuro, e só consigo pensar no corpo da minha amiga ali, cheio de sangue. - Não. - Acordo, tentando lembrar onde estou, e vejo que estou em meu quarto, respiro aliviado e enxugo meus olhos. Parece que meus pesadelos voltaram. ----------- * Música - Ruel - Hard Sometime
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