Cinco

1006 Palavras
O beijo é bagunçado, molhado e h******l. Esse homem me conhece desde os sete anos. Ele me criou, me treinou e me viu crescer. Ele também ordenou que eu matasse uma infinidade pessoas. É um doente. Um desequilibrado. - Você ainda não sabe como fazer do jeito que eu gosto – diz ele ofegante. – Mas vou te ensinar como, e você vai ser perfeita como em tudo que você faz. - Já chega - sibilo. Ele me olha com deboche. - Ah, então você decide quando eu devo parar? – ele ri alto e da um t**a na minha cara. Com força o suficiente para me derrubar no chão. Se eu fosse humana, talvez tivesse caído. Mas por muita sorte, eu não sou. Foda-se o plano inicial de chegar até o rei por dentro. Eu não vou ser estuprada para colocar esse plano ridículo em prática. Eu sempre tive um plano B mesmo. Ryan está beijando meu pescoço e descendo aquela mão imunda até minhas partes íntimas. Minha pele fica em brasas – literalmente. E cada parte de seu corpo que tocava minha pele, é queimada. Como se ele estivesse tocando uma panela que estava no fogo. Ele se afasta com uma mistura de medo e curiosidade e eu apenas abro um sorriso viperino para ele. - O que foi Ryanzinho? Bolhas já começaram a surgir em suas mãos, braços e lábios. - Não reconhece sua Rainha quando a vê? – ronrono. - Minha rainha? – cospe ele. Ele me olha de cima abaixo com desprezo e um pouco de orgulho do tipo “olha como a deixei vulnerável”. Imagino a cena: cabelos desgrenhados, lábios inchados e p****s a mostra. Com apenas um estalo, reassumo minha forma. A armadura vermelho e preto sobe pelas minhas pernas abraçando meu corpo, o tecido me deixa praticamente invulnerável, com apenas as mãos e a cabeça para fora, os punhos da parte de cima terminam em V, para proteger a parte de trás da mão. Botas extremamente resistentes abraçam meus pés. Todo esse traje foi projetado para mim juntamente com minha espada. Caminho até o espelho atrás da mesa de Ryan para ver meu rosto. Que saudade. Saudade dos meus olhos e cabelos vermelhos. Meus olhos, cujas pupilas assumem formato de fogo quando estou muito estressada, e mudam do azul cobalto, para o violeta, vermelho, preto, verde... Depende do elemento que estou manipulando. Meus longos cabelos estão ondulados e selvagens, exatamente como sou por dentro. Abro um sorriso branco para meu reflexo. Em seguida olho para trás. Ryan continua parado. - Nada m*l né? – pergunto a ele por cima dos ombros. A surpresa em seu olhar é tão satisfatória quanto o que estou prestes a fazer. Dou a volta na mesa. - Estou muito curiosa para saber o que você pretendia fazer Grande Mestre – continuo naquele tom provocativo. Vou até ele e imito o movimento com os dedos em seu pescoço – mas, diferente dele, tenho longas unhas que são praticamente inquebráveis, e vou descendo até o começo de sua camisa, deixando um filete de sangue. Farejo o ar. - Seu sangue cheira a podridão, exatamente igual a você – digo a ele. O seguro pelo pescoço para que me olhe nos olhos. - Infelizmente não posso mostrar misericórdia – digo com desdém. – Não sou a rainha boa aqui – dou uma risadinha afetada. Estou falando com ele como se fossemos amigos. Íntimos. Num tom que tenho certeza que o irrita profundamente. - Não pode mostrar misericórdia por quê? Eu te criei menina. Te fiz ser o que é. Sem falar que você matou muitas delas para mim – fala, ríspido. - Matei? – pergunto. Em seguida dou uma risada rouca. – Quantos anos você acha que eu tenho criatura? Você me criou? – mais uma risada. - O que você quer v***a? Se vai me m***r, faça logo. - Você não da ordens a mim. Você foi um meio para um fim – abro um sorriso viperino para ele. – E esse é o seu. Vou aproveitar para deixar um recadinho para o seu Rei. Ele tenta disfarçar o medo com uma cara desdém. Mas posso sentir o medo dele. O cheiro preenche o ar a nossa volta, um que agora, grita aos meus ouvidos. Rasgo sua blusa de uma vez. Ele se assusta com a brutalidade. - Sabe, há uns dias presenciei uma sessão de tortura. E aprendi alguns truques – uma piscadinha. Em seguida, cravo as unhas em seu peitoral e as desço até o umbigo. Corto o ar de seus pulmões para que ele não possa gritar e ele apenas arfa e solta um ruído. Não cravei as unhas profundo o suficiente para estripá-lo. Não. Ainda não quero matá-lo. - Você rasgou a pele das minhas com tanta facilidade – digo, enquanto abro um talho em seu braço. Devolvo o ar apenas o suficiente para que ele não morra sufocado e acabe com a minha diversão. Corto. Devolvo o ar. Corto. Devolvo o ar. Nos envolvo em uma bolha para evitar que sejamos interrompidos. Chuto suas pernas e escuto o osso quebrar. - Ops, esqueci que minha força não tem precedentes – debocho. - Eu vou te m***r – diz ele, e faz uma força impressionante para tal. Arregalo os olhos e digo: - Vai? – dou uma gargalhada de sua cara. Patético. Ryan está ficando roxo e seus olhos, muito vermelhos. Tem sangue para todo quanto é lado e ele logo vai morrer de hemorragia. - Acho que suas veias estão estourando. Que pena, ser humano é uma bosta – digo a ele. Deixo que ele arfe em busca de ar, mas só um pouco. Um pouquinho de esperança. Ele é burro o suficiente para confundir isso com misericórdia. - Bom, acho que está na minha hora. Me agacho ao seu lado e escrevo – com as unhas e muito lentamente – em suas costas: A Treze. Corto o ar de vez e cravo as unhas em suas costas.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR